Se a Vida Começasse Agora…
40 anos do festival de Rock mais amado do Brasil!
Marcelo Gonzales
@celogonzales @vidadevinil
A data era 11 de Janeiro de 1985 e o local bem desconfortável (para os padrões de hoje) num terreno do tamanho superior a dez Maracanãs… E mesmo assim se tornou referência até hoje, 40 anos depois, quando o assunto for Festival de Rock!
1,4 milhão de pessoas passaram pelo primeiro Rock In Rio, e tem até um amigo meu que disse que o melhor Festival foi a 5ª edição, em 2013, com a presença da banda Avenged Sevenfold (que alguns conhecem como A7X) onde essa banda californiana se apresentou, no dia 22 de setembro de 2013, no mesmo dia que as bandas Helloween, Iron Maiden e Slayer… Mas… De boa?? Discordo e vou explicar.
Fato é que a data de hoje se distancia em 40 anos dos dez dias de 15 atrações nacionais e 16 internacionais e muita lama ao clássico estilo Woodstock do festival brasileiro que consagrou e estabeleceu de vez Roberto Medina dentro do cenário musical.
A performance da canção Love of my life, interpretada brilhantemente por Fred Mercury, se tornou uma das execuções do Queen até hoje mais consagradas e lembradas. Melhor banda do mundo!
Até o Eddie, monstro de estimação do Iron Maiden foi nesse icônico Festival, com a banda entrando para se apresentar exatamente às 23h58 fazendo referência a canção Two minutes do midnight.
E o sino do AC/DC? A banda australiana que se negou vir para o Brasil se o sino não viesse junto?! Conclusão? Se vira Medina… E como o sino não cabia em lugar nenhum por pesar só 1,5 tonelada, entrou de gaiato num navio e veio para o Brasil à toa pois seu peso não seria suportado pela estrutura do palco e teve que assistir seu sino-sósia (feito de gesso) brilhar – quer dizer, gongar – na canção Hell’s Bells.
Cronograma do Rock In Rio de 1985
1º dia – Ney Matogrosso, Erasmo Carlos, Pepeu Gomes, Baby Consuelo, Whitesnake, Iron Maiden e Queen;
2º dia – Ivan Lins, Elba Ramalho, Gilberto Gil, Al Jarreau, James Taylor e George Benson;
3º dia – Paralamas do Sucesso, Lulu Santos, Blitz, Nina Hagen, Gogo’s e Rod Stewart;
4º dia – Moraes Moreira, Alceu Valença, James Taylor e George Benson;
5º dia – Kid Abelha, Eduardo Dusek, Barão Vermelho, Scorpions e AC/DC;
6º dia – Paralamas do Sucesso, Moraes Moreira, Ozzy Osbourne e Rod Stewart;
7º dia – Alceu Valença, Elba Ramalho, Al Jarreau e Yes;
8º dia – Kid Abelha, Eduardo Dusek, Lulu Santos, Gogo’s, B-52’S e Queen;
9º dia – Pepeu Gomes e Baby Consuelo, Erasmo Carlos, Whitesnake, Ozzy Osbourne, Scorpions e AC/DC;
10º dia – Barão Vermelho, Gilberto Gil, Blitz, Nina Hagen, B-52’S e Yes
Ozzy com a camisa do Zico enlouqueceu a nação rubro-negra e a certeza de que outro festival igual a esse nós nunca teremos! Teremos tentativas e cópias mal feitas, mas igual, jamais!
Quando completou 30 anos, uma reportagem do Estadão o chamou de “Maior Circo do Mundo” numa reportagem especial veiculada à época, e, conforme informado no site oficial do Festival, seus números estão acima de muitas médias, contando com 22 edições desde 1985, 3.816 artistas escalados, 11,2 milhões de pessoas na plateia, 130 dias de magia desde 1985, mais de 64 milhões de pessoas alcançadas nas redes em 2022, 28 mil empregos gerados em 2022 e mais de 12 milhões de fãs online, o Festival Rock In Rio se torna único e gera expectativa por onde passa…
Um logo que é uma história a parte!
Cid Castro, criador do logotipo* famoso da esfera azul com a América do Sul em formato de guitarra, conta sua história e sua versão dos bastidores da criação artística da identidade visual do Festival Rock In Rio no seu livro Metendo o Pé na Lama – Os Bastidores do Rock In Rio de 1985, em que relata que após ler e reler o briefing, teve sua cabeça aberta e ampliada pelo comentário de ninguém menos que Nizan Guanaes. O Briefing: 1. Comunicar de forma clara e objetiva que o maior festival de rock no mundo se realizaria no Brasil; 2. Ter um caráter universal; 3. Representar todas as correntes musicais (não ser uma marca unicamente rock); 4. Transmitir modernidade; e 5. Identificação imediata com o target jovem.
*quando eu escrevo logotipo na realidade eu preciso explicar que a criação de Cid Castro foi um dos fatores de sucesso do Festival, sua colaboração nesse departamento de criação foi espetacular e sua genialidade, incrível!
A fala de Nizan Guanaes que destravou Cid Castro foi: “-Você não é apenas ilustrador, também tem visão para a direção de arte. Agora, não se esqueça de uma coisa: conceituar. Tudo o que é verdadeiramente bom em propaganda tem sempre um grande conceito por trás.” E isso, conceito, acabou sendo o principal tempero que fez do Rock In Rio esse sucesso que é até hoje, 40 anos depois!
Se a vida começasse agora
E o mundo fosse nosso outra vez
Se a gente não parasse mais de cantar
De sonhar
Se a vida começasse agora
E o mundo fosse nosso de vez
Se a gente não parasse mais de se amar
De se dar, de viver
Woo, woo, woo
Rock in Rio