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domingo, 05 de maio de 2024

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Feira de economia solidária estreia no IFSul

14 março
15:19 2014

Bom humor e simpatia é o que esbanjavam as expositoras da Feira do Bem da Terra, que fez a sua estreia esta semana, no saguão do Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul) – câmpus Pelotas. Os vários estandes com produtos artesanais à venda chamaram a atenção de quem circulou pelas dependências da escola e houve quem parasse para prestigiar. Realizada na segunda terça-feira de cada mês, na Universidade Católica de Pelotas (UCPel), a feira de economia solidária aconteceu pela primeira vez no IFSul e tem a proposta, ainda em estudo, de ser realizada mensalmente na instituição.

As mercadorias expostas são produzidas artesanalmente Foto: Elise Souza

As mercadorias expostas são produzidas artesanalmente
Foto: Elise Souza

A sugestão de trazer a feira para o instituto federal partiu do Núcleo de Economia Solidária (Nesol), vinculado à Diretoria de Pesquisa e Extensão (Dirpex) do câmpus Pelotas, sob responsabilidade do servidor Alexandre Pauli Bandeira. O grupo é formado por oito pessoas, entre professores e técnicos, além de alunos bolsistas e colaboradores que trabalham de forma voluntária.

De acordo com Alexandre, a finalidade do núcleo é dar suporte a empreendimentos de economia popular, contribuindo para que construam uma logística de comercialização. “O nosso papel é dar suporte às necessidades desses empreendimentos, que fazem um contraponto à economia convencional e funcionam como cooperativas autogestionárias”, afirma.

O responsável pelo núcleo conta que o movimento da economia solidária surgiu na década de 90, quando as pessoas perderam seus postos de trabalho e foram excluídas economicamente, colocando em risco sua vida social. A partir daí, essa população precisou prestar serviços e produzir mercadorias para que pudesse se manter. Este trabalho era feito de forma associativa e solidária, gerando empreendimentos apoiados por instituições de ensino, como as universidades, que passaram a montar incubadoras tecnológicas de cooperativas populares.

“Hoje, o IFSul começa, com essa iniciativa, a também dar esse suporte e se preocupar com essa população. Com a feira, estamos mostrando para a comunidade interna o trabalho que estamos realizando fora dos muros da instituição. Estamos dando uma demonstração de que é possível nos unirmos para trabalhar solidariamente por esses empreendimentos, fazendo um vínculo da sala de aula com a necessidades dessas populações. Além disso, também estamos colocando os produtos à disposição para a comunidade do câmpus”, diz Alexandre.

Entre os produtos expostos, podem ser vistos roupas, flores, alimentos, entre outras mercadorias produzidas artesanalmente, o que sempre despertou a atenção de Regina Maria Spierign, 58 anos, quando passava pela UCPel nos dias de realização da feira.

“A feira sempre chamou minha atenção quando a via na Católica, mas foi em uma edição da Fenadoce (Feira Nacional do Doce) que encontrei o pessoal e resolvi perguntar como funcionava. Então, decidi participar e, no mês seguinte, já estava expondo com eles, em agosto de 2012”, lembra a expositora.

A professora aposentada de São Lourenço do Sul, que mora em Pelotas desde 2010, conta que realiza trabalhos manuais como bordado e crochê há 16 anos e hoje não abre mão de participar da Feira do Bem da Terra.

“Hoje, além de coordenar um grupo de trabalho em que participam algumas parentes que convidei, eu também sou uma entre as quatro coordenadoras da feira e não pretendo sair mais”, diz Regina.

A aposentada, que se orgulha de ter criado os dois filhos sozinha, sempre contou com a venda de mercadorias produzidas por ela para obter uma renda extra e hoje também faz da atividade uma distração. “Quando não estou na feira, nem participando das reuniões, fico em casa produzindo, é o que gosto de fazer”, afirma Regina.

É nesse tipo de exemplo que se espelham os integrantes do Nesol, que veem uma grande gratificação em fazer parte deste projeto e ainda têm grandes expectativas para o futuro.

“Esperamos que essa feira possa acontecer todos os dias do mês, para que realmente o projeto seja ampliado e possa dar maior sustentabilidade a cada um desses empreendimentos. Com esse tipo de iniciativa, a gente pretende mostrar o que é possível fazer. Só é preciso ter uma postura solidária, dar as mãos, cada um faz um pouco, e as coisas acontecem”, ressalta Alexandre.

Fotos/créditos: Elise Souza

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