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segunda, 25 de novembro de 2024

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Trabalhadores rurais podem sofrer perda auditiva devido ao manuseio de agrotóxicos e exposição frequente ao barulho das máquinas

Trabalhadores rurais podem sofrer perda auditiva devido ao manuseio de agrotóxicos e exposição frequente ao barulho das máquinas
29 dezembro
11:25 2017

Pesquisa revela que 66,7% dos agricultores ficam surdos em razão dessas condições inadequadas de trabalho

Quem trabalha no campo não se dá conta, mas o fato é que muitos agricultores estão perdendo a saúde auditiva. As causas são a falta de cuidados durante a jornada de trabalho. A exposição frequente ao ruído e à vibração de tratores, motosserras, colheitadeiras, entre outras máquinas barulhentas, de grande porte, provoca perda de audição progressiva, além de outros males. Além disso, se engana quem pensa que o manuseio de agrotóxicos e inseticidas causa apenas náuseas, vômitos e cefaleia, como é divulgado. É pior: a exposição a esses tipos de substância também pode causar surdez.

Pesquisa publicada na Revista de Saúde Pública, da USP, mostrou que em um grupo de trabalhadores rurais expostos concomitantemente a inseticidas e ao ruído das máquinas a perda auditiva foi de 66,7%. O tempo médio para que desenvolvessem a deficiência foi de 3 a 4 anos. Desse grupo, apenas 2,9% dos trabalhadores mencionaram usar proteção auditiva enquanto operavam as máquinas. O motor de um trator em funcionamento emite ruído em torno de 97 decibéis.

“Na presença de ruídos acima de 85 decibéis a audição pode ser prejudicada. Dependendo da frequência e do tempo de exposição a sons elevados, aumenta o risco de lesões na cóclea (órgão dentro da orelha responsável pela audição) fazendo com que a pessoa sofra danos auditivos de forma contínua e elevada ao longo da vida”, explica a fonoaudióloga Isabela Papera, da Telex Soluções Auditivas.

Os prejuízos para a audição em consequência do excesso de barulho não ocorrem do dia para noite. A perda auditiva pode não se manifestar imediatamente, mas seus efeitos serão sentidos mais tarde, ao longo da vida. O mais indicado é que os operadores de tratores e outras máquinas utilizem atenuadores de som que reduzem o barulho, mas que não impedem que o profissional ouça os sons ao redor. Alguns modelos de protetores auriculares, como os da Telex, por exemplo, podem ser feitos sob medida.

“Com a exposição intensa a altos volumes sonoros as células ciliadas do ouvido vão morrendo e, como não são regeneradas pelo organismo, a audição vai diminuindo de forma lenta, mas progressiva. É o que se denomina Perda Auditiva Induzida por Nível de Pressão Sonora Elevada (PAINPSE). A perda auditiva é irreversível e pode se agravar ao longo dos anos”, esclarece a fonoaudióloga, que é especialista em audiologia.

Por outro lado, o uso de agrotóxicos e inseticidas nas lavouras brasileiras é prática recorrente, apesar da crescente corrente pelo consumo de produtos orgânicos. Os efeitos à saúde humana de quem manipula tais venenos – que muitos chamam de “defensivos agrícolas” – são enormes, afetando os sistemas nervoso, cardiovascular, respiratório, além de causar problemas na pele, olhos e ouvidos.

Durante a pesquisa, realizada por estudantes da Universidade Tuiuti, no Paraná, 59 trabalhadores rurais fizeram o teste de audiometria – exame que mede o nível de audição. Desse grupo, 49% dos trabalhadores apresentaram algum grau de perda auditiva, sendo 35,60% perda auditiva bilateral e 13,55% perda em apenas um dos ouvidos.

Isabela Papera aconselha os trabalhadores rurais a procurarem um médico otorrinolaringologista uma vez ao ano, a fim de avaliar se existe algum grau de perda auditiva e como tratá-la. A solução, na maioria das vezes, é usar aparelhos auditivos.

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