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quinta, 21 de novembro de 2024

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Coluna de Cinema – Edição 04

Coluna de Cinema – Edição 04
19 outubro
11:35 2024

A Forja – O Poder da Transformação: uma mensagem de fé

O audiovisual é um excelente veículo para divulgação e propagação de ideias. Incontáveis são os exemplos de filmes utilizados como peça de propaganda em diversos âmbitos: político, social, comercial e religioso. Nestes casos há, anterior a existência do filme, uma mensagem a ser disseminada. Portanto, ocorre uma prevalência do texto sobre a dramaturgia. Não há nuances nem zonas de sombra. Tudo é muito explícito e objetivo, onde “o que dizer” se impõe com primazia sobre o “como dizer”. Neste aspecto reside a fragilidade destas obras, pois o que deveria fortalecer seu apelo acaba por se diluir pela recorrente utilização de clichês cinematográficos. Então, o que temos como regra são filmes que “pregam para os já convertidos”, visto que não ecoam fora de seus nichos, sejam eles políticos ou religiosos.

O filme em questão aqui se situa no segundo exemplo. O longa-metragem “A Forja – O Poder da Transformação” (The Forje, 2024) é um filme de caráter eminentemente religioso, que prega a palavra cristã do início ao fim. A realização é dos irmãos Kendrick (Alex, diretor, e Stephen, roteirista, juntamente com o irmão). A dupla tem uma filmografia composta por uma série de filmes com histórias e temas religiosos, dentre eles “Quarto de Guerra”, “Mais Que Vencedores” e “Prova de Fogo”.

A narrativa de “A Forja” está centrada em Isaiah Wright (um nome bíblico), um jovem de 19 anos viciado em basquete e videogames. Um ano após concluir o ensino médio, sem nenhuma ocupação profissional ou perspectiva de cursar uma faculdade, Isaiah é típico jovem da geração nem-nem (nem estuda, nem trabalha). Incomodada pela situação, a mãe, uma mulher muito religiosa, o desafia a procurar um emprego para auxiliar com as despesas da casa. Isto significaria que ele teria que abrir mão dos jogos eletrônicos e dos jogos de basquete com os amigos na quadra pública da região. Um tanto a contragosto ele consegue um emprego, onde seu líder e dono da empresa, Joshua Moore (outro nome bíblico) atua também em um grupo religioso chamado “A Forja”, que se destina a evangelizar e doutrinar jovens sem rumo com a palavra de Deus. Então uma transformação ocorre na vida de Isaiah, que encontra seu caminho e propósito no mundo.

O filme apresenta, sem meias palavras nem metáforas elaboradas, as questões universais da fé cristã. A jornada de transformação do protagonista é a matéria prima central de “A Forja”, mostrando na prática o poder da palavra bíblica na transformação da visão de mundo das pessoas que se entregam totalmente à fé. A presença da espada, em um momento altamente emocional do filme, ao mesmo tempo em que traz uma conotação ancestral, que remete a um ícone templário, funciona também como um símbolo de forte carga masculina (fálica e guerreira). Isto se evidencia pelo fato de que apenas homens atuam na construção do caráter e valores dos jovens discípulos introduzidos no grupo A Forja – onde não há mulheres. Para Isaiah esta iniciação carrega ainda significados mais profundos, pois de certa maneira se apresenta como uma compensação pela ausência da figura paterna em sua vida.

Em termos essencialmente cinematográficos “A Forja” não acrescenta grandes qualidades. Trata-se de uma produção mediana, sem muito brilho estético dirigida de maneira burocrática, com pouca inventividade. Neste aspecto o filme se aproxima muito de produções corriqueiras exibidas na TV, em sessões tipo Super Cine ou Sessão da Tarde. O desfecho da história, que trata de uma questão limite a ser resolvida para a sobrevivência da empresa, parece um pouco forçada e deslocada no contexto geral. Serve apenas para acrescentar um pouco de ação e tensão no terceiro ato, porque o que interessa mesmo é a jornada da conversão espiritual do jovem protagonista.

O fundamental, no entanto, é que “A Forja” cumpre a contento a proposta de transmitir valores cristão através de uma mensagem inspiradora. A jornada espiritual do protagonista certamente trará resultados e percepções distintas, conforme o público em questão. Para aqueles com identificação imediata com a temática, o filme proporciona uma experiência emocional e transformadora. Para os demais, pode parecer um tanto previsível e lugar-comum.

Jorge Ghiorzi

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