Rock and Roll Over o KISS entre máscaras, riffs e amadurecimento
O álbum equilibra a assinatura teatral do KISS com uma pegada mais tradicional
Marcelo Gonzales*
@celogonzales @vidadevinil
Lançado em 11 de novembro de 1976, Rock and Roll Over marcou uma transição importante na carreira do KISS. Após o sucesso comercial de Destroyer, o grupo nova-iorquino optou por retornar a uma sonoridade mais direta, próxima das origens do hard rock, deixando de lado parte do requinte de estúdio e dos arranjos grandiosos que haviam dividido o público no álbum anterior.
Gravado no Star Theatre, em Nanuet, Nova York, um antigo cinema adaptado como estúdio, o disco teve produção de Eddie Kramer, nome já conhecido por seus trabalhos com Jimi Hendrix e Led Zeppelin. Kramer buscou capturar a energia crua da banda ao vivo, utilizando técnicas que privilegiavam o peso das guitarras e o impacto das vozes.
Com dez faixas, o álbum equilibra a assinatura teatral do KISS com uma pegada mais tradicional. Músicas como Calling Dr. Love e Mr. Speed reforçam o estilo direto de Paul Stanley e Gene Simmons, enquanto Hard Luck Woman, cantada por Peter Criss, demonstra uma faceta mais melódica e radiofônica, lembrando o folk de Rod Stewart e se tornou um dos grandes sucessos do grupo.
Rock and Roll Over também consolidou a estética visual do KISS. A arte da capa, criada por Michael Doret, tornou-se uma das mais reconhecíveis da discografia, reforçando a identidade visual do quarteto e sua ligação entre imagem e som.
O álbum alcançou a quinta posição na Billboard 200 e recebeu certificado de platina nos
Estados Unidos, comprovando a força comercial da banda mesmo em um momento de experimentação. Foi o segundo de uma sequência de lançamentos anuais que ajudaram a definir o auge do KISS na segunda metade dos anos 1970.
Mais do que um simples retorno às raízes, Rock and Roll Over mostrou uma banda segura de si, consciente de seu público e de sua marca. Não é o disco mais ousado do KISS, tampouco o mais inovador, mas é talvez o que melhor representa a essência do grupo: um equilíbrio entre espetáculo e simplicidade, com guitarras afiadas e refrões moldados para o palco.
*Marcelo Gonzales é autor do blog Que Dia é Hoje?, vive entre discos de vinil e muita mídia física, sempre atento à música, à cultura e ao jornalismo, compartilhando histórias que conectam gerações







