Memórias, Música e Emoções que Ficam
Entre o Rock in Rio 2022, o legado do Kiss e a inspiração de Ernie Ball, entendemos que cada nota é uma memória e cada memória é uma celebração
Marcelo Gonzales*
@celogonzales @vidadevinil
Rock in Rio 2022 – Sentir cada acorde
No dia 10 de setembro de 2022, estar no Rock in Rio foi mais do que assistir a shows; foi sentir cada nota pulsar dentro da gente. Coldplay abriu a noite no Palco Mundo e eu podia ver como a energia das luzes e os acordes de Viva La Vida e Fix You se espalhavam pelo público, envolvendo todo mundo em uma espécie de abraço coletivo. Antes deles, Camila Cabello trouxe seu pop contagiante, dançando e cantando com tanta intensidade que parecia que cada pessoa ali fazia parte do show. Bastille mergulhou no indie eletrônico, equilibrando sintetizadores e batidas que nos faziam cantar junto. Djavan trouxe a suavidade da MPB, lembrando que cada ritmo tem seu espaço nesse festival de emoções.
Palco Sunset e momentos inesquecíveis
No Palco Sunset, a noite ganhou cores diferentes, mas igualmente intensas. CeeLo Green, com sua voz soul inconfundível, nos fez viajar por melodias que ficam ecoando na memória. Maria Rita trouxe emoção e sofisticação da MPB contemporânea, enquanto Gilsons com Jorge Aragão revisitaram clássicos do samba com uma leveza que só artistas experientes sabem transmitir. Bala Desejo, junto de convidados, mostraram que a nova geração também sabe nos surpreender. Estar ali, vivendo cada detalhe, é perceber que a música ao vivo é memória, e que essas lembranças carregam alegria mesmo anos depois.
Kiss – Alive! (1975): O rock que pulsa
No mesmo dia, mas em 1975, o Kiss lançava seu álbum ao vivo Alive!, e eu sempre penso em como aquela energia atravessa o tempo. Gravado em Detroit, Cleveland, Wildwood e Davenport, o álbum capturou a banda no auge, com solos eletrizantes e interação intensa com o público. Faixas como Rock and Roll All Nite e Deuce viraram hinos, mostrando que o poder de um show ao vivo pode ser eterno. É impossível ouvir Alive! e não sentir que cada acorde ainda vibra, assim como vibramos a cada show ao longo dos anos.
Ernie Ball: O homem que nos deu linhas para tocar a vida
Mas esse dia também traz suas tristezas e partidas, e foi nele, no ano de 2004 que perdemos Ernie Ball, o homem que deu a músicos do mundo inteiro linhas — literalmente — para expressar sua arte. Suas cordas tocaram Hendrix, Clapton, Vai e tantos outros, mas é como se cada uma delas carregasse um pouco da própria alma de Ernie. Ele se foi, mas suas cordas continuam a vibrar, e cada acorde tocado hoje é um lembrete de que a música é eterna. Ele nos ensinou que a vida, assim como uma guitarra afinada, depende da dedicação e do amor com que se toca.
Música, memórias e a promessa do amanhã
10 de setembro é um dia que nos lembra que a música nos conecta com o passado, nos faz sentir o presente e nos deixa ansiosos pelo futuro. Entre o Rock in Rio 2022, o legado do Kiss e a inspiração de Ernie Ball, entendemos que cada nota é uma memória e cada memória é uma celebração. Por isso amanhã estaremos de volta, e depois também, sempre com histórias, sons e lembranças para compartilhar — porque música é isso: viver, sentir e nunca deixar de se emocionar.
*Marcelo Gonzales vive entre discos de vinil e muita mídia física, sempre atento à música, à cultura e ao jornalismo, compartilhando histórias que conectam gerações.
