Diário da Manhã

Inserido no Pacto Pelotas pela Paz, iniciativa tem como público-alvo gestantes adolescentes de até 18 anos, 11 meses e 29 dias para desenvolver um plano de atendimento e acompanhamento da mãe e bebê, além de contribuir para a redução da gravidez precoce

O programa Cada (Mamãe) Jovem Conta foi apresentado à prefeita Paula Mascarenhas na terça-feira (26). Baseado na experiência do Cada Jovem Conta, a iniciativa, fruto da parceria entre Pacto Pelotas pela Paz, Rede de Atenção à Saúde Materno Infanto-Juvenil (Remi) e Núcleo de Serviço Social (Nuseso) da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), tem como público-alvo gestantes adolescentes de até 18 anos, 11 meses e 29 dias e como finalidade desenvolver um plano de atendimento e acompanhamento da mãe e bebê, a fim de compor uma rede de apoio. Contribuir para a redução da gravidez precoce no município também é um dos objetivos.

A necessidade de criar um programa específico e diferenciado para gestantes e seus bebês surgiu com o Cada Jovem Conta e com o lançamento do Pelotas, Cidade das Crianças, que priorizou as políticas voltadas à primeira infância. Espera-se, com a iniciativa, criar um diagnóstico das adolescentes grávidas em Pelotas e, a partir desses dados, reduzir a gravidez precoce.

“Vamos olhar para as gestantes adolescentes e fazer um acompanhamento, para que se sintam mais fortes e preparadas para serem mães, e para que não se sintam sozinhas. Além disso, vamos realizar um trabalho de prevenção à gravidez precoce. O trabalho será intersetorial, com apoio psicológico, de saúde e que irá envolver a família delas”, afirmou Paula.

Fazer com que a gestação seja um momento agradável tanto para o bebê quanto para a menina também é um dos objetivos do Cada (Mamãe) Jovem Conta. As equipes da SMS e do Pacto irão prestar o apoio necessário às jovens, levando informações úteis e conhecimento, acerca do registro da criança e benefícios que a mãe tem direito, além de afeto, solidariedade e acolhimento.

Participaram da apresentação a secretária de Saúde, Roberta Paganini, a coordenadora executiva do Pacto Pelotas pela Paz, Aline Crochemore, as coordenadoras do Cada Jovem Conta, Taiana Marreiro, do Remi, Carmem Viegas, do Pelotas, Cidade das Crianças, Jaqueline Silveira, e do Cada (Mamãe) Jovem Conta, a enfermeira Dariane Portela e a assistente social Josana Pires.

Como o programa vai funcionar na prática

O Cada (Mamãe) Jovem Conta será realizado a partir dos dados visualizados no relatório do E-gestor da SMS/Remi, com o suporte tecnológico do WhatsPel, em que as possíveis participantes serão acessadas via WhatsApp. No primeiro contato poderão informar seus dados e dar o aceite (ou não) para a entrada no grupo e automaticamente participarão. Além do E-gestor, serão utilizadas informações advindas dos profissionais de referência da Saúde do Adolescente das Unidades Básicas de Saúde (UBS), escolas e Unidades da Assistência Social.

O programa tem como objetivos realizar o acompanhamento intersetorial de adolescentes gestantes, descrever o seu perfil biopsicossocial, acompanhar e monitorar o binômio mãe-bebê no período de mil dias de vida e planejar ações intersetoriais para evitar a gravidez precoce tanto para as que já engravidaram como para as demais, baseado no diagnóstico realizado. Para tanto, parte-se da ideia de que a gestação na adolescência é permeada pela vulnerabilidade social, econômica e psicossocial, além de violências. Além disso, sabe-se que essa gravidez aumenta o risco de evasão escolar, não adesão ao pré-natal e de outras gestações precoces.

A partir da identificação das adolescentes gestantes, também será realizada uma visita domiciliar compartilhada, considerada uma etapa importante para realizar um diagnóstico das necessidades dessa adolescente. Além do grupo no WhatsApp, a Rede Intersetorial fará uma proposta para a realização de grupos com as gestantes com o intuito de possibilitar troca de informações, discussões e reflexões acerca de temáticas que considerem pertinentes, bem como a prevenção de novas gestações nesse período.

Dados mostram que em Pelotas, no ano de 2015, haviam 638 adolescentes com idade entre 10 a 19 anos incompletos grávidas. Em 2016, o número chegou a 595. Até o momento de 2023, são 245, o que mostra que o Município conseguiu reduzir consideravelmente esse dado, mas ainda é necessário diminuir ainda mais.

Foto: Rodrigo Chagas