Em Algum Lugar do Passado, o Rock Sempre Parece Presente
Marcelo Gonzales*
@celogonzales @vidadevinil
Em algum lugar do passado, que ainda parece presente, o dia 29 de setembro se inscreveu como uma data mágica no calendário do rock. Eu sempre penso nisso como se fosse uma espécie de linha do tempo, onde álbuns que nasceram em décadas diferentes continuam reverberando como se tivessem acabado de ser lançados. E é nessa máquina do tempo que eu te convido a viajar comigo hoje.
Começo, claro, com Somewhere in Time, lançado em 29 de setembro de 1986. O Iron Maiden estava no auge, trazendo guitarras gêmeas afiadas, a voz poderosa de Bruce Dickinson e a presença de Steve Harris guiando a nave. Foi o primeiro disco da banda a usar sintetizadores de guitarra, o que dividiu opiniões na época, mas abriu portas sonoras para o heavy metal. Wasted Years e Stranger in a Strange Land viraram hinos instantâneos. E pensar que esse disco já passou dos 35 anos e ainda soa fresco como uma paulada nos ouvidos é quase inacreditável.
Pulando no tempo, em 29 de setembro de 1992, o Manowar lançou The Triumph of Steel. É impossível não lembrar da faixa de abertura, Achilles, Agony and Ecstasy in Eight Parts, com mais de 28 minutos de duração, um épico metal que só o Manowar teria coragem de registrar. Joey DeMaio no baixo e Eric Adams no vocal entregaram um disco grandioso, do jeito que os fãs da banda sempre esperaram, sendo exagerado, teatral e gloriosamente pesado.
Avançando para os Rolling Stones, que em 29 de setembro de 1997 nos deram Bridges to Babylon. Um disco que trouxe Anybody Seen My Baby?, misturando o DNA clássico da banda com pitadas de modernidade dos anos 90. Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts, que infelizmente nos deixou em 2021 e Ronnie Wood provaram, mais uma vez, que envelhecer no rock não significa perder a relevância. Pelo contrário, eles mostraram que a ponte para a Babilônia ainda levava multidões.
E não dá pra deixar de citar o Alice in Chains, que em 29 de setembro de 2009 lançou Black Gives Way to Blue. Esse disco foi especial porque marcou o retorno da banda após a morte de Layne Staley, vocalista icônico. William DuVall assumiu o microfone ao lado de Jerry Cantrell, e o resultado foi um álbum sombrio, pesado, mas também emocionante. A faixa-título é uma homenagem direta a Staley, com Elton John ao piano, um detalhe que pouca gente lembra, mas que dá ainda mais força à despedida.

Quatro discos, quatro décadas, todos lançados no mesmo dia: 29 de setembro. Cada um deles representa um capítulo diferente da história do rock, mas juntos contam uma narrativa única, de que o tempo passa, os formatos mudam, mas o espírito do rock segue firme.
Eu sempre gosto de pensar que nós, roqueiros, raiz ou de herança, aqueles que viveram os vinis da época ou que herdaram os CDs e as playlists dos pais e das mães, estamos todos conectados por essas datas. Porque, em algum lugar do passado, o rock nasceu de novo, e até hoje ele soa presente em nossos ouvidos e corações.
*Marcelo Gonzales é autor do blog Que Dia é Hoje?, vive entre discos de vinil e muita mídia física, sempre atento à música, à cultura e ao jornalismo, compartilhando histórias que conectam gerações







