Diário da Manhã

domingo, 28 de abril de 2024

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REGGAE AO ENTARDECER: Som do “Solo fértil” na Fábrica Cultural

01 dezembro
18:01 2014

Dia 8 às 19h na Fábrica Cultural – Félix 952 -, regueira com Solo Fértil na promoção do Theatro Sete de Abril. ENTRADA FRANCA

Por Carlos Cogoy

Geovani Corrêa, Chico Nunes, John Bellomo, Diogo Garcia, Henrique Krause e  Jean Patrocíno CRÉDITO: Felipe Casalinho

Geovani Corrêa, Chico Nunes, John Bellomo, Diogo Garcia, Henrique Krause e Jean Patrocíno
CRÉDITO:
Felipe Casalinho

Chico Nunes (voz e percussão), Diogo Garcia (voz e guitarra), Geovani Corrêa (baixo), Henrique Krause (trompete), Jean Patrocíno (trombone), e John Bellomo (bateria). Integrantes da banda Solo Fértil que, na segunda-feira, será a atração no Sete ao Entardecer. Na agenda da banda, sexta (5/12), Feira do Livro de Jaguarão e “Luau” na charqueada Costa do Abolengo. A 24 deste mês, grupo tocará na festa natalina da Costa do Abolengo. A seguir, entrevista com a banda.

DM – Origem da banda, por que o ‘reggae’, o que convergiu os integrantes para a sonoridade?

R – Começamos a banda em março de 2010, pela amizade e vontade de fazer música. Escolhemos o reggae como forma de expressão, como um estilo de vida, utilizando como ferramenta artístico-cultural um estilo musical que é pautado por ideologia, um pensamento de mudança, de contestação, de evolução mental e espiritual. Esta convergência aconteceu ao longo destes quatro anos, primeiramente mudando a nós mesmos, para que pudéssemos potencializar todas as nossas ideias em forma de composição. Acreditamos assim, que isso construa diariamente a identidade da banda Solo Fértil.

 

DMPor que o ‘roots’, o reggae estaria perdendo identidade, mesclando-se com o Pop e outros gêneros?

R – A raiz é inalterável! O Reggae Roots continua sendo feito, praticado e vivido no mundo todo. A dificuldade existe para todos os gêneros artísticos, independente quais sejam eles. O som autoral, o cenário underground esta nutrido de grandes bandas e artistas no mundo inteiro, tanto quanto o cenário pop, o que diferencia são os investimentos ao que é produzido para ser massificado. Todos passam por transformações em sua trajetória, não seria uma perda de identidade do Reggae para o pop, mas uma reconstrução do próprio Reggae a partir do local onde ele está sendo feito. É uma questão de ponto de vista e localização geográfica que influencia na musicalidade das bandas ao redor do mundo. Essa mescla musical pode ser positiva, aproximando o ouvinte desta descoberta do Reggae, seus segmentos e sua essência. Preferimos não criar rótulos acerca do que fazemos, é Reggae, é música.

 

DMPrincipais influências do Solo Fértil?

R – Sempre buscamos cultivar a música, seja ela qual for… Apenas música. Então, podemos dizer seguramente que a Solo Fértil é uma mistura de toda a musicalidade acumulada durante a vida de seus integrantes. Todos os momentos de audição e dedicação à música foram convertidos para o nosso som. Escutamos muito Reggae, sim é verdade, mas também, mantemos os ouvidos atentos a todas as formas de expressão musical. Gostamos da música instrumental, ska, blues, jazz, mpb, samba, soul e vários outros gêneros que ao mesmo são nossas referências musicais, e também, contribuem para um formato de composição que tende ao novo, ao experimental, fortalecendo nossa identidade musical. Existem muitos nomes dentro do Reggae que marcam nossa caminhada. Dentre eles estão os antigos: Bob Marley; Max Romeo; The Congo;, The Abyssinians; The Gladiators; Alton Ellis; Gregory Isaacs; Clinton Fearon; Skatalites; Israel Vibration; e dos novos Groundation, Midnite, Bambu Station, e tantos outros, que criaram as linhas melódicas que são trilhas sonoras em nossos dias!

 

DMComo ocorreu a escolha do nome da banda, ideia de alguém, ou coletiva, qual o recado com a designação?

R – O nome foi escolhido pelo coletivo, buscávamos algo que expressasse o quanto era significativo para nós esse encontro. Neste momento traçamos metas, unimos ideias, e estudamos bastante acerca dos temas que iríamos abordar nessa nova jornada. Foi um período decisivo para Solo Fértil, começávamos um grande cultivo, semeando sentimentos bons, de muita fé em dias melhores, dias de aprendizado, união e respeito desenvolvido através das notas musicais e da mensagem contida no Reggae. A denominação Solo Fértil aplica-se diariamente. Sempre que temos a oportunidade de fazer florescer uma ideia, uma nova canção ou algo que contenha sentimento e encontre um “Solo” para brotar, sabemos que estamos no caminho certo.

 

DM – Houve influência da trajetória do Reggae pelotense?

