Diário da Manhã

segunda, 25 de novembro de 2024

Notícias

Oito milhões de mulheres em idade de risco de câncer moram em cidades sem mamógrafos

Oito milhões de mulheres em idade de risco de câncer moram em cidades sem mamógrafos
01 novembro
15:28 2019

O Brasil tem mamógrafos suficientes, mas distribuição e baixa produtividade ainda são entraves para diagnóstico

Com mais de 5.800 mamógrafos distribuídos por todos os estados, o País conta atualmente com aparelhos de sobra para atender a toda a população. Apesar disso, dados do Ministério da Saúde mostram que apenas 22% dos municípios brasileiros possuem pelo menos um mamógrafo em uso. Além disso, enquanto em algumas cidades a capacidade de produção de exames chega a ser 55 vezes superior à necessidade, outras não chegam a oferecer número mínimo necessário. A análise é da Exceed Americas, consultoria especializada em análise de dados de saúde e Business Intelligence, que no Outubro Rosa se dedicou a destrinchar as informações da infraestrutura de prevenção ao câncer de mama.

A demanda anual por mamografias – considerando a realização de pelo menos um exame para 20% das mulheres com 40 a 49 anos de idade e 60% com 50 anos ou mais – é de aproximadamente 14,5 milhões. De acordo com os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde, cada um dos 5.807 aparelhos em uso no País tem potencial para realizar até 6.758 exames ao ano. A partir disto, a Exceed estimou que a capacidade de produção destes equipamentos esteja próximo de 39,3 milhões, isto é, 2,7 vezes a necessidade de mamografias da população feminina da faixa etária de maior risco (NM).

Apesar deste cenário nacional, o acesso aos exames de mamografia ainda é um desafio quando se avalia a desigualdade na oferta de aparelhos e acesso aos exames em cada um dos estados. No Mato Grosso, por exemplo, o potencial de atendimento dos 107 mamógrafos em uso no estado é 3,9 vezes a necessidade do local. Já no estado de Roraima, cinco aparelhos estão disponíveis para atender a um público alvo estimado em 20,6 mil mulheres que precisariam realizar o exame ao longo de um ano. Ao aplicar o potencial de atendimento dos municípios no mapa do Brasil, é possível verificar a gravidade do problema da distribuição de mamógrafos

“Em um País continental como o nosso, é imprescindível que o Poder Público faça um mapeamento dos vazios assistenciais no que diz respeito à prevenção do câncer de mama, e desenvolva ações para atender anualmente à necessidade da população feminina de maior risco. Quando a cidade que não possui um mamógrafo é próxima a outra com equipamentos em uso, o deslocamento não seria um problema. Pelo mapa analítico que desenvolvemos, evidenciamos 4.300 municípios, onde residem cerca de 7,7 milhões de mulheres nas faixas etárias de maior risco que não têm sequer um mamógrafo à disposição.”, destaca Maria Regina Visani, consultora responsável pela pesquisa.

Segundo ela, o fato de um estado ter um indicador dentro da conformidade não indica que o acesso ao equipamento seja compatível. “Por exemplo, quando visualizamos o mapa de municípios de Mato Grosso, estado com o maior potencial de atendimento, evidenciamos o grande desafio do estado na distribuição equitativa de sua base de mamógrafos”, disse.

Câncer de mama – A mamografia é uma ferramenta importante para a detecção do câncer de mama enquanto a doença é inicial. O mamógrafo é capaz de rastrear sinais da doença que representam um tumor antes mesmo que ele possa ser identificado pelo exame de palpação ou autoexame. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer José Alencar (INCA), o câncer de mama é um dos desafios no cenário atual de envelhecimento populacional e enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis no Brasil.

No Brasil, as estimativas de incidência de câncer de mama para o ano de 2019 são de 59.700 casos novos, o que representa 29,5% dos cânceres em mulheres, excetuando-se o câncer de pele não melanoma. Em 2016, ocorreram 16.069 mortes de mulheres por câncer de mama no país. “O planejamento de estratégias de controle do câncer de mama por meio da detecção precoce é fundamental. Quanto mais cedo um tumor invasivo é detectado e o tratamento é iniciado, maior a probabilidade de cura”, destaca Maria Regina.

Notícias Relacionadas

Comentários ()

Seções