População pede reversão do fechamento da Agência Princesa do Sul da Caixa
Agência no centro de Pelotas deve fechar no dia 30 de dezembro
O Sindicato dos Bancários de Pelotas e Região esteve na Agência Princesa do Sul da Caixa Econômica Federal, localizada na rua Gen. Neto, nº 1122, no centro de Pelotas, cujo fechamento está marcado para o dia 30 de dezembro de 2025, para ouvir diretamente quem mais será afetado, além dos trabalhadores bancários e terceirizados: a população que utiliza diariamente o atendimento presencial. O que se viu foi um cenário de preocupação, tristeza e indignação.
Ao longo da visita, o Sindicato conversou com dezenas de usuários, a maior parte deles idosos, que dependem da agência para resolver questões básicas do dia a dia. Muitos relataram não ter familiaridade com canais digitais e sentiram medo de não conseguir realizar serviços essenciais, como saques, consultas de benefícios, movimentações simples de conta e atendimentos sociais, caso a unidade seja fechada.
Entre os relatos ouvidos pelo Sindicato, chamou atenção o de Laida da Silva (foto), aposentada que utiliza a agência há décadas. Preocupada com a segurança, ela afirma temer golpes e depende exclusivamente do atendimento presencial para movimentar sua conta. Diante do anúncio de fechamento, Laida foi enfática ao dizer que pretende encerrar sua conta caso a unidade deixe de funcionar. “Eu tenho conta na Caixa há mais de 40 anos, não uso aplicativo, apenas dinheiro. O fechamento vai causar um grande transtorno para toda a minha família”, lamenta.
Outro usuário ouvido pelo Sindicato, Luiz Carlos Brum, reforçou que utiliza exclusivamente dinheiro e não pretende aderir a conta digital. Para ele, o fechamento da agência tende a ampliar ainda mais as filas, que já são longas no atendimento atual. Brum afirma que a mudança deve piorar o acesso da população aos serviços básicos. “O dia que acabar a Casa da Moeda, não vai existir mais dinheiro, então não vou mais precisar vir ao banco”, ironiza. Ele lamenta, ainda, que o encerramento ocorra no final do ano, período em que, segundo relata, “todos já estão na correria”.
De acordo com os relatos dos clientes, a Agência Princesa do Sul é vista como referência de atendimento social, especialmente para quem precisa resolver questões relacionadas a FGTS, seguro-desemprego, benefícios federais e serviços que envolvem numerário. A preocupação é de que o fechamento gere desassistência e sobrecarga nas demais unidades da cidade, que já operam no limite.
Segundo o Sindicato, a decisão apresentada sob o argumento de “reposicionamento” para criação de um Posto de Atendimento (PA) Pessoa Jurídica carece de fundamentação técnica, transparência e critérios claros. A entidade afirma que medidas desta natureza devem observar princípios da administração pública, como motivação, eficiência, proporcionalidade e razoabilidade, além das diretrizes de governança e responsabilidade impostas às empresas estatais.
“Em seu conjunto, o processo não representa apenas o fim de uma unidade. Sinaliza a continuidade de um projeto de encolhimento da Caixa, que fragiliza o papel histórico do banco como agente de políticas públicas e como instituição de Estado voltada ao desenvolvimento social. Cada fechamento de agência representa menos atendimento presencial, menos capilaridade e menos compromisso com a população que mais precisa de serviços bancários públicos”, afirma Lucas Cunha, diretor de Comunicação e Cultura do Sindicato e trabalhador da Caixa.
O diretor destaca os efeitos negativos para os bancários, trabalhadores terceirizados e clientes. De acordo com Lucas, a medida acarreta insegurança e desorganização. “Empregados da Caixa enfrentam risco de realocação forçada, mudanças abruptas de função e aumento de carga de trabalho em unidades que já operam no limite”, explica. “Empregados terceirizados — como vigilantes, recepcionistas e equipes de limpeza — ficam ainda mais vulneráveis, podendo perder seus postos de trabalho sem qualquer garantia de realocação ou proteção”, complementa.
Unidade estratégica para a cidade e para população vulnerável
Fundada em 1989, a Agência Princesa do Sul acumula histórico de atendimento voltado a benefícios sociais e demandas de trabalhadores, mantendo até hoje forte presença no atendimento de FGTS, seguro-desemprego, programas sociais do Governo Federal, liberação de numerário e serviços de tesouraria.
Os dados reforçam o peso da unidade na rede local:
• 27.160 contas ativas
• 3,5 mil atendimentos mensais
• 29 empregados da Caixa
• 8 trabalhadores terceirizados vinculados ao funcionamento da agência
• Cinco caixas humanos, essenciais para atendimento com dinheiro físico, cada vez mais reduzido na cidade
Para o Sindicato, o encerramento da unidade eliminaria um dos principais pontos de atendimento presencial com numerário de Pelotas, impactando diretamente idosos, trabalhadores informais, beneficiários de programas sociais e usuários que dependem de atendimento humanizado.
Fechamento sem justificativa técnica consistente
A entidade destaca a ausência de estudos, dados ou critérios que expliquem por que a Agência 1594 teria sido escolhida para encerramento. O Sindicato reforça que decisões dessa natureza precisam ser embasadas em diagnóstico real da demanda, análise de impacto social e funcional, além de avaliação dos riscos à população que necessita de atendimento presencial, especialmente em serviços que envolvem numerário.
Riscos funcionais e trabalhistas
O fechamento da 1594 implicaria no remanejamento de 29 empregados, muitos ocupando funções comissionadas, incluindo gerentes de varejo, gerentes PF, caixas e tesoureiros, com risco concreto de redução de renda, em especial por rebaixamento de porte de unidade.
Além disso, a extinção de cinco postos de caixa e de uma tesouraria agravaria o quadro já limitado de atendimento presencial na cidade, sobrecarregando outras unidades e prejudicando justamente a população que necessita de serviços presenciais.
“A mobilização segue. A sociedade de Pelotas merece ser ouvida. E a Caixa, enquanto patrimônio público, não pode seguir perdendo espaço às custas da população e dos trabalhadores”, finaliza Lucas Cunha.
O diretor de Comunicação e Cultura do Sindicato, Lucas Cunha, reafirma a posição da entidade sindical. “A comunidade de Pelotas está se manifestando de forma clara e unificada: a população pede a reversão do fechamento da Agência Princesa do Sul”, aponta. “A mobilização segue. A sociedade de Pelotas merece ser ouvida. E a Caixa, enquanto patrimônio público, não pode seguir perdendo espaço às custas da população e dos trabalhadores”, finaliza Lucas Cunha.







