Diário da Manhã

quinta, 21 de novembro de 2024

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Cultura e clima: que conexão é essa?

Cultura e clima: que conexão é essa?
14 outubro
09:04 2024

O papel da cultura no debate climático foi o tema da roda de conversa que aconteceu no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro

Marcelo Gonzales*

@celogonzales @vidadevinil

Organizado pelo Museu do Amanhã, no feriado de 12 de outubro, fechando o evento que se chamou Esquenta COP: Emergência Climática em Pauta, tive a oportunidade de participar de um debate sobre a relação entre cultura e clima e fui surpreendido com a tamanha importância e relevância da conexão possível e necessária entre esses dois temas.

Essa roda de conversa está atrelada às discussões da Conferência das Partes (COP) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), o principal fórum internacional para discutir e negociar ações climáticas. Neste ano, a COP do Clima ocorrerá no mês de novembro, em Baku, no Azerbaijão e, em 2025, ocorrerá em Belém, no Brasil.

Nas narrativas acerca da agricultura sustentável, da transição energética e da emergência climática, no que a cultura pode contribuir? Qual a conexão desses temas?

Abrindo o evento Fabio Scarano, curador do Museu do Amanhã nos fala sobre esse encontro: “O tema cultura se faz relevante e normalmente esses temas sobre mudanças climáticas e sustentabilidade não incorporam o mesmo, mas a gente entende que para que as coisas mudem vamos precisar da cultura, vamos precisar de Arte, de Espiritualidade, de Visões Ancestrais e a forma de interpretação da realidade dominante com todos os anos de estudos da Ciência Moderna, ajuda muito, mas não basta. A gente está falando na mudança climática na ciência a pelo menos 50 anos, mas todo ano a gente quebra recordes de emissão de gás estufa… então não basta a gente sofisticar as nossas ferramentas de previsão, parece que tem uma desconexão entre prever, entender e agir e nessa desconexão a gente entende que tem um pouco a ver com não sentir…”

Além da mediação de Camila Oliveira, aconteceram três falas potentes contando com a presença de Marcele Oliveira da Perifa_Lab, Thiago Jesus do People’s Palace Project e Leila Borari Associação Mulheres Indígenas Suraras do Tapajós.

Porquê e como a cultura deve ser incluída no debate da COP e do clima como uma aliada de políticas climáticas?

Para responder a essa pergunta, o Thiago Jesus, integrante do Centro de Pesquisa de Arte e Justiça Ambiental chamado People’s Palace Project, que fica em uma Universidade Inglesa chamada Queen Mary University of London, onde reúnem ativistas, acadêmicos e artistas para pensar qual é o papel da arte e da cultura para ajudar na superação e na transformação de alguns desafios territoriais em diversos lugares do mundo, nos diz: “A gente sabe que a crise climática hoje é real e irreversível dentro do nosso tempo de vida… …e sempre recebendo o questionamento de o que a arte e a cultura tem a ver com tudo isso, pra mim sempre foi muito óbvio… pela transformação que é gigante e que precisamos fazer de estilo de vida, de modo de pensar, de respeito as comunidades tradicionais, de olhar a cultura, de olhar a natureza não como recurso, mas como um  espaço de convivência onde precisamos viver em harmonia e balanço, um espaço de memórias e um espaço de linguagens. Nesses 30 anos de COP a cultura nunca fez parte das decisões climáticas e eu faço parte de uma coalização da sociedade civil que está fazendo essa incidência, essa influência para trazer o tema a mesa de debate.”

Qual a conexão entre o tema de cultura e clima?

“Quando a gente fala de cultura a gente também está falando de mudança, a gente está falando essencialmente sobre uma fluidez que existe quando uma coisa é de um jeito e vai pra outro e isso interfere na forma como a gente se comporta, então falar de cultura e de mudança climática é falar de uma mudança comportamental essencial e essa mudança não é só no outro, ela é também na gente, ela é na forma como a gente enxerga a cultura como algo que é só entretenimento e não como ciência… e cultura é ciência!” Responde Marcele Oliveira, da Perifa_lab.

Algumas frases que eu escutei no debate me fizeram refletir quanto a pauta e a importância de nos envolvermos nesses temas de mudanças climáticas que estão cada vez mais extremas e entendo que devemos nos conscientizar que a utilização da cultura, torna a mesma uma excelente aliada nessa mobilização. A Arte é aquilo que a palavra não dá conta, a criatividade é o maior recurso renovável que a gente tem e com isso, devemos nos utilizar da cultura como uma cultura de conexão.

O capítulo oito do livro O Caminho Para um Mundo Mais Sustentável, de Nicholas Stern, de 2009 e traduzido aqui para o Brasil em 2010 nos diz que: ‘uma resposta efetiva ao desafio global de mudança climática exige a colaboração internacional em uma escala sem precedentes”, e eu digo aqui, me apropriando de nossa realidade nua e crua, que precisamos, antes de mais nada, da interação e apoio imediato da sociedade civil, com ações dos indivíduos, empresas e comunidades para mais e mais conscientização e ação. O que você está fazendo para melhorar o nosso clima?

Segue abaixo o link de acesso à integra do debate: O papel da cultura no debate climático.

https://www.youtube.com/live/QCkC2YexiVE

*Marcelo Gonzales é colunista de Arte e Cultura, Jornalista, Pesquisador de Música Popular Brasileira, produtor e apresentador do Programa Falando de Arte na Rádio Rio de Janeiro.

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