Diário da Manhã

sexta, 03 de maio de 2024

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EXPERIMENTO ZAÚM: Ruptura com o dramático e manifesto à UFPel

27 outubro
17:39 2014

Nesta terça e amanhã (29/10), bem como dias 1º, 2 e 5 de novembro às 20h30min,  acontecerão apresentações de “Zaúm”

 Por Carlos Cogoy

Espetáculo decorre da disciplina de montagem teatral  CRÉDITO: FOTOS: Divulgação

Espetáculo decorre da disciplina de montagem teatral
CRÉDITO:
FOTOS: Divulgação

O público acomoda-se e observa estrutura ao centro do tablado.  O áudio evoca sonoridade primitiva, e imagens são projetadas numa espécie de jaula. Em destaque, a imagem de olho que tanto devolve a curiosidade dos espectadores, quanto seduz à descoberta sobre o que está além das barras de tecido. A estrutura movimenta-se, balança, oscila, e corpos expressam-se. Enjaulados, deixam escapar um braço, uma boca, rosnam, movem-se acocorados. Ator surge num canto e interpreta monólogo. Sedução é a primeira parte de Zaúm – experimento poético pós-dramático sobre o desenraizamento humano. Na abertura, elenco da disciplina de montagem teatral 1 e 2, apresenta “A mente de Molly Bloom” e “O monólogo do Afogado”. O espetáculo estreou sábado e está em temporada gratuita na Sala Carmen Biasoli do curso de Teatro da UFPel – rua Almirante Tamandaré 301.

Grupo critica a falta de apoio da gestão na UFPel

Grupo critica a falta de apoio da gestão na UFPel

CERIMÔNIA E RITO são as etapas seguintes da montagem sob a direção do professor Adriano Moraes (UFPel). Público acompanha os atores que se deslocam até o segundo ambiente. Ali transcorrem as interpretações da “mãe louca”, discursos e visões. As cenas são emolduradas por imagens de vídeo, e tanto é dito poema de Cecília Meireles quanto a lamúria da mulher que, em decorrência do “mongolismo” do filho, é abandonada pelo companheiro. Também Deus é questionado, considerando-se que o homem – Sua criação – tem necessidades como defecar. No “Contra-rito”, divulga Adriano, a ênfase no desenraizamento. Ele explica: “O sentimento de estar desenraizado é natural da condição humana. Vivemos entre sensações de pertencimento ou não de situações as mais diversas. Ora nos identificamos e somos atraídos por determinado acontecimento, ora tendemos a nos afastar. O motivo de nossos movimentos mesmo é esse sentimento de pertencer ou não a algo que regula nossa existência desde o nascimento”.

EXPERIMENTO – Após a etapa “Teatro”, com a “mãe e suas filhas”, atores reconduzem o público ao primeiro ambiente. É a chegada ao momento derradeiro, e prevalece o conceito “festa”. Adriano acrescenta: “Fizemos a obra rompendo com a lógica linear da representação por meio do encadeamento de quadros que explicitam as seis estruturas da teatralidade: sedução; cerimônia; rito; contra-rito; teatro e festa. As estruturas, assim dispostas, são o fio dramatúrgico de uma obra ao romper com o dramático, adequando-se no campo do pós-drama. Fazer e assistir ‘Experimento Zaúm’ pode significar presenciar um rito teatral acadêmico em que muitos artistas se encontram de modo colaborativo. Cada um de nós exercita-se na sua função seja a de ator ou atriz, diretor, dramaturgo, cenógrafo, figurinista, compositor, vídeo-artista”.

Apresentações acontecem na Sala Carmen Biasoli

Apresentações acontecem na Sala Carmen Biasoli

MANIFESTO – Antes dos aplausos, elenco enjaula-se, numa “metáfora” à realidade do fazer teatral na UFPel. E o professor Adriano explanou que está “difícil realizar na UFPel”. Ele salientou que a montagem decorre do “esforço humano”, numa experiência coletiva sem apoio da instituição. “A escolha do tema do experimento ocorreu coletivamente no início da disciplina de montagem teatral 1, em função de estarmos com enorme sede criativa, mas impossibilitados de criar por falta de condições adequadas de nosso espaço de trabalho – salas de aula. A nossa revolta culminou no desejo de compartilhar com mais pessoas que trabalhamos no curso de teatro, muitas vezes, desenraizados de espaços criativos. O que tem nos movimentado é a nossa paixão por essa arte e a paixão, como sabemos, nos desenraiza da razão”, divulga o grupo.

ELENCO: Fernanda Heck; Francine Furtado; Gabrielle Winck; Hirina Renner; Joanderson Floriano; Lucas Galho; Monique Carvalho; Paula Brandão; Viv Famil. Na equipe técnica: Larissa Martins (figurinos); Marcelo Silva (cenários); Ederson Pestana (iluminação); Eugênio Bassi (trilha musical); Juliano Bg (interferência visual); Rodolfo Furtado (operação de luz).

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