Diário da Manhã

Olhar para Freddie Mercury é perceber a força de uma vida que não se conteve, que não se moldou e que continua a inspirar.

 Marcelo Gonzales*

@celogonzales @vidadevinil

Sempre que penso em ícones da música mundial, Freddie Mercury surge com força. Talvez seja pelo jeito que ele dominava o palco, talvez pelo timbre inconfundível da sua voz, ou talvez porque sua vida foi uma narrativa intensa, cheia de coragem, talento e ousadia. Nascido em 5 de setembro de 1946, em Zanzibar, Freddie — cujo nome verdadeiro era Farrokh Bulsara — já carregava o prenúncio de algo maior que a vida comum.

O Queen, claro, não existiria na projeção que se encontra até hoje sem ele. Mas pensar no Freddie além da banda é se deparar com um universo de possibilidades: shows épicos, composições que atravessam décadas, roupas extravagantes, posturas provocativas e uma energia que simplesmente não cabia em qualquer lugar. E, se você acompanha minha escrita, sabe que eu gosto de trazer pontos curiosos e menos conhecidos…

Você sabia que um asteroide foi nomeado em sua homenagem? O Asteroid 17473 Freddiemercury é um pequeno monumento celestial para quem revolucionou o palco e a música. Ou que mesmo após tantas décadas, canções como Bohemian Rhapsody continuam impactando novas gerações? E não é só nostalgia: a autenticidade de Freddie ainda inspira artistas ao redor do mundo a se arriscarem, a ousarem, a não se conformarem.

Mas não foi só brilho. A vida de Freddie também trouxe lições sobre vulnerabilidade, identidade e coragem. Ele foi um ícone LGBTQIAPN+ antes mesmo de se falar tanto sobre isso, vivendo sua verdade em uma época em que era muito arriscado fazê-lo publicamente. Essa combinação de talento, ousadia e humanidade é que faz dele eterno — e é exatamente esse impacto que me fascina.

Se você gosta de música, de história ou de pessoas que transformam tudo o que tocam, olhar para Freddie Mercury é mais do que rever grandes hits: é perceber a força de uma vida que não se conteve, que não se moldou e que continua a inspirar. E, se me permite um toque pessoal, é impossível ouvir We Are The Champions ou Somebody to Love sem sentir uma faísca de algo maior dentro da gente.

Influências

Freddie Mercury foi uma verdadeira fusão de influências musicais que abrangiam diversos gêneros e estilos, admirava profundamente o rei do rock Elvis Presley e incorporou sua presença de palco em sua própria performance, a ousadia e inovação de Jimi Hendrix no rock inspiraram a sua energia intensa, considerava Stevie Wonder o melhor compositor de baladas do mundo, com David Bowie rolou uma colaboração histórica em Under Pressure, mostrando respeito mútuo entre dois artistas geniais e utilizou da admiração que tinha dos cantores de ópera técnicas clássicas de canto em suas performances de rock, criando um estilo único e inconfundível.

Vida Pessoal e Relacionamentos

A vida pessoal de Freddie foi marcada por relacionamentos e experiências que influenciaram tanto sua música quanto sua identidade. Mary Austin foi um amor muito importante em toda a sua vida, permanecendo amiga próxima até o fim. Já no relacionamento com Jim Hutton, seu parceiro nos últimos anos, encontrou intimidade e apoio. Na família, era reservado, mantendo uma distinção clara entre público e privado.

Impacto Cultural

Freddie Mercury transcendeu a música. Ele desafiou normas sociais em uma época de pouca aceitação. Sua coragem em viver sua verdade inspirou muitos e abriu discussões sobre identidade e aceitação.

Além disso, foi ativo na luta contra o HIV/AIDS, e sua fundação, Mercury Phoenix Trust, continua a apoiar pesquisas e iniciativas relacionadas à doença até hoje. Ela concentra-se em financiar projetos de educação e conscientização, acreditando que o conhecimento e a prevenção são essenciais.

Parcerias Memoráveis

Dentre muitas parcerias dele com artistas incríveis temos Montserrat Caballé no álbum Barcelona em outubro de 1988, com a já conhecida marca de fusão de rock e ópera. E a parceria divulgada como uma que não se concretizou à época entre ele e Michael Jackson que tentaram gravar um disco juntos na década de 1980, resultando em três faixas gravadas, mas a colaboração não se concretizou devido a agendas incompatíveis e outros fatores, onde a canção mais conhecida foi “There Must Be More to Life Than This”. A versão final foi lançada em uma coletânea do Queen em 2014, com os vocais de Jackson adicionados após a morte de Mercury.

Última Aparição Pública

A última aparição pública de Freddie Mercury aconteceu em 18 de fevereiro de 1990, na cerimônia dos Brit Awards, em Londres, quando ele e os demais membros do Queen receberam um prêmio pela contribuição à música britânica. O show de despedida da banda com Mercury, no entanto, foi em 9 de agosto de 1986: o concerto da Magic Tour em Knebworth Park, na Inglaterra, diante de 120 mil pessoas.

*Vive entre discos de vinil e muita mídia física, sempre atento à música, à cultura e ao jornalismo, compartilhando histórias que conectam gerações.