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terça, 03 de dezembro de 2024

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Há mais gêmeos nascendo no Brasil

Há mais gêmeos nascendo no Brasil
22 junho
19:26 2023

Médicos orientam atenção especial no jeito de vestir, na escolha pela mesma turma ou não, na sala de aula e em outros aspectos sociais

O índice de nascimentos de gêmeos no Brasil tem aumentado, sendo que em 2005 nasceram 46.303 bebês provenientes de partos duplos, representando 1,61% do total de nascidos vivos, e em 2015 foram 58.837 (1,99%) (Sistema IBGE de Recuperação Automática, 2016), fato que tem contribuído para incrementar as pesquisas sobre as peculiaridades do desenvolvimento emocional dos gêmeos no país.

O cuidado indicado pela Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul é que nesse tipo de gestação, os pais procurem estar preparados desde o início considerando aspectos não só clínicos, mas comportamentais. Para o médico pediatra e psiquiatra infantil e psicanalista, Victor Mardini, o cuidado mais relevante é lembrar que independente de gêmeos univitelinos (monozigóticos – durante a gestação compartilham 100% da carga genética) ou bivitelinos (dizigóticos – compartilham parte da carga genética, como se fossem dois irmãos comuns) cada um vai ter seus aspectos diferenciados de personalidade.

“A formação da personalidade (identidade e a singularidade) de um indivíduo é um processo complexo influenciado por características biológicas, ambientais e vivências pessoais. Os gêmeos passam por dificuldades semelhantes aos demais indivíduos em relação ao desenvolvimento dos aspectos da sua personalidade. Desde bebês, ao trocar fraldas, dar de mamar, brincar, passear, ajudar no banho, colocar para dormir e mesmo nos primeiros anos de vida como auxiliar nas rotinas das fases iniciais da escola maternal exige bastante do casal. E, no caso de gêmeos, conciliar as tarefas dos dois filhos é ainda mais puxado”, afirma.

Mesmo com esta sobrecarga, salienta-se a importância dos pais identificarem as diferenças e singularidades de cada gêmeo, respeitando suas características pessoais. Mesmo antes de nascerem eles podem expressar características diferentes sendo um mais agitado que o outro por exemplo.

“É importante que os pais através de um cuidado que estimule as características individuais de cada um facilitem seu desenvolvimento emocional e o relacionamento com as demais pessoas ao longo de suas vidas. Os pais devem ajudar a identificar e nomear emoções, contribuindo igualmente para a formação de suas identidades e na diferenciação de um em relação ao outro, aprimorando seus relacionamentos. Mas tudo isso não implica que os pais não devam estimular a proximidade e a interação entre os gêmeos, estimulando o vínculo entre eles e auxiliando na diferenciação e ensinando-os sobre convívio social desde cedo”, completa o médico.

Vestir com roupas iguais

Uma prática comum é pais vestirem exatamente iguais ou então com modelos de roupas iguais, porém com cores distintas. Para o médico pediatra e psiquiatra infantil e psicanalista, Victor Mardini, pais e familiares devem evitar comparações entre eles e prestar atenção nessas diferenças, respeitando-as e estimulando-as.

“Os pais de gêmeos podem se sentir desafiados criando duas crianças que demandam atenção em dobro, entretanto alguns cuidados simples, como utilizar roupas diferentes nos filhos, nomes com sonoridades distintas (não chamá-los de “gêmeos”), oferecer brinquedos diferentes, não amamentar gêmeos ao mesmo tempo, são medidas que auxiliam os bebês a começarem a se identificar como dois e não tratar as duas crianças como se fossem uma só. Embora eles sejam pequenos e estejam aprendendo sobre o mundo fora da barriga da mãe, serão sempre diferentes um do outro. Um pode ser mais chorão, outro mais calmo, um mais extrovertido, outro mais fechado, e assim por diante”, acrescenta.

Em estudo realizado recentemente nos pais, verificou-se que os próprios gêmeos solicitaram mais cuidados quanto ao processo de individualização ao sugerir que os cuidadores deveriam “tratar os gêmeos como pessoas diferentes e procurar perceber as características individuais de cada gêmeo”, denotando assim a necessidade de cada gêmeo separar-se emocionalmente do outro e também de ser reconhecido de forma individualizada pelos seus cuidadores desde o início da vida. O estudo também evidencia que, mesmo passando pelas mesmas situações, vivenciando juntos determinadas circunstâncias, os irmãos gêmeos têm entendimentos diferentes do ocorrido, demonstrando que cada um tem sua própria percepção.

Em relação à questão escolar ainda existem controvérsias e mais estudos necessitam responder a necessidade ou não da separação dos gêmeos em turmas diferentes. Pesquisas evidenciaram que, segundo a percepção materna, gêmeos que estudavam separados desenvolviam melhor sua individualidade que os demais, uma vez que o ambiente distinto proporciona amigos e experiências diferentes. Entretanto, os relatos das mães mostraram que o bem-estar, a satisfação dos gêmeos, a satisfação materna e a qualidade do relacionamento foram maiores naqueles que estudavam juntos, demonstrando que o co-gêmeo pode ser um fator protetivo de saúde mental e que a rotina da mãe pode ser facilitada quando os filhos estudam juntos.

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