Diário da Manhã

Atividades da Escola de Artes e Ofícios do Samba são gratuitas e buscam preservar a cultura do Carnaval

O entusiasmo do pequeno Bernardo Pinto Lemos, de 7 anos, foi o retrato da oficina de percussão que teve início na noite desta quarta-feira, no Espaço Artístico da Academia do Samba, no Simões Lopes. Aliás, a criançada marcou presença na atividade da Escola de Artes e Ofícios do Samba (EAOS), que tem entre os seus objetivos principais, exatamente, a formação de público para o Carnaval e a valorização dos artistas que fazem esta grande festa popular acontecer.

“Eu sei tocar surdo”, contava Bernardo, na expectativa de poder mostrar suas habilidades. “E ele tem um som bem forte”, acrescentava. Sim, o surdo é o coração da bateria de uma escola de samba. Como instrumento de marcação, é ele um dos encarregados de conduzir a escola na passarela. E esse foi apenas um dos ensinamentos compartilhados por Mestre Mário, o profissional escolhido pela Academia do Samba para conduzir este trabalho tão importante.

Durante duas horas, Mestre Mário (foto) se dividiu entre contar o papel de cada instrumento, falar sobre a postura ideal para se manter confortável tocando enquanto desfila e colocar os participantes para tocar. “Nós temos a preocupação que este seja um espaço para aprendizado. Não é só sair tocando. É importante saber o que é e por que”, ressalta o oficineiro.

E não são poucos os detalhes. Além do pulsar do surdo, coração da escola, tem o balanço da caixa ou malacacheta, a levada do tarol, a essência do repinique, a vibração do ganzá e as bossas e tradicionais paradas do jamelão. Será um tanto a aprender a cada noite de quarta-feira, até o dia 5 de novembro.

E o melhor: ainda há vagas à disposição, sem qualquer limitação de idade ou nível de conhecimento sobre o instrumento. Basta ter vontade de aprender, como o pequeno Bernardo. “Ele tem um ouvido musical tremendo”, orgulha-se a mãe Aline, ao vê-lo seguir os passos do pai Beto, cavaquinista há mais de 30 anos.

Não esqueça!

Todas as atividades da Escola de Artes e Ofícios do Samba são gratuitas e incluirão um total de 240 participantes.

– Nas oficinas de percussão são 60 vagas:

* 45 vagas são oferecidas no Espaço Artístico da Academia do Samba, na avenida Viscondessa da Graça, 166. As atividades serão realizadas nas quartas, 22 e 29 de outubro e 5 de novembro, das 19h às 21h. Informações podem ser obtidas com Mestre Mário, pelo telefone (53) 9.8434-2949.

* 15 vagas serão direcionadas ao público atendido pelo Círculo Operário Pelotense (COP), parceiro da Academia na EAOS. São crianças, adolescentes e idosos e também pessoas com deficiência.

* As oficinas de dança são realizadas no COP e também em 3 escolas públicas, em um total de 160 vagas dirigidas à comunidade escolar: estudantes, professores e funcionários e pais ou responsáveis pelos alunos.

– No Colégio Municipal Pelotense ainda haverá atividades, no contraturno, nos dias 21 de outubro e 7 de novembro.

– Na Escola Estadual Nossa Senhora Aparecida, os encontros estão agendados para todas as terças-feiras de novembro: dias 4, 11, 18 e 25.

– Na Escola Municipal Balbino Mascarenhas, os encontros irão ocorrer nos dias 14 e 28 de novembro e 5 e 12 de dezembro.

– No COP, ainda haverá aulas de samba no pé, de mestre-sala, porta-bandeira e porta-estandarte, de comissão de frente e de passo marcado nos dias 17 e 24 de outubro, pela manhã e à tarde.

* As oficinas de alegorias e de adereços também serão ofertadas na sede do COP, na rua Rafael Pinto Bandeira, 1.359.

* Serão 20 vagas e o começo das atividades está previsto para novembro.

Saiba mais

As oficinas são viabilizadas através de emendas impositivas destinadas por vereadores, ainda da antiga legislatura, no valor de R$ 165.349,76. Os recursos envolvem um total de 12 parlamentares – entre titulares e suplentes – e 6 bancadas: Michel Promove, Rafael Amaral, Belezinha e Hugo Miori, todos do Progressistas; Jone Soares, Dila Bandeira e Marisa Schwarzer, todos do PSDB; Fernanda Miranda e Jurandir Silva, ambos do PSOL; Carla Cassais (PT), Paulo Coitinho (Cidadania) e Fuhro Souto (PV).

Para tornar as 22 oficinas realidade, mais de 20 profissionais estarão envolvidos, entre oficineiros, monitores e equipe de gestão. Além das aulas, os participantes também recebem um lanche durante as atividades. O projeto, que vinha sendo idealizado desde 2019, foi formalizado pelo Termo de Fomento 029/2025, firmado entre a Academia do Samba e a Prefeitura de Pelotas.

Fotos: Dinhomaker