Clínica de nefrologia de Pelotas reduz tempo de espera de pacientes
Com a ajuda do Sebrae RS, a Clínica Artificial do Rim conseguiu dar fluxo contínuo aos pacientes de tratamentos de hemodiálise
Como uma clínica de nefrologia pode reduzir o tempo de espera dos pacientes, melhorar a qualidade de atendimento e, ainda, diminuir a carga horária dos funcionários? A Clínica Artificial do Rim, de Pelotas, participou do projeto Conexão Healthcare Sul do Sebrae RS e, com a ajuda do método Lean Healthcare, conseguiu atingir esses resultados em menos de um ano. Em novembro, o representante da clínica e o consultor do Sebrae RS irão aos Estados Unidos apresentar os resultados na Kidney Week 2019, congresso internacional de nefrologia.
Localizada no Hospital Universitário São Francisco de Paula, a Clínica Artificial do Rim atende pacientes com doença renal crônica desde 2007. Hoje, a Clínica conta com 23 máquinas para realizar o tratamento de hemodiálise, procedimento que limpa e filtra o sangue. O processo pode durar de duas a quatro horas e é adaptado às necessidades de cada paciente. Com a ajuda de um fluxograma para mapear as etapas de trabalho, desde a chegada do paciente até o final da sessão de hemodiálise, foi possível identificar alguns dos pontos fracos da rotina de trabalho da clínica.
A clínica costumava realizar os atendimentos em três grupos de 23 pacientes, um para cada turno (manhã, tarde e noite). No final de cada atendimento, a equipe de limpeza realizava a higienização em todas as máquinas para que o próximo grupo pudesse utilizar. Além disso, antes, os pacientes eram responsáveis por escrever o nome em um papel quando chegassem na clínica para que fosse estabelecida a ordem de atendimento. Em seguida, um funcionário viria recolher os papéis com os nomes e chamar os pacientes. “A clínica tinha grandes filas, muita espera e alguns equívocos porque alguns processos eram feitos por papel”, afirma o consultor do Sebrae RS Me. Eng. Rubilar Toniazzo.
A partir da metodologia do Lean Healthcare e do interfaceamento dos equipamentos, a clínica reorganizou a rotina de trabalho e conseguiu mudar a estratégia de atendimento para atingir o principal objetivo: fluxo contínuo de pacientes. Agora, além de o paciente avisar sua chegada na clínica digitalmente, a equipe de limpeza recebe uma notificação no celular sempre que uma máquina de hemodiálise completa o atendimento. A equipe higieniza a máquina e, então, a libera para que o próximo paciente possa usar. Assim, os pacientes não precisam esperar o próximo turno de atendimento.
Segundo o médico nefrologista da clínica, Dr. Franklin Barcellos, o maior impacto dessa mudança foi a redução de tempo. “Antes, muitos funcionários e máquinas ficavam parados durante um determinado período de tempo, agora, a gente tem o fluxo contínuo de pacientes e as máquinas estão sempre em uso”, relata o médico. Segundo Rubilar, todos os equipamentos implantados na clínica estavam parados no hospital, então a mudança aconteceu sem a necessidade de grandes investimentos. “São cerca de 1.600 horas adicionais de máquinas livres ao longo do ano apenas mudando procedimentos, sem adquirir novos equipamentos”, acrescenta o consultor do Sebrae RS.
Assim como a qualidade de atendimento, o ambiente de trabalho também melhorou. Era comum que os funcionários fizessem hora extra para realizar os atendimentos da noite. “Às vezes, os atendimentos passavam das 22h, então tinha que pagar hora extra para os funcionários. Agora, além de reduzir o tempo, também reduzimos este custo”, complementa o nefrologista.
Sobre o Projeto Conexão Healthcare – O Conexão Healthcare Sul foi um projeto segmentado focado em empresas de serviços de saúde com objetivo de otimizar processos específicos da área e reduzir desperdícios nas empresas. O atual projeto que dará continuidade a este trabalho é o Conexão Saúde Sul, que virá para fortalecer o setor, através de universidades, setor público e setor privado.
Uma das metodologias aplicadas no Projeto é o Lean Healthcare que, através de oficinas, mapeamentos de fluxo de valor do estado atual e futuro, e a identificação dos sete desperdícios, procura definir o objetivo que a empresa espera alcançar. Além disso, é utilizada uma ferramenta de resolução de problemas, chamada A3, que faz um descritivo das causas e propõe soluções para que as empresas consigam visualizar as lacunas a serem trabalhadas. Assim, os resultados desejados são visualizados e implementados.
“O principal foco é na implementação das metodologias do Lean Healthcare, que busca agregar valor aos pacientes e diminuir o tempo de espera. Além disso, é muito importante dar continuidade aos resultados e é isso que a Clínica Artificial do Rim tem feito”, complementa a gestora de projetos do Sebrae RS, Márcia Pedrotti Porto.