Projeto garante salvaguarda da Igreja do Porto com restauração da cobertura
Início das intervenções no patrimônio foi lançado em cerimônia na sexta (8); obra deve durar seis meses
A salvaguarda de mais um importante patrimônio histórico foi garantida a partir do anúncio das obras do projeto de restauração da cobertura da Igreja Sagrado Coração de Jesus de Pelotas. A intervenção permitirá o retorno do templo ao seu método construtivo original. A cerimônia de lançamento aconteceu na sexta-feira (8) com missa festiva que reuniu a comunidade, autoridades, patrocinadores e integrantes do Ministério Público Estadual (MPRS), apoiador da iniciativa.
O projeto é realizado pela Perene Patrimônio Cultural e coordenado pela arquiteta Simone Neutzling. Orçada em R$ 1,5 milhão, a restauração da cobertura conta com o apoio do MP
RS e patrocínios da CMPC, Polisul Cerealista, Brejeiro, Pra Casa Lorenzet e Decorreias, através da Lei de Incentivo à Cultura (LIC/RS). Com duração de seis meses e início das obras em janeiro de 2024, contemplará ações de educação patrimonial com escolas da região, além de uma exposição histórica sobre a Igreja.
A Igreja do Porto, como é popularmente conhecida, nasceu no começo do século 20 no espaço urbano responsável pelo desenvolvimento do município, o porto fluvial de Pelotas. A paróquia foi criada em 12 de novembro de 1912 pelo primeiro bispo da cidade, Dom Francisco Barreto. Sua construção ocorreu em etapas, onde primeiramente foi executada a porção posterior do edifício, que compreendia a capela-mor e as sacristias, e foi inaugurada em 7 de setembro de 1916. Posteriormente foi construída a parte da frente da Igreja, sendo inaugurada oficialmente em 1918.
O templo centenário, de linhas neoclássicas, é tombado como patrimônio histórico e cultural municipal e estadual por sua importância histórica, arquitetônica, estética e paisagística. Em 2020 a estrutura da igreja foi danificada durante um ciclone bomba. Apesar dos esforços para um salvamento emergencial, ainda havia grande risco de desabamento, portanto a restauração do telhado visa assegurar estabilidade à edificação.
Arquiteta Simone Neutzling fala junto a autoridades durante o lançamento do projeto
Alívio e celebração
Com previsão de início da obra na segunda semana de janeiro, a arquiteta Simone Neutzling estima que o trabalho dure todo o primeiro semestre do ano. Segundo ela, um passo essencial para futuras obras no templo. “A execução da obra da cobertura tem por objetivo restaurar o sistema construtivo original do telhado e promover estabilidade estrutural à edificação para, depois, darmos continuidade ao processo de restauração integral da igreja”, explica.
Para o padre Wilson Fernandes, pároco local que acompanhou todo o esforço em busca de recursos para o início da restauração, o momento é de alívio. “Agradeço a todos que acreditam e colaboram com esse projeto, como o Ministério Público Estadual, os patrocinadores. Também a Dom Jacinto [Bergmann, arcebispo metropolitano de Pelotas), que apoiou e incentivou. E ainda à Prefeitura e ao Iphae por todo apoio desde os tombamentos municipal e estadual. É um trabalho de muitas mãos.”
Presente à cerimônia de lançamento do projeto, o diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae), Renato Savoldi, ressaltou também a importância imaterial da Igreja do Porto por suas celebrações e engajamento da comunidade. “Fazer essa cobertura e dar segurança ao templo é uma grata notícia de final de ano”, resumiu.
Apoiador do projeto com o repasse de recursos obtidos através de Termos de Ajustamento de Conduta (TACs), o MPRS foi representado no ato pelos promotores Rogério Caldas e José Alexandre Zachia Alan. Para ambos, o retorno do dinheiro captado pelo Poder Público por meio do enfrentamento a atividades criminosas é um meio justo de melhorar a sociedade. “É uma honra para o MP ver o seu trabalho contribuir para que esse patrimônio consiga se estabelecer”, disse Caldas.
Fotos: QZ7 Filmes/Satolep Press