R – Pelotas tem uma grande tradição no cenário reggae, assim como na música e nas artes em geral. Isso vem de muitos anos, alguns “novos” dizem o contrário, contestam, pois não conhecem a história, basta voltar dez, vinte, trinta, quarenta anos. Bandas como Reggae por Nós, Arquivo Rasta, Curto Circuito, Auto Retrato, O Reggae Da Luta, Be Livin, GangaJanga, Alma Roots, Modarue, Suprema Ordem, Folha Seca, Os Praianos, Reggae da Massa e Inraize, construíram inegavelmente uma caminhada de décadas até os dias de hoje; o primeiro reggae gravado em Pelotas foi na década de oitenta, em vinil, e a banda era  “O Bando do Sandino”. Já os DJs, Cristiano Cabeleira e Denílson Dias, no Reggae chamados de ‘sellectors’, construíram uma espécie de panorama do reggae mundial em suas playlists. Também o Mestre Adilson, do espaço cultural Rasta Sul, até hoje, recebe a todos de braços abertos para o diálogo e construção acerca dessa e de outras tantas culturas disseminadas por aqui. Devemos a esse tempo, a essas bandas e pessoas, o respeito pelo amadurecimento e fortalecimento de quem, e para quem, se faz o reggae hoje em Pelotas.

 

DM – Qual o compromisso do reggae e também da Solo Fértil: natureza, política, conscientização, espiritualidade?

RO Reggae desde sua origem tem compromissos – para além da música – de contestação, de alerta, de transmitir alegria, de formação de caráter, de provocar a mudança ou desenvolver maneiras de ultrapassar os problemas atuais de nossa sociedade. Em sua mensagem, o intuito de motivar novos pontos de vista a cada indivíduo, propiciando a reflexão, o resgate de valores fundamentados no amor, paz, amizade, respeito ao próximo e a natureza. Uma excelente ferramenta de transformação, que despertar a consciência.  Solo Fértil da mesma forma busca essa transformação e conscientização! Nossa música fala das coisas simples da vida, daquelas que têm mais valor! Acreditamos que somente em um mundo de paz, amor e respeito, poderemos ter um equilíbrio que nos torne iguais. Façamos nossa parte!

 

DM – O que representa para a banda tocar no Sete ao Entardecer, considerando-se que o som foi selecionado?

R – Será um grande prazer representar a música reggae no evento. Esse tipo de investimento em bandas locais é de grande importância, fortalece e motiva um tipo de crescimento e profissionalismo do próprio cenário musical. Cria um fluxo na produção, e todos ganham com isso. Sejam músicos, ou público. Escolhemos essa oportunidade para apresentar um show completamente autoral, mostrando pela primeira vez canções inéditas que estarão presentes em nosso CD oficial. Apresentaremos parte de tudo que criamos ao longo de quatro anos de caminhada.

 

DM – Planos para 2015, shows, lançamentos, viagens?

R – Realmente, 2015 promete! Será o ano de lançamento do nosso maior projeto, o CD oficial da Solo Fértil, fruto de alguns anos de aprendizado e dedicação entre composição musical e poética. Sairá do extremo sul do Brasil um álbum com muita energia e musicalidade para o movimento Reggae e seus apreciadores! Apresentaremos ao longo do ano este trabalho em diversos locais, desde já estamos agendando apresentações. Hoje, nosso foco principal é a finalização do CD. Estamos produzindo um álbum de forma independente que será distribuído em todo país. O CD terá aproximadamente quinze faixas e traremos algumas surpresas aos apreciadores do reggae. Aguardem!

 

DM – Temos “cena” reggae em Pelotas? a cidade tem a ver com a ideologia “roots”? Como relacionam a sonoridade do reggae com uma cidade que, apesar da pobreza, mostra juventude que pensa e contesta?

R – Sim, existe cena reggae em Pelotas. Temos informações de que, há mais ou menos quatro décadas já se formavam nichos que apreciavam e produziam por aqui. Em seu contexto histórico, a cidade tem muito a ver com a ideologia “Roots”, observando que o Reggae é um gênero musical de origem africana, que se disseminou pelo mundo através do toque de tambor “nyabinghi” – batidas no ritmo do coração -, e com sua mensagem de libertação. Pelotas tem muito a ver com essa realidade, é ainda uma cidade nova, com uma latente história de luta por liberdade à escravidão, que ainda pulsa e reflete em seu cotidiano marcas desse passado. A cena aqui é forte, a cultura em geral é muito potente, temos ótimas bandas e público inteligente que está cada vez mais seletivo, que consome e se multiplica, marcando presença nos shows e eventos dos quais participamos, ajudando a fortalecer essa corrente. Ao nosso público direcionamos o respeito, e uma tentativa de impulsionar quaisquer formatos de manifestação.

 

DM – E as rádios locais, tem tocado o som de vocês, enfim, a mídia local tem aberto espaço?

 R –  A mídia local tem nos dado esse respaldo, agradecemos muito! Participamos de diversos programas de rádio e também de algumas matérias em jornais locais. Toda vez que isso acontece, temos a oportunidade de falar sobre nosso trabalho para um número maior de pessoas, aproximando novos irmãos da família Solo Fértil. Em 2015, com o lançamento de nosso CD oficial, vamos realmente investir alto para levar nosso trabalho à grande mídia, com uma tentativa de ocupar um espaço que julgamos como merecido ao estilo que fazemos. Fora os meios citados na pergunta, produzimos muito conteúdo para a internet. São materiais fotográficos, sonoros e audiovisuais, notando que, quanto melhor é a qualidade destes materiais e regularidade de nossas postagens, maior é a procura e quantidade de visualizações. Sendo assim, o que se produz na internet é de certa maneira sem fronteiras, podendo ser acessado de qualquer local do mundo, bastando pensar quais são as estratégias corretas para este formato de divulgação. Quem deseja conhecer mais sobre o nosso trabalho

pode procurar por Solo Fértil nas plataformas, youtube, palcomp3, soundcloud e facebook. Para entrar em contato envie e-mail para: contato.solofertil@gmailcom

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