Relator da CPI rebate prefeito e afirma: Legislativo tem poder legal para investigar
Para Ricardo Santos sofrimento da população não é “espetáculo”
O vereador Ricardo Santos (PDT), relator da CPI da Saúde, que investigou irregularidades na saúde pública em Pelotas, analisou as afirmações do prefeito Eduardo Leite à imprensa, e disse que já esperava por esse “destempero político”: “o governo não consegue aceitar que o Legislativo use da prerrogativa que a Lei lhe confere, de investigar e encaminhar o resultado dessa investigação ao Judiciário, apontando quem considera que são os responsáveis pela crise na saúde em nosso município”.
Segundo o parlamentar, o próprio prefeito, em sua entrevista, acabou por reconhecer a gravidade da situação, ao falar “no sofrimento de pessoas”. “Essas pessoas foram a grande motivação para propormos a abertura da CPI, que recebeu apoio da maioria dos vereadores. E muitas dessas pessoas, pacientes ou familiares, procuraram a CPI espontaneamente para relatar seu sofrimento. Espetáculo quem deu foram os agentes da saúde, em seus depoimentos, ao debochar da população que sofre silenciosamente nos corredores do Pronto Socorro, nos postos de saúde, nos leitos dos hospitais”, disse Ricardo Santos. E completou: “Deboche ainda maior foi a comemoração, com champanhe, ao final do depoimento da secretária Arita Bergmann, ao que parece aprovada pelo senhor prefeito”.
Origem – O parlamentar explica que a existência de fatos foi comprovada durante a investigação e apontada no relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito, mas, afirma, “entendo que, no desespero para tentar se ver livres das responsabilidades, os envolvidos usem de intimidações para que o relatório não seja aprovado em plenário”.
“A impressão que fica é que o senhor prefeito foi instruído por terceiros para dar a entrevista, quando diz que não houve objeto claro de investigação. O próprio Executivo silenciou no transcorrer do processo, quando poderia ter procurado o Poder Judiciário e não o fez, acatando o trabalho que era desenvolvido”, reafirmou o vereador.
Ricardo Santos afirmou ainda, que “a CPI não é de um vereador, é um instrumento legítimo do Parlamento, referendada pelo Legislativo e cujo relatório também foi aprovado pelo Legislativo. Com certeza, no plenário, há de receber a mesma aprovação, porque os vereadores, em sua maioria, têm a consciência do caos da saúde em Pelotas”.