Alfaiate com dedicação há 80 anos
Por Augusto Santos
A caminhada é longa, de vários anos. Melhor: décadas. É uma história bonita, registrada por “riscos, tesouras, agulhas, máquina de costura e outras ferramentas de trabalho”, embalados pelo talento e genialidade do cidadão Miltom Gonçalves da Silva, o alfaiate Silva.
A conta de quantas roupas confeccionou ou pessoas que foram vestidas por seus ternos ou peças avulsas, ele não lembra: foram muitas, incontáeis, afinal, são cerca de 80 anos numa charmosa e quase extinta profissão.
O alfaiate Silva começou na profissão ainda menino, inspirado num outro alfaiate de nome Otacílio Pereira, após uma visita na companhia do pai. Ele tinha dez anos. E nunca mais deixou de costurar, confeccionar a moda masculina: calças, casacos, coletes ou ternos completos. Hoje, aos 91, segura a profissão de tanto glamour na vida de muitas pessoas.
Em seu atelier-alfaiataria, Silva também vende tecidos, de vários padrões e para diversos fins, ao gosto de sua exigente clientela. Mas o forte mesmo é a confecção feita de acordo com a exigência de cada um. Ou seja, em pouco tempo, qualquer pessoa terá à disposição uma diferenciada roupa, sob medida ou a partir de um modelo confeccionado a partir de outra peça.
O tempo para a confecção de um terno completo é de no máximo 30 dias; um casaco cerca de 20 dias, e uma calça, uma semana.
Do casamento há cerca de 66 anos, com dona Edi Assis da Silva, atualmente com 86 anos, e do seu trabalho artesanal no ramo da confecção, Silva criou e educou quatro filhos, todos formados noutras áreas do conhecimento: um médico, que aos 61 anos mora e trabalha em Santa Catarina; um dentista, de 58 anos, que mora e trabalha em Alagoas, e dois engenheiros, de 60 e 50 anos, que residem e trabalham em Porto Alegre.
“A profissão parece que aos poucos vai saindo de cena, mas ainda há muitas pessoas que preferem mandar fazer uma roupa, ao seu estilo e no tamanho certo”, conta orgulhoso o artista da confecção sobre encomenda, lembrando que já teve uma alfaiataria na qual trabalhavam com ele dez alfaiates. Isso até cerca de há uns dez anos. Também orgulhoso, lembra-se de ter ensinado muita gente a trabalhar no segmento da costura. E não pensa em aposentar a máquina de costura, pendurar a fita métrica ou guardar as outras ferramentas de costura que compõem o seu atelier-alfaiataria.
“Enquanto a saúde permitir eu vou seguir o meu oficio e profissão, sempre agradecido por chegar até onde cheguei e chegarei”, garante o cidadão Milton Gonçalves da Silva, o alfaiate Silva, na sua educação e elegância impares.
Silva é natural de Pelotas e uma curiosidade na sua caminhada profissional é a ligação com a rua General Osório. Atualmente, há cerca de cinco anos, seu atelier-alfaiataria fica no número 954/A, mas já andou noutras quadras nas proximidades.
CONTATOS com Silva podem ser obtidos pelo telefone (53) 3222-4645.