O adeus à mestra griô Sirley Amaro
Aos 84 anos, dona Sirley como era conhecida pelos inúmeros amigos, transmitia alegria ao narrar suas memórias que evocavam a negritude
Na quarta à noite houve o falecimento da mestra griô Sirley Amaro. O velório entre 7h30min e 10h30min de quinta, ocorreu na funerária à esquina das ruas Marechal Deodoro e Senador Mendonça. Aos 84 anos, dona Sirley como era conhecida pelos inúmeros amigos, transmitia alegria ao narrar suas memórias que evocavam a negritude. A simplicidade e candura, cativavam desde personagens populares do cotidiano, até lideranças comunitárias e pesquisadores. Mãe do Eduardo “Mister Negrinho” Amaro e do Álvaro – avó dos netos Edemir e Vitória -, era filha de João Xavier da Silva, cozinheiro e folião, e de Ambrosina Soares, que inventava pomadas e unguentos com ervas e temperos.
HONORIS CAUSA – Em março, ela seria a primeira mulher negra a receber o título de doutora Honoris Causa na UFPel. Devido à quarentena, o evento não foi realizado. Mas, o título será concedido postumamente, com a presença de familiares e amigos.
CONSCIÊNCIA NEGRA – A pelotense Sirley Amaro (12/1/1936-28/10/2020), foi homenageada a 20 de novembro do ano passado. No Dia da Consciência Negra, ela foi o tema da Marcha “Pela nossa história e ancestralidade”.
HISTÓRIA – Dona Sirley desde cedo participou ativamente da cultura que envolvia a família. Assim, tanto acompanhou os Carnavais do passado, quanto desenvolveu habilidades manuais. Ela começou a trabalhar como costureira aos treze anos. Entre as suas peças mais conhecidas, estão os “fuxicos”. Aproveitando as sobras de tecidos coloridos, criou bonecas e adereços para uso doméstico. Dona Sirley levou sua técnica de costura, para o espaço Casa de Meninas de Pelotas. Ela também trabalhou em escola. Na trajetória, integrou o grupo Odara, e o coral Talentos da Maturidade.
RECONHECIMENTO – Sua história teve reconhecimento nacional, através do programa Cultura Viva, do então Ministério da Cultura. Em 2006 surgiu o projeto Ação Griô e, no ano seguinte, ela foi reconhecida oficialmente como mestra. Em 2013, Sirley foi a ganhadora do Prêmio Culturas Populares, Edição 100 anos de Mazzaropi. O projeto nasceu em Lençóis (BA), no Ponto de Cultura Grãos de Luz e Griô, que existe desde 1993. Como mestra desenvolveu oficinas de contação de histórias na cidade e região, repassando por meio da oralidade sua vivência, memória e princípios.
SALVE ARTE – Em agosto, Dona Sirley foi a atração na abertura do festival digital Salve Arte, promovido pela Casa do Tambor.
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