Muro e escola abandonada, assim é a situação do Dom João Braga
Um símbolo da burocracia e da incompetência dos gestores municipais e estaduais. Um atestado do descaso
A situação em que se encontra o muro do Colégio Estadual Dom João Braga, no centro de Pelotas, é mais uma evidência de como a administração pública é desatenta e falha. A escola fica na Rua Bento Martins, 1656, em frente a Praça Palestina.
O muro lateral do Colégio Dom João Braga, pela rua Dr. Cassiano, é um problema que se arrasta há vários anos. A comunidade escolar já apelou a tudo que foi órgão público. Já pediu ajuda à Coordenadora Região de Educação (5ªCRE), já apelou ao Governo do Estado, Prefeitura, Câmara de Vereadores. Já acionou o Ministério Público.
Nada, nenhuma dessas entidades pagas com o dinheiro público conseguiu resolver a demanda. O muro do colégio segue despencando, aos pouco, cada dia mais torto, cada dia mais arriscado.
LOCAL DE CRIMES
A área da escola, que deveria ser de ensino e educação, virou ponto de crimes. Há mais de sete anos, cerca de 20 metros de muro estão abertos servindo de reduto de pessoas que usam entorpecentes, escondem objetos de roubo e furto, estupram e cometem outros delitos. Em agosto de 2023 um cão foi estuprado dentro das dependências da escola por um homem que fugiu.
Em setembro deste ano, um cadáver de um homem foi retirado do interior da área do colégio.
Alunos, professores, servidores, todos os frequentadores da Escola Dom João Braga correm risco e convivem com situações como as descritas. E nenhuma autoridade parece comovida.
O vereador Antônio Peixoto cobrou providências com urgência junto à Coordenadoria Regional de Educação para fechar o muro do Colégio Estadual Dom João Braga. Fez o seu trabalho. Foi completamente ignorado.
Área aberta serve de local para todo tipo de delito, segundo denunciou o vereador Antônio Peixoto. Foto: Assessoria
MUITOS ENTRAVES
A reportagem do DM conversou com alguns funcionários da Escola. Eles relatam que não sabem mais o que fazer e a quem apelar. E contam que existem alguns entraves para a realização da obra.
O terreno onde está a escola foi doado no passado, pela Prefeitura ao Estado, portanto o Executivo municipal não pode intervir. Mas, segundo os servidores da escola, a prefeitura solicitou a devolução de parte do terreno, juntamente onde fica o muro capenga, para ampliar as áreas de convivência pública, na região da Av. Juscelino Kubitschek de Oliveira. O Governo do Estado ainda não se manifestou sobre essa devolução e o assunto parece engavetado em algum gabinete dos governos de Eduardo e Paula.
Há ainda, segundo os servidores da escola, uma parte do terreno invadida por uma igreja, que solicitou usucapião da área pública.
Outro entrave é a falência na educação estadual, com falta de recursos para a obra de um simples muro. “Não temos recursos para quase nada, mal dá para os materiais de consumo, o que dirá para uma obra dessas”, disse um funcionário do Colégio.
Enquanto nada se resolve, nada se decide e nada se faz, as crianças, os pais, professores e funcionários da Escola Estadual Dom João Braga, vizinhos e as pessoas que passam pelo local, todos aprendem com o mau exemplo, e correm riscos de serem as próximas vítimas.
Texto e fotos: RedaçãoDM