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sexta, 03 de maio de 2024

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Pesquisa descreve crescimento ideal do bebê ao longo da gestação

09 setembro
14:47 2014

Realizado com a participação do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da UFPel, estudo fornece primeira diretriz internacional para avaliar o crescimento e a saúde nutricional do feto e do recém-nascido

Em estudo mundial coordenado pela Universidade de Oxford, pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) desenvolveram as primeiras curvas de crescimento internacionais para avaliação do crescimento do bebê durante a gestação e do tamanho do recém-nascido. Divulgados na revista científica The Lancet de sexta-feira (6), os resultados descrevem padrões considerados ideais para o desenvolvimento fetal ao longo das idades gestacionais até o nascimento. Sem precedentes na história na pesquisa epidemiológica, as novas curvas fornecem um parâmetro para detectar desvios precoces do crescimento e diagnosticar situações de risco nutricional à saúde de bebês ainda no útero, independentemente de origem étnica ou geográfica.

Atualmente, mais de cem curvas de crescimento fetal são utilizadas em todo o mundo, mas cada uma reflete características próprias dos locais de origem dos dados. Disso resulta que um mesmo feto ou recém-nascido pode ser considerado saudável, com base em um parâmetro, e subnutrido, com base em outro. As novas curvas contornam esse problema, mostrando como crescem os bebês no útero materno quando as gestantes reúnem condições de saúde e nutrição adequadas para propiciar o pleno desenvolvimento fetal. Esse é o diferencial dos padrões propostos para uso internacional.

Para desenvolver as curvas prescritivas – uma para avaliação do crescimento fetal e outra para avaliação antropométrica do recém-nascido, um grupo mundial de pesquisa conduziu o Consórcio Internacional de Pesquisa do Crescimento Fetal e do Recém-nascido: Padrões para o Século XXI (Intergrowth-21st), reunindo mais de 300 pesquisadores de 27 instituições, entre eles, os epidemiologistas Fernando Barros e Cesar Victora, coautores das novas curvas e responsáveis pela condução do núcleo latino-americano do estudo, que teve Pelotas como a cidade escolhida.

Ao longo de cinco anos, o estudo envolveu aproximadamente 60 mil gestantes em oito cidades de países distintos: Brasil (Pelotas), China (Shunyi), Índia (Nagpur), Itália (Turim), Quênia (Parklands), Omã (Mascate), Grã-Bretanha (Oxford Shire) e EUA (King).

Desse total, mais de 4,6 mil mulheres saudáveis, bem nutridas e com gestações livres de problemas foram inscritas em um programa de acompanhamento clínico e ultrassonográfico. Por meio de exames realizados a cada cinco semanas desde o início da gravidez (antes das primeiras 14 semanas), foram realizadas medições periódicas de cinco indicadores de crescimento do bebê no útero – circunferência da cabeça, circunferência abdominal, comprimento do fêmur e distâncias entre pares de ossos do crânio: entre os parietais e entre o occipital e o frontal. Com os dados desse acompanhamento, os pesquisadores construíram intervalos de valores de referência para essas medidas propostos pelos padrões internacionais do crescimento fetal.

Para construir os padrões internacionais do recém-nascido, a fase complementar do estudo coletou medidas de peso, comprimento e circunferência da cabeça de mais de 20 mil bebês nascidos entre 33 e 42 semanas de gestação transcorridas sem déficits de nutrição fetal.

A elaboração do conjunto das curvas possibilitou, ainda, importante descoberta. A análise final dos dados revela que condições de saúde, nutrição e acesso a atendimento pré-natal adequados durante a gestação são mais relevantes para o desenvolvimento do bebê no útero materno do que características étnicas ou genéticas.

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