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Deputados defendem manutenção de espaço ocupado pela Unidade de Cuidados Paliativos da UFPEL

Deputados defendem manutenção de espaço ocupado pela Unidade de Cuidados Paliativos da UFPEL
30 agosto
13:58 2017

O impasse entre a reitoria da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e servidores e pacientes da Unidade de Cuidados Paliativos do Hospital Escola rompeu as barreiras do município e chegou ao Parlamento gaúcho

Audiência pública da Comissão de Saúde e Meio Ambiente, realizada na noite desta terça-feira (29), por proposição dos deputados Stela Farias (PT) e Pedro Ruas (PSOL), abordou o problema causado pela restrição do espaço destinado à unidade, que atende especialmente pacientes com doenças crônicas ou terminais e seus familiares.

Coordenado pela professora Julieta Carriconde, a unidade de cuidados paliativos funcionava, até julho, num pavilhão de cerca de 700 metros quadrados. No local, além do atendimento multidisciplinar, os pacientes contavam com recreação, cursos de artesanato, reiki, dança circular, pilates, teatro e música. No entanto, no dia 8 de julho, a reitoria instalou uma divisória no espaço, deixando para a unidade apenas 200 metros quadrados. O restante do prédio está sendo utilizado para abrigar o arquivo morto do hospital universitário. Com isso, muitas das atividades foram inviabilizadas. “Até julho, realizávamos uma série de práticas lúdicas em um ambiente protegido para ajudar os pacientes a esquecer um pouco a dor e acolher seus familiares. Infelizmente, não estamos mais conseguindo fazer isso”, lamentou Julieta.

A divisória implantada pela reitoria foi batizada de “muro da intolerância” por servidores, pacientes e comunidade acadêmica. E o primeiro encaminhamento da audiência pública foi justamente pleitear junto à reitoria a retirada da divisória. A medida, que deverá ser levada a cabo pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, conta com o apoio da representante do Sindicato Médico do RS (Simers) Maria Rita Assis Brasil e do chefe do Serviço da Dor e de Cuidados Paliativos do Hospital Conceição, Nilton Barros. “Simbolicamente, a decisão da reitoria é muito ruim, pois colocou um arquivo morto no lugar de vidas. Acredito que a universidade não avaliou bem a decisão que tomou. Espero que reflita melhor e transforme aquele espaço num lugar de aprendizado e Humanismo”, defendeu Maria Rita, que há dois meses fez uma visita à unidade.

Na avaliação de Barros, a restrição imposta pela reitoria “vai na contramão do que preconiza a Organização Mundial da Saúde (OMS)”.

Economia
O representante da Superintendência do Hospital Escola Mateus Santini afirmou que a medida foi motivada pela necessidade de economizar. A universidade, segundo ele, tem um gasto elevado com alugueis, e o espaço ocupado pela unidade de cuidados paliativos é maior do que muitas unidades de internação. “Não estamos restringindo atendimento. Estamos economizando em alugueis para investir mais em saúde”, frisou. Ele negou também que a existência de “qualquer tipo de conspiração para fechar serviços”.

Além de pleitear a retirada do muro, os deputados Pedro Ruas e Stela Farias querem a constituição de uma comissão, formada por parlamentares e profissionais da saúde, para regulamentar os cuidados paliativos no Rio Grande do Sul e a criação da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Centro Regional de Cuidados Paliativos de Pelotas. “Os cuidados paliativos são uma especialidade da Medicina que me chamou muito a atenção. É extraordinário o carinho com que os profissionais e voluntários trabalham com pessoas portadoras de doenças graves. O que nos toca é este cuidado, que cada um de nós um dia vai precisar, em razão das etapas naturais da vida”, justificou Ruas.

A deputada Stela Farias afirmou que o trabalho realizado em Pelotas é referência para o Brasil. “Não podemos aceitar que seja diminuído em nada. Ao contrário, um trabalho como este é para ser disseminado o máximo possível”, apontou.

Além de vereadores de municípios da Região Sul, pacientes, familiares, servidores da UFPEL e membros da comunidade acadêmica, participaram da audiência pública profissionais que atuam na área dos cuidados paliativos do Hospital de Clínicas, Santa Casa, Hospital São Francisco de Paula de Passo Fundo e do Hospital de Jaguarão.

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