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quinta, 25 de abril de 2024

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Exposição na galeria “A Sala” do Centro de Artes da UFPel

Exposição na galeria “A Sala” do Centro de Artes da UFPel
16 maio
09:25 2017

Mostra resulta da pesquisa dos canadenses Christian Peterson e Michel Peterson

 

Cartaz da mostra internacional cuja abertura acontecerá hoje

Cartaz da mostra internacional cuja abertura acontecerá hoje

Nesta terça-feira às 18h, abertura da exposição “Onde estão/são os ossos?”. O trabalho é autoria de Michel Peterson e Christian Peterson, e reúne fotos, textos e vídeo. A pesquisa, realizada em diferentes países, entre outras questões, aborda sobre a estratégia capitalista que visa o “apagamento da morte na cultura contemporânea”. Após o “holocausto” na Segunda Guerra, prosseguem os genocídios. A exemplo, a questão dos refugiados. A curadoria está a cargo de Carolina Rochefort,  Helene Sacco e Cláudio Azevedo. Como local “A Sala”, galeria do Centro de Artes (CEARTES/UFPel) – rua Cel. Alberto Rosa 62. No dia 26, acontecerá mesa redonda com a participação de Michel Peterson, e a visitação poderá ser feita até dia 16 de junho.

QUEM SÃO – Michel Peterson é psicanalista e coordenador do projeto ROBAA (Roads of Bones and Ashes / Estradas de ossos e de cinzas). Na FURG, é professor visitante no curso de psicologia. Na faculdade de direito da Universidade McGill no Canadá, leciona na cadeira Oppenheimer em direito internacional civil.  Christian Peterson é fotógrafo, e vice-coordenador do projeto ROBAA em Toronto no Canadá. Outro integrante do projeto, é Donald Boucher, psicoterapeuta e trabalhador social em Montreal no Canadá. Ainda o antropólogo Filippo Furri da Universidade de Montreal, e Gabriela Peterson do North-South Studies, Dawson College em Montreal.

MESA REDONDA dia 26 contará com Michel Peterson, prof. Dra. Renata Requião (UFPel), prof. Dra. Luiza Carvalho (UFPel). Será exibido vídeo “Exclusão, memória, julgamento, conflito”, de Alexandre Silva (PPGEA/FURG), e “Fervilhamentos/Her Hviller” de Michel Peterson e Melissa Velasques (UFPel).

(C0G0Y)

ONDE ESTÃO/SÃO OS OSSOS?

Por  Michel Peterson

                A exposição Onde estão/são os ossos… é oriunda do projeto de pesquisa ROBAA (RoadsofBonesandAshes/A estrada dos ossos e das cinzas). Nascido no final dos anos noventa, de um trabalho clínico de consulta psicanalítica em instituição e em consultório privado junto a requerentes de asilo que sofreram tortura, o projeto concentra-se, no primeiro momento, nos riscos psíquicos dos traumas extremos (guerras, genocídios, democídios, massacres de todo gênero) para em seguida expandir-se e tocar nas questões de natureza paleontológica, arqueológica, antropológica, filosófica, literária, política e econômica.

Onde estão/são os ossos… permite ver e ouvir um momento, um estado provisório de ROBAA, o nó de um rizoma, uma temporalidade mais próxima do movimento do inconsciente que de um terreno “empírico” e “fenomenológico”. Trata-se de um ato geopoético para o qual os pesquisadores da partida propuseram aos artistas-acolhedores da UFPel um material que eles se apropriaram e transformaram. Esta proposta corresponde, aliás, a um momento em que ROBAA, instigado pelo antropólogo Fillipo Furri, transformou-se, em 2016, em MédiaLab ROBAA. O que mostra bem que os ossos deixam rastro nas estradas desde os tempos mais antigos da humanidade – o próprio originário. Embora o projeto fosse mais pessoal, inclusive mais íntimo, ele agora se torna uma plataforma e um entroncamento em que se encontram pesquisadores e artistas de várias instituições de muitos países (Canadá, França, Tunísia, Itália, Grécia, Polônia, Brasil). Além disso, as universidades (McGill, York, Amsterdam e de Catane), diversas ONGs e grupos de trabalho participam da reflexão: UNHCR, Missing Migrants, Humanitai recitoyen, Carovanes Migrantes, GISTI, Migreurop, Human Cost of Border Control, ARCI, Boats4People, MSF, Chairs disparues, Restoring Family Links, ANCI, assim como diferentes associações da Tunísia e do Marrocos.

            Através destas pesquisas e destes “deslocamentos”, nós nos deixamos levar por uma migração rumo a uma etnografia transnacional do luto, que abre, então, a enorme questão dos traumas individuais e coletivos, com os cortejos de fantasmas que os inspiram. A circulação e o desaparecimento dos ossos permitem, através de mares, terras e cemitérios, levar, assim, a refletir sobre as condições de possibilidade dos genocídios e dos crimes de massa, sobre os espectros e sobre a transmissão coletiva e individual dos grandes traumatismos. Assim, um trabalho sobre o retorno do recalque provoca a necessidade de não cessar de retornar à memória humana. Combater o esquecimento dos genocídios, o apagamento, o apagamento do apagamento – isto é foraclusão -, eis um dos eixos centrais de Ondees(t)ão os ossos… Este caminho através de alguns cemitérios do mundo imprime um trabalho de transmissão.

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