Diário da Manhã

domingo, 24 de novembro de 2024

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O incomparável e imperfeito Cazuza

O incomparável e imperfeito Cazuza
04 abril
06:00 2024

Ideologia, eu quero uma pra viver!  – Cazuza

Marcelo Gonzales

@celogonzales @vidadevinil

O dia de hoje marca o nascimento daquele que, em um ambiente frequentado pela presença de grandes estrelas da música, com certeza, nem ele mesmo imaginava que sua vida iria fazer tanto sucesso, antes e depois de sua partida. Muitas vezes inconstante e mais ainda inconsequente, Agenor de Miranda Araújo Neto, o Cazuza, foi ele mesmo um transgressor das regras de boa conduta e ao mesmo tempo um excelente cantor e compositor que até hoje é lembrado e admirado.

Sua mãe Maria Lúcia, mais conhecida como Lucinha, foi a responsável pela docilidade e sensibilidade de Cazuza, menino desde sempre rebelde, agitado, sonhador e revolucionário, que, com suas canções, mostrou pra que veio.

Sexo, drogas e rock’n’roll

Com os ingredientes que acompanharam muitos roqueiros em suas trajetórias, Cazuza fez o sexo desregrado e o consumo das drogas serem presentes em sua vida e em sua carreira, não abrindo mão do cigarro, por exemplo, nem no momento final de sua curta e intensa trajetória.

Suas canções marcaram época com letras irreverentes e sua marca maior está na letra de Exagerado, pois, jogado aos nossos pés, ele foi mesmo exagerado e fazia nosso dia nascer feliz. De tanto querer, encontrou uma ideologia pra viver, sendo um puro êxtase de animação, impulsividade e excessos.

Ao contrário da reportagem que foi capa na Revista Veja, sob o título “CAZUZA Uma vítima da AIDS agoniza em praça pública”, que profetizava que suas canções não fariam sucesso, mesmo com uma vendagem ruim nos primeiros discos do Barão Vermelho, demorando um pouco para despontar e tudo mais, Cazuza em sua versão solo vendeu, continua vendendo, fez sucesso e continua fazendo muito sucesso!

“Pra que mentir Fingir que perdoou, tentar ficar amigos sem rancor. A emoção acabou que coincidência é o amor. A nossa música nunca mais tocou…” – Codinome Beija-flor

Fico imaginando Cazuza hoje, fazendo seus 66 aninhos, observando o atual cenário político, artístico e cultural, captando nos acontecimentos o substrato para suas composições. Vislumbro Cazuza incorporando no cenário artístico e influenciando junto aos artistas suas convicções, medos e anseios… Quantas letras melancólicas ou de motivação e ânimo sairiam de sua mente criativa, por exemplo, durante a Pandemia? Como seriam suas declarações de protesto diante do negacionismo de alguns?

Mas… Isso tudo fica só no pensamento, pois no dia 07 de julho de 1990 Cazuza nos deixou. Nos deixou pois estava com uma saúde precária, com uma imunidade baixíssima e mais ainda prejudicada pelos consumos ilícitos e contraventores que se tornaram um hábito quase devocional por sua parte. Cazuza se foi.

Nos restaram as canções, as melodias, as letras e a lembrança do artista rebelde e inconsequente que foi Cazuza. Mas, sem sombras de dúvida, um artista incomparável! O imperfeito Cazuza!

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