I Love Rock ’n’ Roll – A Canção que Moldou uma Geração
Representatividade feminina dentro de um gênero até então majoritariamente masculino
Marcelo Gonzales*
@celogonzales @vidadevinil
No aniversário de Joan Jett (22 de setembro de 1958), relembramos a trajetória de uma das canções mais emblemáticas da história do rock. I Love Rock ’n’ Roll não é apenas um hit, é um hino que dominou a Billboard em 1982 e moldou gerações com sua energia e atitude. Quando o riff inicial ecoa, o mundo parece caber em dois minutos e cinquenta e cinco segundos de pura afirmação. Para mim, adolescente nos anos 80, essa música não era só um sucesso, era um grito de identidade. A cada vez que ela surgia em uma jukebox de bar ou em um programa de TV, eu sentia que fazia parte de algo maior: uma juventude que não pedia licença para existir.
A história começa em 1975, com a banda britânica The Arrows. Alan Merrill, vocalista, compôs a música como uma resposta bem-humorada ao It’s Only Rock ’n’ Roll (But I Like It) dos Rolling Stones. Seu colega Jake Hooker recebeu co-crédito, embora a criação tenha sido, segundo Merrill, essencialmente sua. O single foi lançado, mas nunca alcançou grande repercussão. Era uma jóia escondida do rock setentista.
Poucos anos depois, Joan Jett, então conhecida como guitarrista das Runaways, ouviu a versão original em uma televisão britânica. Ela enxergou ali algo visceral, uma energia que pedia sua voz. Em 1981, já à frente dos Blackhearts, entrou em estúdio e gravou I Love Rock ’n’ Roll. A faixa ganhou guitarras mais pesadas, um refrão ainda mais enfático e a atitude imortal de Joan: olhar firme, jaqueta de couro, voz rouca de quem não estava ali para agradar, mas para marcar território.
O single foi lançado no início de 1982 e explodiu nas rádios. Por sete semanas, liderou a Billboard Hot 100, um feito impressionante em uma época dominada por gigantes do pop. O clipe em preto e branco, transmitido incessantemente na recém-criada MTV, transformou Joan em ícone, não só do rock, mas da representatividade feminina dentro de um gênero até então majoritariamente masculino.
Nascida em 22 de setembro de 1958, Joan Marie Larkin ganhou sua primeira guitarra aos 14 anos. Ainda adolescente, se juntou às Runaways, banda que desafiou os padrões de gênero no rock dos anos 70. Mais tarde, fundaria a própria gravadora, a Blackheart Records, tornando-se também empresária e produtora. Até hoje, Joan Jett é reverenciada como “Rainha do Rock ’n’ Roll”.
Ficha técnica da canção:
Título: I Love Rock ’n’ Roll
Autoria: Alan Merrill (com co-crédito a Jake Hooker)
Versão original: The Arrows, 1975 (RAK Records)
Versão consagrada: Joan Jett & the Blackhearts
Álbum: I Love Rock ’n Roll (lançado em 23 de novembro de 1981)
Produtores: Kenny Laguna e Ritchie Cordell
Duração: 2min55s (versão single)
Lançamento do single: janeiro de 1982
Paradas: #1 na Billboard Hot 100 por 7 semanas consecutivas
Certificação: Platina (EUA)
I Love Rock ’n’ Roll já apareceu em dezenas de filmes, séries e comerciais, consolidando-se como um hino geracional.
A música foi regravada inúmeras vezes, inclusive por Britney Spears em 2001.
O refrão simples e direto foi pensado como uma celebração coletiva: a canção nasceu para ser cantada em coro.
Alan Merrill faleceu em 2020, vítima de COVID-19, fato que reacendeu o debate sobre o crédito da canção.
Por que essa música ainda importa?
Essa música importa porque o rock, em sua essência, nunca foi apenas um estilo musical. Foi sempre sobre atitude, sobre escolher estar do lado de fora das convenções. I Love Rock ’n’ Roll não é só a declaração de amor de Joan Jett ao gênero, mas também uma carta de libertação para cada adolescente que, como eu, colocou a agulha no vinil e se sentiu invencível.
*Marcelo Gonzales vive entre discos de vinil e muita mídia física, sempre atento à música, à cultura e ao jornalismo, compartilhando histórias que conectam gerações.







