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terça, 26 de novembro de 2024

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Risco de cegueira cresce no Brasil

Risco de cegueira cresce no Brasil
10 julho
14:41 2018

Em 10 anos o número de brasileiros com catarata aumentou mais que o dobro das cirurgias oferecidas pelo SUS. Saiba como adiar a progressão da doença

Quem já dirigiu sob neblina sabe bem como é desagradável enxergar tudo embaçado. É o que acontece na catarata, doença que torna opaca a lente natural de nosso olho, o cristalino, que fica atrás da parte colorida, a íris. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier a catarata é a maior causa de cegueira tratável no mundo e está relacionada na maior parte dos casos ao envelhecimento. Por isso, não tem como escapar.

Depois dos 60 anos um dia todos nós vamos ter.  Pior: Nunca a população envelheceu tão rápido, o número de brasileiros que dependem do SUS está em ascensão e o atendimento público em declínio.

Para se ter ideia, o número de brasileiros acima de 60 anos cresceu cerca de 160% entre 2008 e 2017. Passou de 11,5 milhões para mais de 30 milhões segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). No mesmo período, as cirurgias feitas pelo SUS – que responde por 65% dos procedimentos no país – teve um acréscimo de 72%. Saltou de 286 mil para 482 mil cirurgias conforme relatório do DATASUS, ficando, portanto, bem abaixo da demanda.

Como adiar a progressão – Queiroz Neto afirma que o envelhecimento causa a degeneração das proteínas do cristalino, mas outros fatores, alguns controláveis, outros não, também contribuem para o quadro. Uma pesquisa realizada pelo médico com 814 pacientes revela que 9% dos participantes usavam corticóide continuamente para tratar doenças crônicas. O especialista diz que o medicamento antecipa a catarata além de aumentar o risco de contrair glaucoma. “Hoje a medicina está equipada para diagnosticar um número muito maior de doenças. Além do corticóide, alguns medicamentos para emagrecer, ansiolíticos, antidepressivos, também podem contribuem com o desenvolvimento da catarata”, afirma.

Assim, quem faz tratamentos contínuos deve passar por consulta oftalmológica anualmente e até em períodos menores caso sinta a visão alterada. “Outras variáveis que podem antecipar a doença são o consumo excessivo de sal, a alta miopia, diabetes e hipertensão arterial”, salienta.

No mesmo estudo, a falta de sono que acelera a oxidação de todas as nossas células, inclusive do cristalino, foi apontada por 31% dos participantes. “Dormir pouco acelera o envelhecimento e, portanto, a formação da catarata. O ideal é dormir de 6 a 8 horas/dia” recomenda. Outros 55% não protegem os olhos do sol com lentes que filtrem 100% da radiação UV (ultravioleta). O oftalmologista destaca que a falta de proteção UV aumenta em até 60% o risco de contrair catarata. “O filtro nos olhos deve ser usado durante o ano todo, inclusive no inverno” destaca.

Outra dica do oftalmologista é incluir na alimentação vegetais verde escuro e gema de ovo, ricos em luteína e zeaxantina, mais as frutas cítricas que contêm vitamina que protege o cristalino do efeito oxidativo do envelhecimento.

Sintomas – Além da visão embaçada, Queiroz Neto observa que a catarata aumenta a fotofobia a ponto dos faróis contra causarem perda temporária da visão e inviabilizarem a direção noturna. Outros sinais da doença elencados pelo médico são: Perda da visão de contraste; Alteração frequente da prescrição dos óculos; Enxergar halos ao redor da luz; ecessidade de mais iluminação para ler.

Cirurgia – O oftalmologista explica que a cirurgia de catarata é um procedimento ambulatorial feito com anestesia local. Consiste em retirar o cristalino com aplicação de ultrassom, fazer uma incisão na córnea e implantar uma lente intraocular que hoje pode eliminar definitivamente o uso de óculos, inclusive em quem tem astigmatismo.

O procedimento também pode ser feito com femtosegundo, laser ultrarrápido que realiza os cortes com absoluta precisão. Um dos pioneiros em cirurgia de catarata a laser no Brasil, Queiroz Neto afirma que as vantagens da técnica são a maior precisão dos cortes e a menor exposição da córnea ao calor do ultrassom que provoca a morte de células da córnea que são irrecuperáveis.

Independente da técnica, pontua, a recuperação é rápida e exige o uso correto de colírios após a cirurgia.

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