Um artigo que vale por dois!
O artigo de hoje é sobre ela, a jornalista e biógrafa (e agora radialista), Bruna Ramos da Fonte
Marcelo Gonzales
@celogonzales @vidadevinil
Acabei me tornando um apaixonado pelas Artes quando elas são produzidas com qualidade. Vejo trabalhos e projetos realizados com carinho e dedicação acima da média e simplesmente me apaixono por eles.
Dizem que o jornalista não deve se envolver emocionalmente pelos ‘produtos’ que divulga, mas eu prefiro deixar isso para os jornalistas que divulgam produtos, porque eu, ahhh meus queridos amigos leitores, eu escrevo artigos do que eu acredito! Sou um comunicador divulgador voluntário, escrevo por Amor à Arte e, como eu já disse, escrevo para colaborar com a divulgação daquilo que é bom. Afinal de contas, a vida anda tão complicada que precisamos e cultura e arte para ver se melhora um pouquinho.
O artigo de hoje é sobre ela, a jornalista e biógrafa (e agora radialista), Bruna Ramos da Fonte (foto de Rafa Marques).
É só dar um Google que vamos encontrá-la. Num momento como biógrafa do Sidney Magal, em outro momento como autora do livro Essa Tal de Bossa Nova, da editora Rocco, que conta com a colaboração de ninguém menos que Roberto Menescal (esse ela também possui biografia publicada), prefácio de Paulo Coelho e apresentação de Nelson Motta. Pesquisando mais vemos que ela tem outros livros publicados e hoje venho aqui falar do seu novo livro Apenas uma Mulher Latino-Americana: Em busca da Voz Revolucionária, editora Rocco, e, como um bom artigo duplo venho também apresentar o seu programa de rádio Subindo no Salto: a música da mulher brasileira da Rádio Cultura Brasil.
O período ditatorial massacrado pela censura, perseguição política, prisão e tortura, causou de certa forma, muitos traumas e desacertos, mas quando nos dedicamos a estudar esse período e expor tudo de errado e cruel que acarretou temos a certeza de que ainda hoje temos que nos expressar e falar. Liberdade de expressão! Esses vinte e um anos não voltarão jamais!
No livro Apenas uma Mulher Latino-Americana: Em busca da Voz Revolucionária, Bruna nos convida em suas linhas a navegar pelas músicas de protesto produzidas em nosso Brasil e nos países da América Espanhola durante o período da Guerra Fria onde muitas vozes no meio musical daqui, da Bolívia, Argentina, Chile e Uruguai se dedicaram a direcionar suas criações para a transformação política, econômica, social e cultural da América Latina, com prefácio assinado pela cantora e compositora chilena Tita Parra, neta de Violeta Parra, a narrativa focaliza a um só tempo a trajetória da autora e a da canção engajada no continente, que tanto marcou as décadas de 1960 e 1970
A censura no Brasil
Ao explorar o tema da censura no Brasil, a autora resgata passagens sobre diversos artistas da MPB, além de citar outros tantos que nem sempre são associados à música de intervenção, como é o caso do sambista Luiz Ayrão. Entre as histórias contadas no livro, estão passagens que envolvem composições de Belchior, Capinam, Carlos Lyra, Vinicius de Moraes. O livro explora também a importância de grupos como Tarancón (2º lugar no Festival dos Festivais de 1985) e Raíces de América (2º lugar no Festival MPB Shell de 1982) na divulgação do repertório da música de protesto no Brasil, e resgata a história do pianista Tenório Jr., que desapareceu durante uma turnê com Vinicius e Toquinho em 1976, em Buenos Aires.
Trata-se de uma cativante autobiografia musical de uma mulher latino-americana, nascida no coração do ABC paulista, berço do movimento sindical brasileiro, Bruna Ramos da Fonte realiza de forma magistral seu objetivo de compor um “manifesto de alguém que acredita na arte e na cultura como as grandes ferramentas da revolução”. Leia esse livro. E vamos falar um pouquinho do programa de rádio agora.
No link acima você terá acesso ao primeiro programa da série dedicada às compositoras que reinventaram a música nacional, com roteiro e apresentação da Bruna e, óbvio que sendo um apaixonado e estudioso de rádio preciso dizer, digo, escrever: que voz é essa Bruna? Quando fiz contato com ela para pegar substratos e compor a matéria sobre o seu mais recente livro e ela me apresentou esse projeto que já havia iniciado, antes de ouvir o programa já sabia o que iria encontrar só pelos seus áudios enviados a mim pelo Instagram.
E, com essa voz que eu acabei de sinalizar com uma estrelinha, ela traz a realidade de dar voz aquelas que, durante séculos, foram impedidas de participar da vida pública, cultural e artística do mundo. Tendo que muitas até ter que escolher pseudônimos masculinos para vivenciar -ainda que superficialmente- algum tipo de realização pessoal e profissional.
Em meados do século XIX, na primeira onda do feminismo, as mulheres começaram a se organizar e reivindicar seus direitos de igualdade entre os sexos. E assim Bruna abre o primeiro episódio da série: “Durante séculos as mulheres foram proibidas de participar da vida pública, cultural e artística do mundo, mesmo presa aos papéis de donas de casa, esposa e mãe, vez ou outra a necessidade de expressão através da Arte falava mais alto.” Muitas obras nasceram desse impulso e é sobre isso que trata cada capítulo dessa série desenvolvida e muito bem escrita pela Bruna.
Compreendida em quatro episódios, a série Subindo No Salto: A Música da Mulher Brasileira que vai ao ar todos os sábados às 10 horas, na Rádio Cultura Brasil, deixa uma impressão que será muito mais do que quatro episódios… Mas… Vamos acompanhar nas redes sociais e aproveitar o que vier, desejando sucesso e muita inspiração em sua carreira, que você Bruna Ramos da Fonte, continue criando, pesquisando e nos trazendo um material de qualidade, desses que dá gosto da gente escrever sobre.
O livro é da editora Rocco você encontra nas melhores livrarias e outros episódios do programa você escuta em culturafm.com.br.