Teste de sangue mais rígido para transfusões. Idade máxima para doação aumenta
Exames hoje usados elevam o risco da janela imunológica, período em que o indivíduo já é portador do vírus, mas, como não há anticorpos, o teste dá como resultado o falso negativo
O Ministério da Saúde vai tornar obrigatório o Teste de Ácido Nucleico (NAT) no sangue usado para transfusão no País. A decisão foi informada pelo coordenador Guilherme Genovez, que anunciou a assinatura de uma portaria específica.
Hoje são coletadas no Brasil 3,6 milhões de bolsas por ano, o que corresponde ao índice de 1,8% do parâmetro estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O ministro destacou que o objetivo do governo é atingir o parâmetro de 3% de bolsas coletadas ao ano. Ele frisou que o atual parâmetro já está dentro da faixa proposta pela OMS.
A partir de agora, será obrigatório o teste NAT em todas as bolsas de sangue coletadas pelos bancos de sangue públicos e privados do país. “Estamos adotando este teste como obrigatório tanto nos bancos de sangue públicos quanto nos privados. [O teste] já acontece em 100% dos bancos públicos brasileiros e agora nos permitir colocar nos bancos privados”, disse Padilha.
“Vamos ver o que diz o texto. A princípio, temos o que comemorar”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), Cármino de Souza.
Antiga reivindicação de especialistas, o teste NAT traz mais segurança para o sangue usado em transfusões. Essa técnica permite identificar até traços de vírus pesquisados – HIV e hepatite C e hepatite B. Algo mais preciso do que a técnica atualmente empregada, que localiza a reação do organismo ao vírus, os anticorpos.
Os exames hoje usados elevam o risco da chamada janela imunológica, período em que o indivíduo já é portador do vírus, mas, como não há anticorpos, o teste dá como resultado o “falso negativo”. Souza, no entanto, diz estar apreensivo para saber qual cronograma será exigido para implementação do teste na rede pública e particular.
A incorporação do NAT é esperada por especialistas há 11 anos e anunciada pelo governo há, pelo menos, três.
Idade máxima para doação de sangue passa para 69 anos
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também anunciou a ampliação da idade máxima de doação de sangue para 69 anos. Atualmente, a faixa etária para doação é de 16 a 67 anos.
No ano passado Alexandre Padilha diminuiu de 18 anos para 16 anos a idade mínima para a doação de sangue. Com as idades mínima e máxima para doação ampliadas, 8,7 milhões novos voluntários poderão contribuir para manter os bancos de sangue. Países como os Estados Unidos, a França e a Espanha já trabalham com a faixa etária de até 69 anos.
O Sistema Único de Saúde (SUS) conta com 32 hemocentros coordenadores e 368 regionais, além de núcleos de hemoterapia distribuídos em todo o país. Atualmente, 75% da coleta de sangue são feitos na rede pública e 25%, na rede privada. Os bancos de sangue terão 90 dias para se adequar às novas regras. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) será responsável pela fiscalização das redes.