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domingo, 24 de novembro de 2024

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Nova etapa da Epicovid19-RS trará pesquisa inédita no Brasil sobre imunidade celular contra coronavírus

Nova etapa da Epicovid19-RS trará pesquisa inédita no Brasil sobre imunidade celular contra coronavírus
08 julho
09:33 2021

O estudo de Evolução da Prevalência de Covid-19 no Rio Grande do Sul (Epicovid19-RS) vai conduzir a primeira pesquisa brasileira a avaliar imunidade celular e níveis de anticorpos neutralizantes contra o SARS-CoV-2 em amostra populacional. O levantamento faz parte da série de estudos que estimam a prevalência do coronavírus na população, liderados pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) em parceria com o Governo do Estado do Rio Grande do Sul.

A próxima etapa, que será realizada de 9 a 11 de julho, na cidade de Pelotas (RS), tem o diferencial de incluir a realização dos exames de resposta imune celular e de anticorpos neutralizantes, além das entrevistas e testes de anticorpos totais que já fazem parte da coleta de dados do estudo.

“Até agora, os estudos sorológicos detectavam a presença de anticorpos totais, que revelam indiretamente se a pessoa já teve contato com o vírus da Covid-19 ou se já foi vacinada. Desta vez, nosso estudo vai conduzir dois testes adicionais que avaliam braços diferentes do sistema imune. O novo teste de anticorpos neutralizantes permite medir, dentre aquele conjunto de anticorpos totais, qual a proporção dessas moléculas é capaz de neutralizar a ação do vírus. O teste de imunidade celular detecta a presença de células de defesa da classe dos linfócitos T específicas contra o SARS-CoV-2”, diz o chefe do Laboratório de Vacinologia do Centro de Biotecnologia da UFPel, Odir Dellagostin, que integra a equipe de cientistas da UFPel.

O pesquisador explica que, embora os testes de anticorpos totais sejam úteis para estimar a proporção de pessoas que já tiveram contato com o vírus, eles não informam se esses anticorpos são funcionais e têm capacidade de bloquear a entrada do patógeno na célula. A metodologia do teste de anticorpos neutralizantes, baseada em uma variação da técnica Elisa (sigla em inglês para ensaio de imunoabsorção enzimática), consegue dosar a proporção desses anticorpos que tem a capacidade de “neutralizar” a região específica da estrutura viral responsável pela entrada do SARS-CoV-2 nas células humanas.

“Em outras palavras, esse exame nos dá indícios da imunidade adquirida com base em anticorpos neutralizantes pelo contato com o vírus ou pela administração da vacina”, acrescenta Dellagostin.

A imunidade adquirida, desenvolvida pelo organismo via contato com o patógeno ou com a vacina, envolve duas classes principais de células: os linfócitos B – que produzem os anticorpos – e os linfócitos T – que, entre outras funções, produzem as linfocinas, moléculas que auxiliam no combate à infecção.

Para avaliar a imunidade celular mediada por linfócitos T, a pesquisa vai utilizar metodologia desenvolvida e padronizada pela equipe liderada pelo imunologista Edécio Cunha Neto, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). O método detecta a presença das linfocinas interferon-γ e interleucina-2 liberadas pelos linfócitos T no combate ao SARS-CoV-2.

“Estudos prévios já demonstraram que o nível de anticorpos totais tende a cair ao longo do tempo após a infecção. Ainda, sabe-se que uma parcela das pessoas infectadas não produz níveis de anticorpos detectáveis em amostras sanguíneas, mesmo que tenham desenvolvido imunidade celular. Entretanto, pouco ou quase nada se sabe sobre anticorpos neutralizantes e imunidade celular em nível populacional, especialmente em países de baixa ou média renda, como o Brasil. Nosso estudo vai dar um dos primeiros passos para preencher essa lacuna”, afirma a epidemiologista  e coordenadora do estudo, Mariângela Freitas da Silveira.

Como funciona o estudo

O funcionamento do estudo é semelhante ao das etapas anteriores. Profissionais voluntários da área da saúde, coordenados pelo Instituto de Pesquisa e Opinião (IPO), vão visitar as casas de quinhentas famílias na cidade de Pelotas (RS) e convidar os moradores a participar dos testes e entrevistas da pesquisa. A seleção das residências e dos moradores que irão fazer o teste para o coronavírus ocorre por meio de um sorteio aleatório, utilizando mapas censitários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) como base.

Para o teste de anticorpos totais, os profissionais de saúde coletam amostra de sangue (três gotas) da ponta do dedo do participante, colhida em uma tira de papel filtro. Já os novos exames requerem amostras de sangue venoso para as análises. No momento da visita domiciliar, os participantes sorteados recebem um vale (ou voucher) que concede a realização gratuita da coleta de sangue no Laboratório Antonello, em Pelotas, com orientações diretas dos entrevistadores e folheto explicativo sobre como agendar o exame. Todas as amostras serão posteriormente encaminhadas para análises pelo Laboratório de Vacinologia da UFPel. O laudo com os resultados do exame estará disponível aos participantes para retirada no laboratório ou acesso pela internet, após o prazo indicado pela equipe de atendimento no dia da coleta.

Além de estimar a proporção de pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2 e avaliar a imunidade celular na população de Pelotas, o Epicovid19-RS vai determinar o percentual de infecções assintomáticas ou subclínicas e permitir cálculos precisos da letalidade da doença, fornecendo subsídios para estratégias de prevenção baseadas em evidências.

Os financiadores do projeto são Programa Todos pela Saúde, Banrisul, Instituto Serrapilheira, Unimed Porto Alegre e Instituto Cultural Floresta.

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