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sexta, 22 de novembro de 2024

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Diário Popular encerra suas atividades em Pelotas

Diário Popular encerra suas atividades em Pelotas
11 junho
22:17 2024

Publicação impressa era a mais antiga do Rio Grande do Sul e uma das mais antigas do Brasil

O jornal Diário Popular, de Pelotas, decretou, nesta terça-feira (11), o fim de suas atividades após 133 anos de história no jornalismo brasileiro. Fundado em 27 de agosto de 1890, o veículo foi, por anos, o principal jornal diário da Região Sul. O processo de encerramento contou com a assessoria do escritório MSC Advogados.

O Diário Popular não conseguiu superar a crise mundial enfrentada pelo mercado jornalístico nos últimos anos, impulsionada pela pandemia, em 2020.Os problemas, no entanto, não foram resultado apenas da crise sanitária. De acordo com Virgínia Fetter, diretora-superintendente do veículo, questões envolvendo serviços terceirizados acabaram ruindo com as finanças da empresa, somados aos prejuízos causados pela catástrofe climática de maio.

A superintendente Virgínia Fetter

“Estamos até hoje pagando caro o preço desses problemas. Agora, com as enchentes, fizemos o impresso apenas nos últimos finais de semana, em Cachoeira do Sul. Foi uma tentativa que não deu certo. A nova logística não colaborou para a chegada do jornal no horário habitual, gerando insatisfações”, lamenta a arquiteta que, há 28 anos, se dedica ao negócio, dando sequência à administração de seu avô, Adolfo Fetter, e de seu pai, Edmar Fetter.

A empresária relata que, nos últimos anos, foi necessário, inclusive, injetar grandes quantias de recursos próprios e obter empréstimos para manter as operações e honrar os compromissos com os colaboradores. Apesar dos esforços, a situação se tornou insustentável, obrigando o fim da publicação, que estava há três gerações na família.

“Por ser um jornal prestador de serviços à comunidade, não foram raras as vezes em que ele foi confundido com órgão público. Faço questão de deixar claro que nunca contamos com ajuda financeira de nenhum órgão governamental. Sempre fomos iniciativa privada mantida por acionistas, assinantes e verbas publicitárias. Nossa dedicação exclusiva com o apoio do trabalho de nossos colaboradores foram as únicas forças propulsoras que fizeram movimentar as bobinas e rodar as máquinas”, comenta.

Governador se manifesta

Em sua conta pessoal na rede social Twitter (X), o govenador Eduardo Leite lamentou o fechamento do jornal:

“Cresci lendo o Diário Popular. Logo cedo, nas primeiras horas da manhã, aguardava com ansiedade ele ser colocado debaixo da porta da casa dos meus pais. Aliás, disputava com meu pai quem pegaria o jornal para ler primeiro. Lamento profundamente o encerramento das suas atividades, deixando um vácuo no jornalismo e na sociedade gaúcha. Foram 133 anos dedicados a relatar, com credibilidade, ética e independência, os acontecimentos que moldaram a história de Pelotas e da Zona Sul. O Diário Popular deixa um legado de liberdade de imprensa, transparência e pluralidade, valores que certamente influenciarão outras publicações. Muito obrigado, DP!”

Prefeita de Pelotas lamenta o fechamento do jornal

Também pelas redes sociais, a prefeita de Pelotas Paula Schild Mascarenhas expressou toda sua tristeza com a notícia do fechamento do DP:

“Hoje é uma data triste para Pelotas. Um dos nossos patrimônios fechou as portas. O jornal mais antigo do Estado, um dos mais antigos do país, deixará de circular depois de 133 anos. O Diário Popular faz parte da vida da gente, é nossa referência, seja para os que o criticam ou para os que o amam. Não consigo imaginar minhas manhãs sem ele, minha jornada política sem ele, com suas críticas ferrenhas e, às vezes, seus elogios. Mas mais difícil é imaginar Pelotas sem o Diário Popular. Era um jornal, mas era também uma instituição. Era um patrimônio. Era a nossa voz. Que pena. @diariopopular

Autofalência garante um término responsável

Testemunha de fatos históricos desde o final do século XIX, o Diário Popular foi um jornal muito tradicional nos municípios do Sul do RS. Cedo da manhã, estava nas portas de milhares de assinantes. Fez parte da rotina de inúmeras famílias e contou muitas histórias marcantes. Para honrar o legado da publicação, Virgínia conta com a consultoria do escritório MSC Advogados, a fim de buscar maneiras de encerrar as atividades de forma responsável e respeitosa. Um ativo que está sendo disponibilizado para a quitação dos débitos é o prédio que hoje abriga todos os setores da empresa, com valor estimado de R$ 2,9 milhões.

“Esse processo permite que a própria empresa que, atualmente, contava com 58 colaboradores diretos, encerre suas atividades de forma controlada, tendo como objetivo liquidar seus ativos e quitar suas dívidas. Isso irá beneficiar tanto a empresa, que consegue encerrar suas atividades de maneira regular, como os credores, que têm a chance de receber o que é devido. É uma atitude responsável e que encerra com dignidade uma história de mais de um século”, esclarece Guilherme Caprara, sócio do escritório MSC.

Foto do alto: Dilermando Dias

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