Patrulha Ambiental interdita pocilga
O proprietário considera-se Suinocultor, mas o que os soldados da PATRAM/Brigada Militar encontraram em uma propriedade no Monte Bonito – 9º Distrito de Pelotas – está longe disso e é chocante.
Mesmo os mais experientes soldados ambientais ficaram impressionados com o que viram na pocilga. Cerca de 2000 porcos em condições de extrema negligência e uma série de questões ambientais ignoradas.
Canibalismo, maus tratos, sujeira, carcaças jogadas à campo, lagoa de resíduos transbordando. Tudo isso a cerca de 800 metros do ponto de captação de água da ETA Sinott, que abastece parte da cidade de Pelotas.
Os animais eram vendidos para – pelo menos – dois frigoríficos da região. O local foi interditado.
DENÚNCIA LEVOU A BM AO LOCAL
A primeira vistoria ao criadouro clandestino aconteceu no dia 05 de fevereiro, após denúncia. Os policiais da Companhia Ambiental da Brigada Militar constataram que a propriedade rural não possuía licenciamento ambiental. No local também operava uma pequena fábrica de rações, sem licença e sem responsável técnico. Eram cerca de quatro funcionários, que trabalhavam em locais sem nenhuma condição de higiene e sem equipamentos de proteção individual (EPI).
Os policiais não conseguiram contato com o dono da propriedade, de iniciais S.L.G, porém sua irmã C.L.G. apresentou-se como responsável e foi conduzida até a Delegacia de Polícia Civil, onde foi ouvida e liberada.
Na manhã da última segunda-feira (15), os policiais retornaram à propriedade, com apoio da Secretaria Estadual de Agropecuária e Irrigação, de uma equipe da Secretaria de Qualidade Ambiental do município de Pelotas e também acompanhados de técnicos do Laboratório da UFPel.
Ficou constatado que nenhuma providência havia sido tomada pelos proprietários. “A situação é revoltante”, disse o Soldado Nunes, da Patram.
Os animais serão submetidos a análise sanitária para verificar se existe condições de removê-los para outro local ou se deverão ser sacrificados, já que há vários porcos doentes, com tumores visíveis e em péssimas condições sanitárias, todos misturados.
A Patram mostrou preocupação quanto às lagoas de contenção e também com o grande número de carcaças espalhadas pelo campo. As lagoas transbordaram e os dejetos podem ter atingido o lençol freático. A propriedade fica próxima, cerca de 800 metros, do ponto de captação de água da Estação de Tratamento do Sinott.
O Sanep informou que a qualidade da água tratada e oferecida à população é monitorada periodicamente e está dentro das normas técnicas de potabilidade. Até o momento, não foi constatada nenhuma alteração na qualidade da água oriunda da ETA Sinott.
PRÓXIMO PASSO
A ocorrência segue em andamento, segundo a PATRAM, e agora serão analisados todos os crimes ambientais cometidos e elaboradas análises técnicas e periciais complementares. O levantamento será remetido às autoridades policiais e ao Ministério Público, para as devidas providências.
Em outra ponta da investigação, a Secretaria da Agricultura irá requisitar as notas fiscais de compra dos abatedouros da região, para identificar os compradores desses animais criados completamente fora das normas sanitárias.