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UFPEL : Os sistemas de crença na instalação “Agô”

UFPEL :  Os sistemas de crença  na instalação “Agô”
04 maio
09:10 2022

Quinta às 17h, abertura de “Agô” na galeria A Sala do Centro de Artes

Por Carlos Cogoy

Numa oscilação da economia, ouve-se com frequência acerca de possíveis ganhos e perdas nas aplicações financeiras. Essa movimentação decorre de indícios, nem sempre precisos. Para que essa relação se estabeleça com o público, está instaurado um sistema de crença. Na observação do professor Felipe Caldas (FURG), a Bolsa de Valores é um sistema de crença, que tem forte apelo simbólico, e também materialidade. Há alguns anos, conforme explica, os sistemas de crença, e não necessariamente a religiosidade, têm sido uma das suas áreas de pesquisa e criação artística. A instalação “Agô” – em iorubá significa uma reverência ou pedido de autorização -, cuja abertura na quinta-feira, acontece das 17h às 20h, é uma criação inédita sobre a temática. No espaço A Sala Galeria do Centro de Artes da UFPel, o porto-alegrense Felipe Caldas estará apresentando a nova instalação. A visitação de segunda a sexta, das 8h às 22h, pode ser feita até o dia 17 de junho. O acesso é pela rua Álvaro Chaves 65.

Artista visual Felipe Caldas

CARVÃO – Felipe Caldas, em duas ocasiões, foi professor substituto na UFPel. Ele menciona que a instalação estava prevista para 2020, mas foi adiada devido à pandemia. No espaço A Sala, informa o artista, estão depositados 680 quilos de carvão. Inicialmente, diz o autor, foi cogitada uma tonelada. Porém, como o custo é encargo do artista, tornou-se inviável. O montante, acrescenta, foi adquirido de fornecedor que abastece supermercados. A escolha pelo carvão, decorre de forte apelo simbólico. O professor salienta que o carvão é materialidade presente em diferentes manifestações místicas, sendo associado à limpeza energética, e também com conotação espiritual. Essa presença varia conforme as culturas. Assim, afirma Caldas, embora desde a infância tenha acompanhado a mãe em terreiros de umbanda, o que proporcionou uma gama de aromas, dança e música, “Agô” não é uma evocação religiosa. E na instalação, cuja interpretação é aberta, diz Caldas, o público pode interagir com a obra.

ARTISTA – Ao financiar a própria obra, observa o autor, está presente questionamento, que também já foi tema de pesquisa e do seu livro “Vende-se Artista”, publicado em 2021. Na instalação, Caldas conta com apoio de estudantes para a montagem, bem como alguns outros suportes. No entanto, como as universidades públicas estão apenas com recursos básicos, o material é investido pelo artista. Diante disso, ele questiona: “Quem se torna artista? Quem tem condições de expor?”.

TRAJETÓRIA – Na UFRGS, Caldas graduou-se na licenciatura em educação artística em 2009. Dois anos depois, bacharelado em artes visuais. Em 2013, mestrado em artes visuais. Em 2018, defendeu a tese de doutorado “Vende-se Artistas: A Dimensão Econômica da Crítica a partir da Arte Brasileira”. Na UFPel, professor substituto em 2014, e também no período 2018 e 19. Em 2014, publicou o livro “Galeria Arte&fato: 30 anos”. Entre 2019 e 2021 compôs o Comitê de Curadoria e Acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MAC/RS).

EXPOSIÇÃO na UFPel tem a coordenação da professora Dra. Laura Cattani, numa realização do projeto de extensão A Sala – Ações de Produção e Difusão Cultural, que reúne Barbara Calixto dos Santos, Eduardo Soares Devens, Fernanda Oberg de Miranda, Gabrielli Mourige Barbosa Nazario, Jesiel Rocha Lofhagen, Katiane Letícia Ferreira da Silva e Yuki Ynagaki Escate Zarate, com o apoio de André Gustavo de Campos e Pedro Augusto dos Santos Navarro.

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