Diário da Manhã

segunda, 29 de abril de 2024

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Paradoxo entre Políticas Sociais e Direitos Humanos é tema de Aula Inaugural na UCPel

28 abril
18:03 2014
A complexa relação dos direitos humanos e das políticas públicas que vêm ocorrendo em países da América Latina foi o foco principal da Aula Inaugural do Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade Católica de Pelotas (PPGPS/UCPel) nesta sexta-feira (25). O convidado da noite foi o professor do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), José Vicente Tavares, que palestrou sobre Direitos Humanos e Políticas Sociais: confluências e desafios atuais.

A Aula Inaugural foi voltada para docentes e alunos do PPGPS, e estudantes dos cursos de Serviço Social e Direito da UCPel

A Aula Inaugural foi voltada para docentes e alunos do PPGPS, e estudantes dos cursos de Serviço Social e Direito da UCPel

De acordo com o docente, o crescimento obtido através de processos de geração de renda, distribuição de emprego, políticas habitacionais e educacionais, por exemplo, não conseguiu promover o desenvolvimento em outras dimensões dos direitos humanos, como no âmbito da vida. “Mesmo com o progresso em diversas áreas ainda vemos diariamente casos de violência policial, presos encarcerados em condições medievais, seletividade da justiça social, altíssimos índices de homicídios por ano”, comenta.

Para o palestrante, esse paradoxo é uma das grandes contradições desse tempo, e é preciso entender e saber por quê isso vem ocorrendo. “Esse panorama pode ser decepcionante pelo lado da visão política, mas fascinante para o analista social, porque traz à tona novas questões sociais”, diz. O sociólogo Zigmunt Bauman foi lembrado devido ao conceito de modernidade líquida, mas que, segundo Tavares, o conceito desta pós-modernidade estaria mais próximo de uma sociedade anulada ou granulada e não líquida.
Tavares também lembrou ao público da palestra que hoje o poder está concentrado primeiramente no narcocapitalismo (comércio de drogas ilegais é um ponto forte para a economia de um país) e em seguida no poder criminal. “Foi na década de 90 que as grandes questões sociais mundiais vieram à tona. Na América Latina esse foi um momento de democratização, quando também vieram à tona momentos de resistência”, explica.

Tavares ainda comentou sobre a década de 2000, que se configurou como um forte momento de mobilização, onde existia a vontade e o comprometimento de criar um outro mundo. “De repente essa intenção de transformar o mundo se esvaiu em pó e estamos vivendo justamente essa situação”, concluiu.

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