MÚSICA: Ná Ozzetti e Zé Miguel Wisnik na Bibliotheca
Neste sábado, dia 7 às 19h, show de lançamento do LP duplo “Ná e Zé”, que reúne a cantora Ná Ozzetti e o compositor José Miguel Wisnik
Por Carlos Cogoy
Ele conciliou a carreira acadêmica – docência na Universidade de São Paulo (USP) -, com dedicação à música. Na trajetória, regularmente publica artigos e já integrou publicações coletivas como “Os Sentidos da Paixão, o Olhar e Ética”. O paulista José Miguel Wisnik é autor de trilhas para cinema, teatro e dança. Na música, parcerias com Tom Zé, e o lançamento de discos como: “José Miguel Wisnik” (1993); “São Paulo Rio” (2002); “Pérolas aos poucos” (03); “Indivisível” (11). A paulistana Ná Ozzetti começou a estudar piano na infância, mas cursou artes plásticas. Ao fim da década de setenta, integrou o grupo “Rumo”, participando de seis discos. O primeiro disco solo é homônimo, e surgiu em 1988. Na sequência, consagrou-se através de premiações e os discos: “Ná” (1994); “Love Lee Rita” (96); “Estopim” (99); “Piano e voz” (2005); “Balangandãs” (09); “Meu Quintal” (11); “Embalar” (13). Há dois anos, ela e Zé Miguel Wisnik, lançaram “Ná e Zé”, disco que terá lançamento em Pelotas a 7 de outubro. Na Bibliotheca Pública, oportunidade para prestigiar o duo que apresenta-se regularmente no exterior e, ao invés de atrair multidões, tornou-se referência “cult” na música popular. A produção local é da Escápula Records, e o ingresso está sendo comercializado a R$100,00 – meia-entrada para estudantes, professores e pessoas acima dos sessenta anos. Antecipado pode ser adquirido no Studio CDs.
BIBLIOTHECA – Conforme divulgação: “Pela primeira vez em Pelotas, Ná Ozzetti e Zé Miguel Wisnik apresentam o álbum ‘NÁ E ZÉ’ no formato mínimo, piano e voz. Além do repertório do CD/LP ‘Ná e Zé’, outras canções de Wisnik foram escolhidas para o espetáculo na Biblioteca Pública Pelotense: ‘Se meu mundo cair’; ‘Mortal loucura’; ‘Sem receita’; e outras inéditas. Ná Ozzetti e José Miguel Wisnik se cruzaram musicalmente pela primeira vez em 1985. Esse encontro, que abriu caminho para tantos outros, é celebrado agora em ‘NÁ e ZÉ’, álbum que reúne catorze canções compostas por Zé Miguel entre 1978 e 2014, sendo oito inéditas em disco. Um repertório que, de certa forma, refaz a trajetória de ambos. O show ‘NÁ e ZÉ’ já passou por São Paulo, Jundiaí, Lisboa, Teresina, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Ouro Preto, Curitiba, Florianópolis. Chegou a vez do público pelotense conhecer ‘NÁ e ZÉ'”.
AS CANÇÕES, POR ZÉ MIGUEL WISNIK
1. “Subir mais” – letra ditada por Paulo Leminski pelo telefone, em 1989. Fiz a música pouco depois e acrescentei a frase “Até chegar aqui”, no final. Está no meu primeiro disco, de 1993. Agora em 2014, para o disco com a Ná, musiquei “Gardênias e hortênsias” (que está no Poesia toda do Leminski), para se juntar com “Subir mais”.
2. “Sim, sei bem” – inédita de 2009, sobre uma “Ode” de Fernando Pessoa / Ricardo Reis.
3. “Alegre cigarra” – parceria com Paulo Neves, de 1979. Ná cantou algumas vezes em shows dos anos 1980, mas nunca foi gravada.
4. “Miragem” – parceria com Marina Wisnik (música minha para letra dela) gravada por ela no seu primeiro disco, em 2011.
5. “Som e fúria” – Paulo Neves me mandou a letra, em 1992. Gravada no meu primeiro CD.
6. “Momento zero” – gravada por Paula Morelenbaum no primeiro CD dela, pelo selo Camerati, em 1993, e cantada pela Ná num show que fizemos no Teatro Crowne Plaza nessa época. Acrescentei a estrofe final recentemente (“instante mudo / no instante mudo / sem razão nem raiz / nada te peço / nem te confesso / somente estou aqui”).
7. “Sinal de batom” – primeira parceria com Alice Ruiz, em 1988. Cantada pela Ná em shows da época, mas nunca gravada.
8. “Noturno do mangue” – feita para a montagem de “Mistérios gozozos”, de Oswald de Andrade, pelo Teatro Oficina, em 1994. Nunca tinha sido gravada.
9. “A olhos nus” – composta em 1978, gravada no meu primeiro CD e no primeiro disco da Ná. É uma espécie de símbolo do encontro “Ná e Zé”.
10. “Orfeu” – música de 1982, letra que foi se fazendo nos anos seguintes, gravada no primeiro disco da Ná.
11. “A noite” – parceria com Paulo Neves, de 1981. Essa nunca foi sequer cantada em algum palco.
12. “Sinais de haicais” – Leminski me deu o haicai-refrão pra musicar. Completei depois com outros haicais dele, adaptados. Passou esse tempo inédita, desde o começo dos anos noventa. Zélia Duncan gravou recentemente num Cd de canções de Leminski realizado pela Estrela Leminski e Teo Ruiz.
13. “Tudo vezes dois” – feita para Ná e Suzana Salles, no duplo aniversário delas, num 12 de dezembro de 1986, no dia em que fazíamos juntos um show no Espaço Off. Acrescentei recentemente a letra da estrofe que eu canto. Nunca foi gravada.
14. “Louvar” – sobre poema de Cacaso, que ele me deu num caderninho todo escrito e desenhado a mão. Eu logo musiquei, na altura de 1984, e aí ele me contou que a letra já tinha música, feita por Claudio Nucci, com o nome de “Casa de morar”. Mas disse também que gostava que a minha versão existisse. Ná cantou “Louvar” no meu casamento com Laura Vinci, em 1985. Cacaso estava lá, nesse dia. Nunca apresentamos essa canção em público – só recentemente, comemorando os 30 anos do nosso encontro musical, que começou justamente com ela.