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segunda, 25 de novembro de 2024

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Cerca de 60% das mortes por doenças cardíacas no Brasil são de mulheres

Cerca de 60% das mortes por doenças cardíacas no Brasil são de mulheres
09 março
16:22 2018

Expectativa de vida mais alta e tratamentos oncológicos podem estar relacionados à maior taxa de mortalidade

As doenças cardiovasculares são as principais causas de morte no Brasil. De acordo com o Cardiômetro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, somente em 2018, cerca de 54 mil pessoas já morreram devido à complicações cardíacas. As mulheres são as principais vítimas: 60% dos infartos no país ocorrem na população feminina, segundo informações do Ministério da Saúde.

O cardiologista, Rodrigo Cerci, coordenador do Serviço de Angiotomografia Cardíaca e diretor de Pesquisa e Inovação da Quanta Diagnóstico e Terapia, conta que a maior expectativa de vida entre o sexo feminino pode ser uma das explicações para a alta taxa de mortalidade. “As doenças cardíacas costumam afetar mais as mulheres após a menopausa e, como elas têm uma expectativa de vida maior, em determinado momento, a taxa de mortalidade acaba ultrapassando às dos homens. E por ter um infarto em idade mais avançada, pode ser mais fatal, pois, geralmente, nessa fase acabam tendo outras doenças associadas”, esclarece.

O diagnóstico precoce ainda é a melhor maneira de evitar complicações por doenças cardiovasculares, como o infarto ou um AVC. “É importante que as mulheres incluam uma consulta ao cardiologista em sua rotina de check-ups. Assim como elas fazem exames preventivos de câncer de mama e câncer de colo de útero todos os anos, também devem realizar exames para a detecção de fatores de risco e prevenção das doenças cardíacas, pois, essas doenças matam mais do que os cânceres”, explica o cardiologista. “Hoje, exames como o escore de cálcio, por exemplo, quando bem indicado, já consegue detectar a aterosclerose antes mesmo da mulher ter sintomas, o que permite um tratamento precoce e ajuda a evitar futuros problemas”, acrescenta.

O cardiologista também alerta que as mulheres devem ficar mais atentas aos sintomas de um infarto, que podem ser atípicos. “Os sintomas clássicos de um infarto são dores ou sensação fortes de pressão no peito que irradiam para o braço esquerdo ou pescoço, acompanhados de suor excessivo e palidez. Mas, nas mulheres, esses sintomas podem ocorrer de forma isolada, por isso, é fundamental procurar um serviço de emergência mesmo quando só há uma dor forte no braço esquerdo, por exemplo”, detalha Dr. Rodrigo Cerci.

Doenças cardíacas X câncer

                A maior mortalidade por doenças cardíacas também deve ser motivo de preocupação nas mulheres que desenvolvem câncer de mama. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos com dados do programa Women’s Health Initiative mostrou que, entre mulheres com mais de 70 anos com um diagnóstico de câncer de mama localizado, a maior causa de morte é de origem cardiovascular.

“Graças às campanhas contra o câncer de mama e avanços na medicina, o diagnóstico do câncer tem sido cada vez mais precoce, e aliado aos avanços no tratamento, o sucesso em curar o câncer tem sido cada vez maior. Por outro lado, muitas mulheres têm um alto risco de desenvolver doenças cardiovasculares durante tratamento do câncer de mama, especialmente, aquelas em idade pós-menopausa. Isso é um problema que devemos ficar atentos porque, em geral, muitas mulheres e médicos tendem a focar no diagnóstico e tratamento do câncer e acabam deixando de lado o risco cardiovascular”, alerta o diretor do Serviço de Cárdio-Oncologia da Quanta Diagnóstico e Terapia, o cardiologista Miguel Morita.

A insuficiência cardíaca é uma das doenças que pode ocorrer após um tratamento com quimioterapia. Ela provoca o enfraquecimento do músculo do coração, que começa a ter dificuldade em bombear sangue na quantidade suficiente para atender as necessidades de todo o organismo. “Algumas medicações usadas durante a quimioterapia ou a própria radiação da radioterapia podem enfraquecer o coração. É claro que o objetivo dessas terapias é destruir o câncer, mas, elas podem afetar células saudáveis também, como as do coração”, afirma Dr. Morita.

A doença pode ocorrer tanto durante quanto após o término da quimioterapia, especialmente, no primeiro ano. As mulheres mais suscetíveis a desenvolver a doença são aquelas que já têm algum problema cardíaco, como histórico de infarto do miocárdio e doença do músculo cardíaco ou, ainda, se tiverem dois ou mais fatores de risco, como hipertensão, diabetes, colesterol alto, tabagismo ou obesidade.

Já a radioterapia, principalmente quando realizada no tórax, pode causar um entupimento das artérias coronárias cinco ou dez anos após o tratamento ter sido finalizado. “O entupimento das artérias pode provocar isquemia miocárdica, que é a falta de irrigação do músculo cardíaco, dor no peito ou até infarto. Isso ocorre porque a radiação usada para destruir o câncer pode atingir as artérias coronárias, alterando sua estrutura”, revela Dr. Morita. Outros problemas, menos comuns, são doenças das válvulas e do pericárdio, que é um ‘tecido’ que envolve o coração.

O acompanhamento cardiológico durante a quimioterapia ou radioterapia, principalmente nos casos de câncer de mama, pode não só ajudar a tratar as doenças do coração como pode, também, influenciar na própria terapia contra o câncer. “Um antecedente de problemas cardiovasculares pode influenciar na seleção do tratamento contra o câncer, como a escolha entre fazer ou não quimioterapia ou qual quimioterápico usar, assim como, o aparecimento de sinais de cardiotoxicidade durante quimioterapia podem afetar a continuidade desse tratamento. Como resultado, a saúde do coração poderá influenciar diretamente o sucesso do tratamento contra o câncer”, explica Dr. Miguel Morita.

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