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Morango Fora do Solo: Adaptação de técnica européia é alternativa aos produtores gaúchos

Morango Fora do Solo: Adaptação de técnica européia é alternativa aos produtores gaúchos
24 setembro
19:09 2013

Devido a sua rentabilidade econômica em comparação com outras culturas, o cultivo do morango é uma alternativa agrícola atraente entre os produtores gaúchos, principalmente os que tem a base familiar como característica principal da produção. Seu cultivo, entretanto, depende do uso de mudas vindas da Argentina e do Chile, o que retarda significativamente o plantio e priva o agricultor de ter frutos  em época de entressafra, quando o produto  alcança maior valor no mercado. Pensando nessas dificuldades, a Embrapa Clima Temperado, em Pelotas/RS,  busca desenvolver sistemas alternativos de produção. Uma das soluções indicadas é utilizar o método chamado de Sistema de Produção de Mudas de Morango  no  Sistema Fora do Solo.

A Produção de Mudas de Morango no Sistema Fora do Solo é uma técnica já utilizada por produtores italianos (cime radicate) e americanos (plug plant) e por viveirista de hortaliças em São Paulo – onde se colhe estolões produzidos a partir de plantas matrizes acondicionadas em sacolas plásticas ou em hidroponia, e se enraiza o estolão em substrato comercial.

A principal vantagem desse Sistema é a antecipação da produção de estolões, entre janeiro e março, o que consequentemente reduz o tempo de formação da muda, propiciando a antecipação do plantio, já que as mudas podem ser obtidas ainda no início do mês de março. Ao final de maio, elas estão prontas para o início da colheita, justamente no período, onde quase não há morangos gaúchos no mercado e quando o fruto alcança até o triplo do valor por quilo/safra. “Essa antecipação do plantio vai proporcionar o início de colheita mais cedo, período em que o morango tem maior valor”, explica o doutorando da UFPel, Michel Aldrighi Gonçalves, orientado pelo pesquisador Luís Eduardo Antunes.

As mudas são produzidas em bancadas dentro de estufas, utilizando variedades de dias curtos e neutros (que independem do tempo de exposição à luz solar para atingir níveis adequados de produção).

“A produção de mudas fora de solo permite o total controle sanitário e nutricional das mudas durante os estágios, proporcionando assim plantas com qualidade fisiológica e fitossanitária”, explica o pesquisador Luís Eduardo Antunes.

O novo Sistema não substituirá a muda importada, mas será uma alternativa para o produtor. A Produção de Mudas de Morango no Sistema Fora do Solo está em fase de validação, mas os pesquisadores acreditam que, em pouco tempo, já estará disponível aos produtores de morango gaúcho.

Outra tecnologia para produção

O Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor nacional de morangos, com uma média de produção de 26 mil toneladas. Com o uso intensivo da produção de morangos, e devido a necessidade de rotação de áreas dentro da propriedade, pequenos produtores se vêem obrigados a replantarem em áreas, onde houve histórico de produção recente. Esta repetição de áreas, juntamente com condições climáticas adversas, leva ao aumento de doenças, e por consequência, o aumento no uso de agrotóxicos.

Uma alternativa técnica, que também é utilizada, chama-se semelhante a outra tecnologia, mas é o Sistema de Produção de Morango Fora do Solo. Neste método os morangueiros são plantados em canteiros suspensos, dentro de túneis plásticos altos, sem o contato com o solo. As plantas são colocadas em sacolas plásticas tubulares (slabs), contendo substratos a base de casca de arroz carbonizada e composto orgânico. O fornecimento de água e nutrientes se dá através de soluções nutritivas aplicadas via irrigação com tubos gotejadores.

Como forma de aumentar a eficiência deste sistema, está em teste no Rio Grande do Sul, um sistema de produção fora do solo com Recirculação da Solução Nutritiva, ou Sistema Hidropônico Recirculante, onde a solução aplicada é reaproveitada após a drenagem. Este sistema evita a perda de água  e fertilizantes não utilizados pelas plantas, reduzindo a contaminação do ambiente e os custos de produção.  Este trabalho vem sendo conduzido pela equipe de fruticultura da Embrapa Clima Temperado, com dedicação especial dos pesquisadores Carlos Reisser Júnior e Luís Eduardo Antunes. Além destes, fazem parte do trabalho a professora Roberta Peil, da UFPel, Bruno Ludtke, da Emater-Ascar-RS e produtores da Associação dos Produtores de Morango do Município de Turuçú/RS.

Além da redução do uso de adubos químicos e agrotóxicos, o sistema permite melhores condições de trabalho para o produtor. “O trabalho pode ser realizado com qualquer condição de clima”, comenta Carlos Reisser. “Esse é o diferencial deste Sistema, ao ser favorável ao uso de cultivares de dias neutros, possibilita que se colham morangos durante a entressafra regional, levando maior rentabilidade econômica ao produtor”, ressaltou Luis Antunes.

A Serra Gaúcha, próximo aos municípios de Caxias do Sul e Vacaria/RS, por possuir amplitudes térmicas diárias adequadas à esta produção, com dias quentes e ensolarados e noites fritas, se tornou a maior região produtora de morangos do Brasil durante o período de verão. Nesta região vem crescendo o número e a área cultivada fora do solo, mostrando a importância de se evoluir em sistemas modernos que protejam o consumidor e viabilizem técnica e economicamente o produtor.

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Rafael Freitag

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