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sábado, 16 de novembro de 2024

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Nova esperança para jovens e adultos com deficiência na cidade

Nova esperança para jovens e adultos com deficiência na cidade
07 abril
09:42 2014

O número exato é difícil calcular. Mas o secretário municipal de Educação, que também é médico geneticista, acredita que existam mais de 600 pessoas com deficiência, acima dos 18 anos, em Pelotas.

Onde eles estão? A maioria, em casa. Passada a idade em que poderiam estar matriculados na rede escolar, sem a chance de ingressar no mercado de trabalho e sem outras atividades, o que resta às famílias? Não existem alternativas públicas de esporte, lazer ou cultura para eles. Nem mesmo a acessibilidade a prédios públicos e privados é facilitada…

No meio desse universo, um grupo de familiares se reúne há cerca de dois anos e, por conta própria, organiza atividades para seus filhos, cujas idades variam dos 23 aos 50 anos. Alguns frequentaram escolas regulares, outros escolas especiais, mas todos, na fase adulta, têm em comum a inquietação e a necessidade de manter o convívio social, o aprendizado e, além de tudo, a alegria de viver que só se consegue junto aos verdadeiros amigos.

CÂMARA e Prefeitura se unem para uma nova inclusão

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Há um ano, Maria de Fátima Cunha, mãe de Lorena, 27 anos, conseguiu que a Biblioteca Pública disponibilizasse uma sala, às segundas-feiras, para que o grupo realizasse um projeto de arte-terapia. Fátima convidou as mães de amigos da filha e logo um grupo de dez jovens iniciava o projeto que hoje se intitula “O conhecimento pelos caminhos das artes”.  A estudante Michele Moraes é a responsável pelas aulas, e a voluntária Iracema Garcia sua auxiliar.

“Nossos filhos têm diferentes patologias, mas quando se reúnem às segundas-feiras o entusiasmo é igual”, afirma Maria de Fátima. Das 14h às 17h, eles pintam, desenham, lancham, cantam.

O projeto é tão bom, que já existe uma fila de espera para mais 15 jovens. Mas, a sala é pequena e a estagiária não tem condições de aumentar o número de alunos. Além disso, como não existe apoio público, são as famílias que arcam com todas as despesas, do pagamento da estagiária até o lanche e o material utilizado nas aulas.

UMA LUZ – Com a inauguração do Centro Municipal de Atendimento ao Autista, o grupo de mães dos jovens com deficiência se encorajou e resolveu pedir ajuda. “Nesses dois anos passamos por algumas experiências dolorosas, mudamos várias vezes de local, e sabemos que na Biblioteca também é transitório, apesar de todo o carinho com que fomos recebidos”, afirma Marli Rezende dos Santos, mãe de Edinho, de 36 anos.

Reunidos com o presidente da Câmara Municipal, Ademar Ornel (DEM), e os vereadores Ricardo Santos (PDT) e Ivan Duarte (PT) surgiu a ideia de pedir o apoio do Poder Público para “reconhecer que nossos filhos existem e encontrar espaço para eles na sociedade”, afirma Marli.

Na última sexta-feira, 04/04, em encontro na sala do presidente do Legislativo, começou a ser delineada uma proposta – na verdade uma esperança que torna real o sonho de mães e jovens – para viabilizar a inserção social das pessoas com deficiência no município de Pelotas, com idade acima de 18 anos.

Convidados a participar, o secretário municipal de Educação, Gilberto Garcias, e a assessora especial da Secretaria Municipal de Cultura, Clotilde Vitória, aceitaram o desafio de reunir as demais secretarias ligadas à área social para viabilizar um projeto voltado a esta comunidade.

Diversas propostas começaram a ser delineadas: um espaço fixo para a criação de um centro municipal de atenção à pessoa com deficiência, com profissionais cedidos pelo município para atendê-los nas diversas áreas – educação, artes, cultura, lazer.

A formulação, via SMED, de uma turma de EJA, Educação de Jovens e Adultos, diurna, para receber também alunos com deficiência. A assessora de Cultura Clotilde Vitória propôs incluir o projeto, que hoje funciona na Biblioteca Pública, nas propostas da SEC. “Não podemos ficar de fora e me proponho a buscar também as demais secretarias para trabalharmos juntos”, afirmou a assessora.

Até o dia 25 de abril, quando todos se reunirão novamente, os pais acreditam que a esperança que depositaram no primeiro encontro ganhe um novo nome: realidade.

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