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domingo, 24 de novembro de 2024

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Excesso de exames e medicamentos podem diagnosticar situações que não se tornariam problemas de saúde

Excesso de exames e medicamentos podem diagnosticar situações que não se tornariam problemas de saúde
22 setembro
14:26 2017

Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) orienta sobre a necessidade de exames apenas quando há sintomas a serem investigados

Datas comemorativas ou de conscientização têm sido usadas como oportunidade para promover o bem-estar da população através de campanhas que chamam a atenção para determinados problemas de saúde. A Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC) indica que exames solicitados de forma excessiva pelos médicos e também pelos pacientes durante as consultas podem representar um risco a saúde da população.

“A realização de exames de rotina ou check-up, em uma pessoa que não tenha quaisquer sintomas de uma determinada doença, pode em algumas ocasiões levar ao diagnóstico de uma doença que jamais se tornariam um problema de saúde, e indicar tratamento que seria dispensável”, ressalta Daniel Knupp, médico de família e secretário geral da SBMFC. A essa situação se dá o nome de sobrediagnóstico. Estudos estimam que o sobrediagnóstico é muito comum, podendo chegar a até um terço dos casos de câncer de mama, a mais de 60% dos casos de câncer de próstata e a grande maioria dos casos de câncer de tireoide.

Além disso, Knupp reforça que envolve a necessidade de uma estreita vigilância por parte do próprio médico, uma espécie de controle de qualidade permanente em nome da consciência do dano que poderia fazer, mesmo involuntariamente, a seus pacientes. A prevenção quaternária, um olhar crítico sobre as atividades médicas, com ênfase sobre a necessidade de não prejudicar o paciente, é uma compreensão de que a medicina é baseada em um relacionamento, e que essa relação deve permanecer verdadeiramente terapêutica, respeitando a autonomia dos pacientes e médicos para uma prática médica sem conflitos de interesse.

Na medicina existem quatro tipos de prevenção:

                Primária – ação feita para evitar ou remover a causa de um problema de saúde em um indivíduo ou população antes dele ocorrer.

Secundária – atividade realizada para prevenir o desenvolvimento de um problema de saúde desde os estágios iniciais no indivíduo ou população, encurtando o seu curso ou duração.

Terciária – atuação para reduzir o efeito ou prevalência de um problema de saúde crônico em um indivíduo ou população através da diminuição do dano causado pelo problema de saúde crônico ou agudizado.

Quaternária – ação feita para identificar um paciente em risco de supermedicalização, para protegê-lo de uma nova invasão médica e sugerir a ele intervenções eticamente aceitáveis.

 

Quem é o médico de família e comunidade (MFC)?

A medicina de família e comunidade é uma especialidade médica, assim como a cardiologia, neurologia e ginecologia. O MFC é o especialista em cuidar das pessoas, da família e da comunidade no contexto da atenção primária à saúde. Ele acompanha as pessoas ao longo da vida, independentemente do gênero, idade ou possível doença, integrando ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde. Esse profissional atua próximo aos pacientes antes mesmo do surgimento de uma doença, realizando diagnósticos precoces e os poupando de intervenções excessivas ou desnecessárias.

É um clínico e comunicador habilidoso, pois utiliza abordagem centrada na pessoa e é capaz de resolver pelo menos 90% dos problemas de saúde, manejar sintomas inespecíficos e realizar ações preventivas. É um coordenador do cuidado, trabalha em equipe e em rede, advoga em prol da saúde dos seus pacientes e da comunidade. Atualmente há no Brasil mais de 4.000 médicos com título de especialista em medicina de família e comunidade.

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