50 ANOS DE DEDICAÇÃO EXTREMA : “Tua história que é tão bela”
Ewaldo Poeta completa 90 anos neste domingo e mais da metade desse tempo é de relação diária com o Farroupilha
Falou em Ewaldo Poeta, lembrou Farroupilha. Falou em Farroupilha, lembrou Ewaldo Poeta. Essa relação já se estende por mais de 50 anos. Pode-se extrair do hino do clube uma frase que define bem a trajetória do presidente de honra do clube fragatense: “Tua história que é tão bela” no Campeão de 35.
Ewaldo José Lebarbenchon Poeta comemora neste domingo (dia 5 de março) 90 anos de idade. Mais da metade desse período de existência é de dedicação extrema ao Farroupilha. Tudo começou em 1964. Meio por acaso. “O Major Cid Scarone Vieira assumiu a presidência, mas poucos meses depois renunciou. Houve vacância no cargo e eu recebi o encargo por determinação do comando do então 9º Regimento de Infantaria”, lembra o dirigente, que, na época, era capitão do Exercito Brasileiro.
Até então, ele raramente assistia aos jogos do Farroupilha. Sua presença no estádio tricolor era a mesma da Boca do Lobo e do Bento Freitas. Afinal de contas gostava de futebol. Torcedor do Vasco, ele estava atento as coisas do Cruzmaltino do Rio. “Fui atleta infanto-juvenil do Vasco”, lembra o catarinense de Laguna – cidade de Anita Garibaldi, Pedro Raimundo (cantor regionalista) e do Tratado de Tordesilhas.
Se há algo que incomoda o dirigente é o mito de que ele se apegou ao cargo de presidente, sem dar chance aos possíveis substitutos. “Fui ficando porque faltava quem assumisse o Farroupilha”, alega. Atualmente, Poeta acompanha à distância o trabalho no Nicolau Fico – até em função da idade avançada. Mais isso não diminui sua importância na história recente do clube. Ele representa o Tricolor, nas audiências freqüentes na Justiça do Trabalho – são muitas ações trabalhistas geradas nos últimos anos.
Razões para se fixar em Pelotas
Ewaldo Poeta assumiu pela primeira vez a presidência do Farroupilha em 1964. Sua relação mais próxima com o clube se deu a partir de 1973, quando resolveu se fixar em Pelotas (mesmo que tenha saído mais algumas vezes para atender chamado do Exército). “Fiz também uma carreira civil em Pelotas, com formação bacharel e, depois, licenciatura plena em História. Também cursei Direito. Fui professor da Católica (Universidade Católica de Pelotas) de todas as disciplinas de ordenamento da história da evolução humana”, acrescenta.
Na verdade a relação de Poeta com a cidade começou antes. Ele casou com a pelotense Marley Nogueira Poeta há 63 anos. Um amor, portanto, que antecede a paixão pelo Farroupilha. O casal tem duas filhas: as médicas Waléria e Wanessa. Possui dois netos (Priscila Poeta Darley, advogada e cursando atualmente Arqueologia na UFPel (Universidade Federal de Pelotas) e Pier Poeta Darley – bacharel em Direito).
Poeta já bisavô. Há dois anos é meio nasceu Marina – filha de Pier. São os descendentes do aspirante a oficial do Exército que chegou em Pelotas no começo de 1952 – meses depois de ter se formado na Academia de Agulhas Negras no Rio de Janeiro. Apesar de ter servido em muitas cidades do país, escolheu Pelotas como a terra para morar e dar sua contribuição para o desenvolvimento cultural e esportivo.
Dirigente relata as grandes vitórias dessas 5 décadas
Poeta é testemunha de todos os acontecimentos importantes da trajetória do Farroupilha neste meio século. Ele assistiu acessos e descensos do clube. Vitórias inesquecíveis e derrotas marcantes. Assistiu grandes jogadores com a camisa tricolor e se resigna atualmente com a equipe modesta do time fragatense – conseqüência de um momento de recursos escassos para investir no futebol.
Ele não estava na presidência do Farroupilha no final da década de 60, quando o Farroupilha tinha a Academia Tricolor. Em 1965, Poeta passou a presidência para o professor Rafael Alves Caldela. Nos três anos seguintes (período da Academia), o clube era dirigindo por Affonso Dêntice da Silva. “Naquele tempo, o Farroupilha possuía uma estrutura administrativa/financeira razoável”, destaca.
Como grandes vitórias, o presidente de honra cita triunfos contra o Grêmio, em 1980, no Nicolau Fico (1 a 0); e mais recentemente, em 2006, no Olímpico, a virada de 2 a 1, com gols de Rodrigo Gasolina e Luís André. Ao citar momentos importantes, Ewaldo Poeta se lembra da conquista do título comemorativo aos 60 anos da Federação Gaúcha de Futebol – torneio disputado entre equipes de Pelotas e Rio Grande. “Ganhamos o título com vitória de 3 a 1 no campo do Brasil, contra esse grande rival”, diz.
Mais recentemente, em 2004, houve o acesso do clube à primeira divisão, com vitória, de virada, por 2 a 1 diante do Brasil no Nicolau Fico. Um momento marcante em que as duas torcidas desfilaram juntas pela Avenida Duque de Caxias para comemorar o retorno à elite do futebol gaúcho. Poeta cita também a inauguração do Parque Aquático do Farroupilha na década de 80. Um salto na estrutura do clube.