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domingo, 19 de maio de 2024

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CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS : Fim do Programa repercute na UFPel

CIÊNCIA SEM FRONTEIRAS : Fim do Programa repercute na UFPel
05 abril
10:39 2017

O término do oferecimento do Programa Ciência sem Fronteiras (CsF) para cursos de graduação, determinado recentemente pelo Governo Federal, repercute fortemente na UFPel. Gestores das áreas de ensino, tanto de graduação quanto de pós-graduação, e de internacionalização da Universidade analisam a medida e projetam os reflexos da decisão para a educação superior no país.

Desde 2012, quando aderiu ao Programa, a UFPel enviou 545 acadêmicos, de diversas áreas, para diferentes países, através do CsF. Conforme os registros da Coordenação de Relações Internacionais da Universidade (CRInter), em 2012 foram 59, no ano seguinte 266, em 2014 142 e em 2015 78.

“O fim do Programa Ciência sem Fronteiras representa uma drástica redução nas oportunidades de estudo no exterior para os alunos de graduação, e possivelmente de pós-graduação”, lamenta o coordenador de Relações Internacionais da UFPel, Max Cenci. Ele diz que reconhece que o Programa precisava de ajustes, de definição de critérios claros de seleção de bolsistas, e sobretudo, de políticas de acompanhamento do desempenho acadêmico dos bolsistas e da absorção dos conhecimentos recebidos no exterior pelas universidades brasileiras.

“No entanto, esse tipo de mobilidade acadêmica sabidamente expande fronteiras, avança o conhecimento, e consequentemente melhora a sociedade. Um estudante que passa por uma boa vivência em um centro de excelência acadêmica no exterior volta diferente, mais preparado para um cenário onde as fronteiras não devem ser obstáculo para o avanço da sociedade”, reflete.

Max diz que, assim, a extinção do Programa Ciência sem Fronteiras desacelera o processo de internacionalização das universidades brasileiras, e consequentemente, cria barreiras para o avanço acadêmico do país.

EDUCAÇÃO NÃO É GASTO

Para a pró-reitora de Graduação da UFPel, Fátima Cóssio, o cancelamento do Programa Ciência sem Fronteiras para os cursos de graduação é mais uma ação da reforma educacional protagonizada pelo Governo Federal baseada no cálculo de despesas. “A educação passou a ser entendida como gasto que, não raro, deve ser transferido para a iniciativa privada.  Esta foi a justificativa para cancelar o programa, ao lado do argumento do baixo retorno em termos de qualificação do ensino, sem, no entanto, explicitar quais critérios e dados foram utilizados para chegar a tal conclusão”, ressalta.

A pró-reitora afirma que este é um momento especialmente difícil para a educação brasileira. “Quase que diariamente somos atingidos por noticias desta natureza, combinadas com a rapidez com que os projetos de privatização e precarização da educação pública são aprovados no Congresso. Parece haver um projeto para a educação superior que incentiva algumas instituições de excelência e as demais são destinadas à profissionalização. Resta a nós denunciar e resistir”, conclama a professora Fátima Cóssio.

PÓS-GRADUAÇÃO

O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, Flávio Demarco, lembra que, ao mesmo tempo em que é anunciado o encerramento do Ciência sem Fronteiras na graduação, na pós-graduação, é lançado um novo programa pela Capes, chamado Mais Ciência, Mais Conhecimento, Mais Desenvolvimento.

Ele diz que, dentro desta perspectiva, a política de internacionalização vai ser formulada dentro da própria instituição, que vai determinar onde deveriam estar alocadas as ações de internacionalização (bolsas de doutorado sanduíche, doutorado pleno, pós-doutoramento, missões acadêmicas, entre outras).

“Ao mesmo tempo em que fornece autonomia para a Instituição produzir sua própria política, gera questionamentos sobre o volume de verbas para a efetivação desta política, pois os recursos inicialmente sinalizados parecem insuficientes. Isto cria a ideia de que aquelas universidades já com políticas de internacionalização institucionalizadas poderiam ter mais vantagens na captação de recursos do que as instituições em fase de consolidação”, sublinha.

Demarco recorda que esta política foi lançada em março e o edital para concorrência das instituições deverá ser publicado ao longo de 2017, para a efetivação em 2018.

 

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