Diário da Manhã

sábado, 04 de maio de 2024

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Documentário “O mercado de notícias” omite questões e não decola

12 dezembro
17:42 2014
Filme mistura épocas, fatos e linguagens, para questionar princípios do jornalismo CRÉDITO: Divulgação

Filme mistura épocas, fatos e linguagens, para questionar princípios do jornalismo
CRÉDITO:
Divulgação

A grife” Jorge Furtado, diretor gaúcho com trajetória respeitável na produção cinematográfica brasileira, pouco funciona no seu filme recente “O mercado de notícias”. O documentário – exibido sábado no encerramento da programação deste ano, do Zero Quatro Cineclube do Centro de Artes (CEARTES/UFPel) -, mostrou apenas lampejos do Furtado reconhecido pela inventividade. O roteiro parte de peça do século 17, cujo título também serviu para identificar o documentário. A montagem teatral, explicitamente encenada para o filme, remete a temas que, na área do jornalismo, tem mantido aceso o debate. Assim, o diretor mescla a narrativa cênica com treze entrevistas. No grupo de profissionais, referências qualificadas como Jânio de Freitas e estranhezas como o global Geneton Moraes Neto.

CONCEITOS – O documentário propõe o questionamento acerca de conceitos. Então, estão lá as questões éticas, compromisso profissional, isenção, imparcialidade e, como vetor que desencadeia o filme, a informação e o mercado. Sua convivência, risco e necessidade. As opiniões não são brilhantes, ao contrário, recorrentes, convergindo para o previsível, ou seja, zelar pela prática jornalística diante da inescapável exigência de viabilidade financeira.

LAMPEJO de Furtado está no “diagrama” visual acerca de polêmica sobre possível agressão ao então candidato José Serra. Ele mergulha no tema e conclui que, apenas quatro segundos, impedem de afirmar que a “bolinha de papel jogada no candidato, teria partido de um próprio segurança do tucano”. A abordagem é criativa e divertida.

LACUNAS – Mercado de notícias sugere ao público, que o jornalismo deve ser isento e investigativo. Mas o filme não decola pois o fazedor da notícia, isto é, o profissional das redações, simplesmente inexiste enquanto profissional que se depara com diferentes jornadas e condições para a atividade. O filme não é de jornalista e, para o que propõe, resulta capenga. Afinal, no Estado, neste semestre, rede de comunicação demitiu mais de cem profissionais. O contexto não aparece e o filme resmunga sobre conceitos que não se transformarão sem os autores da notícia.

(C0G0Y)

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