DANÇA: “Destecendo Penélope Bloom” na UFPel
Sábado e domingo às 19h, performance será apresentada na sala Carmen Biasoli
Por Carlos Cogoy
Tecendo e desfazendo, a mitológica Penélope recorreu à estratégia até o reencontro com Ulisses. No começo do século 20, ela ressurge, como Molly Bloom, na obra literária “Ulisses” do irlandês James Joyce (1882/1941). Eis a base para a performance “Destecendo Penélope Bloom”, que será apresentada sábado e domingo às 19h. Na sala Carmen Biasoli – rua Almirante Tamandaré 301 -, a professora Maria Falkembach (UFPel), estará interpretando uma transcriação cênica do último capítulo do livro de Joyce. A direção é de Júlia Rodrigues, com música original de Leandro Maia. O espetáculo é recomendado para público acima de doze anos. ENTRADA FRANCA.
CONEXÃO – A conexão entre o mito, a personagem literária, e os questionamentos contemporâneos, são avaliados pela professora e intérprete Maria Falkembach: “Na tessitura que fazemos e desfazemos no espetáculo, misturam-se camadas da personagem com a própria pele, re-costurando, hoje, questões do início do século passado. Temas como a maternidade, os rituais de passagem, a solidão, o amor e o desejo se entrelaçam e vêm à tona. Dos murmúrios de uma mulher insone que passeia entre o adormecimento e a vigília brotam confissões, questionamentos, memórias e descobertas. De um píer, acenamos para o mar de Ítaca, Dublin, Porto Alegre ou Pelotas. Assim como a personagem de Joyce reafirmamos nosso ‘sim’ à vida, celebrando a arte que é corpo, presença e encontro. Nos movimentos da atriz-bailarina e no olhar da diretora-jogadora damos sequência à pesquisa de dramaturgia do corpo e convidamos o público a compartilhar desta tessitura”.
PESQUISA – Em 2005 no mestrado realizado na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Maria Falkembach pesquisou sobre a “transcriação de obra literária para o corpo”. Três anos depois, ela foi convidada por Gerardo Bejarano, diretor teatral da Costa Rica, para montagem baseada no último capítulo do livro. Sete anos depois, muitas aprendizagens e experiências vivenciadas, com a aprovação em edital do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PROCULTURA), houve a retomada do projeto. “Nessa montagem, fizemos uma desconstrução de Molly Bloom, e da minha criação corporal de 2008. A ideia de destecer une o conceito de desconstruir, com a imagem da Penélope que destece”. Após a pausa para o doutorado, Maria Falkembach diz que está reestreando a montagem. Ela conclui: “Um trabalho só começa a ficar maduro, após umas vinte apresentações”.