Diário da Manhã

Oficina de arte com estudantes usa técnicas de recorte em papel para reforçar a importância da preservação do patrimônio

Folhas coloridas, tesoura, lápis e muita criatividade. Foi com essa matéria-prima que estudantes do sexto ano do Colégio São José tiveram a oportunidade de aprender mais sobre o patrimônio cultural de Pelotas ao mesmo tempo em que se divertiam. Parte das atividades realizadas dentro do projeto de restauração da Igreja Sagrado Coração de Jesus, a oficina de arte promovida nesta sexta-feira (12) estimulou cerca de cem alunos a criarem moldes recortados em papel – chamados de kirigami – com formatos semelhantes às pinturas murais existentes no templo.

Coordenado por Liza Bilhalva, responsável pelo trabalho de educação patrimonial da Igreja do Porto, e pela arte educadora Ana Júlia Fortuna, o exercício fez com que os estudantes identificassem nos recortes e pinturas aspectos artísticos que já haviam visto em visitas guiadas ao prédio histórico. “Acho isso bem legal, pois a gente aprende bastante e entende mais sobre um lugar que é muito antigo e importante para a cidade”, disse Laura da Silva Santos, de 11 anos.

Acostumada a ouvir histórias da igreja contadas por sua avó, Luzia dos Santos Soares, 11 anos, disse que teve a oportunidade de ver de perto o prédio histórico durante as ações de educação patrimonial. “Este ano pude conhecer com as palestras e visitas para ver a restauração. Hoje nos mostraram essas técnicas e a gente pôde entender como eles faziam aquelas pinturas, que são muito bonitas.”

Para Marta Garcia, professora de Artes do Colégio São José, o uso do kirigami estimulou a criatividade das crianças e ajudou a mostrar que o patrimônio cultural de Pelotas é também de cada uma delas. “Com essa técnica eles estão explorando suas habilidades e construindo o conhecimento, integrando arte e história através de uma experiência enriquecedora.”

Estudantes do Colégio São José tiveram a oportunidade de aprender mais sobre o patrimônio cultural de Pelotas

Conhecimento compartilhado em etapas

Conforme Liza, a produção dos recortes e pinturas foi a terceira etapa do trabalho de educação patrimonial, que ainda deve se estender. “A ideia foi fazer, através do kirigami, a representação mais próxima do que são as pinturas murais. Na próxima e última etapa, iremos expor estes trabalhos das crianças.”

Ana Júlia explica que a escolha pelo kirigami se deu também como forma de mostrar uma técnica usada desde a idade média na composição de pinturas e decorações complexas. A arte educadora afirma que, ao trabalhar com a dobradura e o recorte conectados aos murais da Igreja do Porto, isso aproxima as novas gerações de uma prática bastante antiga, mas que pode ser simples. “É algo à base de dobradura e recorte, mas que pode ser utilizado também em outras aprendizagens, como a matemática”, exemplifica.

A restauração do prédio

O trabalho de restauração da Igreja Sagrado Coração de Jesus está sendo executado neste momento a partir da reconstrução do telhado com base no método construtivo original do templo, inaugurado em 1916. Executado pela Perene Patrimônio Cultural, o trabalho devolverá uma característica histórica do patrimônio ao mesmo tempo em que recupera a capacidade de sustentação da estrutura, abalada por danos causados por um ciclone bomba em 2020.

O orçamento da intervenção é de R$ 1,5 milhão, viabilizado através do apoio do Ministério Público do Estado (MPRS), patrocínio master da CMPC e patrocínios da Polisul Cerealista, Decorreias, Pra Casa Lorenzet e Arroz Brejeiro por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura (LIC).

Redação: Vinicius Peraça/Satolep Press

Fotos: Carlos Queiroz/QZ7 Filmes