Diário da Manhã

segunda, 29 de abril de 2024

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CULTURA POPULAR: Verbas à cadeia produtiva do Carnaval

22 setembro
17:54 2014

Escolas de samba de Porto Alegre e treze municípios receberam quase R$3,5 milhões em 2014. E Pelotas?

Por Carlos Cogoy

Intérprete Alexandre Belo da Escola Imperatriz Dona Leopoldina CRÉDITO: Cogoy

Intérprete Alexandre Belo da Escola Imperatriz Dona Leopoldina
CRÉDITO:
Cogoy

Costureiras, aramistas, serralheiros, marceneiros, aderecistas, sapateiros, chapeleiros e ritmistas. Algumas das atividades essenciais às escolas de samba. Na capital gaúcha, região metropolitana e interior, as áreas estão profissionalizadas e o trabalho acontece durante todo ano. Além disso, nos barracões também são ministradas oficinas para a formação de novos profissionais. Trata-se de mudança no cotidiano das escolas de samba. Afirmação de Alexandre Belo, intérprete com 27 anos dedicados ao Carnaval. No sábado ele esteve em Pelotas participando da 3ª Feira da Cara Preta no Mercado. Conforme explica, a transformação está em curso desde o ano passado. No orçamento geral da União, mediante a mobilização de parlamentares e ligas e associações das entidades carnavalescas, foi criada a possibilidade de acesso a emendas parlamentares, bem como a programas governamentais. Para viabilizar a chegada de recursos, os projetos devem fomentar a “Cadeia produtiva da economia do Carnaval”. Neste ano, trinta projetos gaúchos estão recebendo quase R$3,5 milhões. E a previsão é que, em 2015, cheguem mais R$5 milhões. Belo, intérprete da escola de samba Imperatriz Dona Leopoldina, salienta que o parlamentar que está à frente dessas conquistas na esfera pública é o deputado federal Paulo Ferreira (PT/RS). O cenário promissor, porém, contrasta com a realidade das escolas de samba de Pelotas.

PELOTAS FORA do acesso a verbas para o fomento do Carnaval. Com recursos à míngua, tradicionais escolas de samba padecem para estruturar as apresentações. Belo avalia aspectos positivo e negativo do Carnaval pelotense: “Pelotas é singular devido à diversidade de manifestações. É cidade com grande mistura, o que a diferencia das demais do Estado. O jeito pelotense de ser, com a motivação pelo Carnaval e a cultura popular, assemelha-se muito ao espírito carioca. A cidade adere ao clima do Carnaval, algo que só vejo no Rio de Janeiro. Porém, observo o enfraquecimento das escolas de samba, o que acontece em detrimento dos blocos e bandas.  O contexto é preocupante e não sei se as escolas resistem mais cinco anos”, avalia o carnavalesco. Para revitalizar as escolas de samba, através do fomento à cadeia produtiva, o fundamental é o acesso a recursos. Pelotas, no entanto, está fora das entidades que tem sido contempladas. A explicação é simples, conforme Belo, o encaminhamento acontece através da Superliga das Escolas de Samba do RS.  Em Pelotas está organizada a Associação das Entidades Carnavalescas (ASSECAP) que, além das escolas, representa também as mais variadas agremiações. Como a Assecap não pode integrar a Superliga, escolas locais ainda não se beneficiam dos recursos.

CONSELHO DE CULTURA dia 24 de setembro às 18h30min, poderá ser espaço para debater alternativa. No casarão 8 – esquina da Praça Cel. Pedro Osório e Butuí -, acontecerá roda de conversa sobre “cultura popular”. A iniciativa do Conselho Municipal de Cultura (Concult), aberta à comunidade, contará com a participação de carnavalescos. Na roda, possibilidade de criação de associação específica às escolas de samba, ou  caminhos para que os projetos sejam contemplados com recursos da União. Em destaque, a urgência de aplicação do conceito de “cadeia produtiva” ao Carnaval pelotense.

MELHORIAS no Carnaval da capital gaúcha. Belo menciona que o Carnaval de Porto Alegre,  com o aporte da RBS,  enfrenta ambiguidade. Paralelamente à visibilidade com a transmissão na tevê, também o púbico já não se desloca até o desfile. Outra questão controversa é que houve avanço com a construção dos barracões, mas ainda não foram edificadas arquibancadas fixas. “A empresa de comunicação não retribui financeiramente o produto que consome”, critica Belo.

PISTA de eventos em Pelotas, com as condições técnicas adequadas para os desfiles. Belo salienta a necessidade e observa que, para as escolas de samba, as avenidas locais são prejudiciais à evolução. Em geral, a fiação é baixa o que dificulta o uso de carros alegóricos. Também há curvas que atrapalham a concentração das entidades. Em relação ao espaço “Cidade do Samba”, experiência deste ano nas imediações do Porto, o carnavalesco considera que o espetáculo deve estar na passarela e não em shows paralelos, portanto desnecessários.

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