ESCOLA CÍRCULO OPERÁRIO : Pais revoltados com fechamento de turmas
Atitude da Prefeitura revolta pais
Com um discurso sobre os baixos índices da educação em Pelotas, a prefeita em exercício, Paula Mascarenhas, justificou a necessidade de “reorganização interna” de vinte escolas municipais, com o fechamento de turmas e o remanejamento de alunos para outros colégios neste início de segundo semestre letivo.
A mobilização dos pais da Escola Municipal Círculo Operário Pelotense, que pediram apoio à Câmara de Vereadores, foi vista pela prefeita como “tentativa de politização.”
“Nunca vi pai reclamar da qualidade do ensino, do índice do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, criado em 2007 para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas para a melhoria do ensino). O pai só reclama da falta da merenda e da falta do professor”, disse Paula Mascarenhas, ao explicar que o Ideb das escolas de Pelotas encontra-se abaixo dos índices de Morro Redondo e Canguçu.
Por este motivo, haveria necessidade do remanejamento de alunos e de professores, hoje em falta na rede escolar. O caso da Escola do COP, segundo o governo é o mais grave. São poucos alunos e muitos professores. Embora não oficialmente, a vice-prefeita afirmou que “precisa uma justificativa plausível para manter a escola”.
Para o presidente do Legislativo, Ademar Ornel (DEM), a atitude do governo de trocar os alunos de escola, exatamente quando inicia o último semestre letivo “não é pedagógica. As famílias estão com suas vidas organizadas. A escola é feita para os alunos e suas famílias. O governo tem que ouvir a comunidade escolar”. O possível fechamento da escola também foi criticado pelo presidente do Legislativo: “Isto soa muito mal. Quando se fecha uma escola se abre vagas nos presídios”, rebateu.
Ornel também não aceitou a fala da prefeita sobre a “politização” do assunto. “Os pais foram buscar a ajuda da Câmara, porque a Câmara é, sim, o local onde se discutem os temas de interesse da população”.
ANGÚSTIA – Na sexta-feira passada, a direção da Escola do COP foi chamada à SMED, e avisada de que deveriam ser extintas duas das quatro turmas do pré, do turno da manhã, a turma única do 5º ano, a turma única do 6º ano e a turma única da 8ª série. Os alunos seriam distribuídos para escolas próximas, no Areal.
Avisados, no sábado, pela Escola, os pais, revoltados, pediram ajuda aos professores, e um grupo reuniu-se, na manhã desta segunda-feira, 04/08, com vereadores na Câmara. Eles foram recebidos pelo presidente, Ademar Ornel (DEM), Ricardo Santos (PDT), Anderson Garcia (PTB), Marcos Ferreira (PT), Beto Z3 (PT), José Sizenando (PPS), Tenente Bruno (PT), Ivan Duarte (PT) e Edmar Campos (DEM).
Logo no início da reunião, o vereador Anderson Garcia entrou em contato com a Prefeitura, solicitando que a secretária substituta da Educação, Alice Maria Szezepanski, comparecesse à Câmara para conversar. Não houve resposta. Em vez disso, Paula Mascarenhas avisou que receberia o grupo, na Prefeitura, às 11h.
Segundo os pais, as crianças, principalmente do Pré, terão muita dificuldade em se adaptar em escolas novas a esta altura do ano. Os maiores poderão até mesmo perder o ano escolar com as dificuldades de adaptação.
Presente à reunião, a diretora da Câmara, Mariluce Kurz Vieira, que já foi secretária municipal de Educação, afirmou aos pais que eles têm a garantia da matrícula dos filhos na escola. “Seus filhos têm o direito de permanecer na escola, vocês não podem abrir mão disso”.
Na segunda reunião, na Prefeitura, com a presença da prefeita em exercício, da secretária em exercício da Educação, da equipe técnica da Smed, do grupo de vereadores e de representantes da comunidade escolar, nada ficou definido.
COP: Executivo vai reorganizar vagas de alunos e professores
A vice-prefeita Paula Mascarenhas participou, ontem, de reunião com a comunidade da Escola Círculo Operário Pelotense (COP). O encontro foi solicitado pelos pais e professores da escola, que mudou de endereço recentemente e está com baixo número de alunos. Ficou esclarecido na ocasião que a Secretaria Municipal de Educação (Smed) está fazendo uma reorganização de turmas para otimizar os recursos da rede de ensino.
Um mal entendido levou algumas pessoas a acreditar que a escola poderia ser fechada, devido à redução de alunos matriculados. A vice-prefeita e a secretária interina da Educação, Alice Maria Szezepanski, explicaram que cerca de 20 escolas estão participando de um processo de reorganização por possuírem turmas com um pequeno número de alunos. A proposta é estudar cada caso para agrupar turmas ou transferir alunos para escolas próximas que tenham capacidade de absorver a demanda.
Entre os casos mais extremos está o de uma turma de oitava série com três alunos atendidos por nove professores. A proposta para este caso é a transferência para as escolas Bibiano de Almeida, Afonso Vizeu ou Cecilia Meirelles, que ficam próximas ao COP..
Na mesma escola há duas turmas de pré-escola, uma com sete e outra com quatro alunos, que poderiam se transformar em uma única turma, com um número aceitável de crianças. E turmas de quinto a sétimo ano com seis e sete alunos.
Paula explicou que, a partir dos números fornecidos pelas escolas à Smed, foi recomendado o rearranjo interno ou a justificativa para a manutenção de cada caso. “Nós lidamos com dinheiro público, e isso exige responsabilidade. Não há justificativa para manter nove professores para três alunos”, disse a vice-prefeita, afirmando que esses números prejudicam o sistema. Atualmente a média no município é de um professor para nove alunos.
O levantamento das necessidades é feito de forma permanente. De acordo com a demanda das escolas, neste momento, seria necessária a nomeação de 75 professores concursados. Com a redistribuição, esse número cairia para 53. Os 22 restantes seriam deslocados de uma escola para outra.
Paula citou como exemplo a zona norte da cidade, que com o grande número de empreendimentos imobiliários, não se consegue atender a toda a demanda, obrigando pais a levarem os filhos para escolas mais distantes. “Se eu estivesse propondo colocar 80, 90 alunos em uma sala, eu aceitaria a crítica, mas ainda serão salas com 20, 22 alunos”, disse, já que o limite legal é de 35 alunos por turma. Para ela, seria mais fácil e aceito pela comunidade simplesmente nomear os professores que faltam, mas isso incharia a folha e poderia estourar em alguns anos, com o contínuo achatamento dos salários.
Casos como de turmas de alfabetização e com crianças com deficiência serão considerados para a definição. Paula se comprometeu a voltar a conversar com os pais após as definições, caso seja necessário. Os vereadores tenente Bruno, Marcos Ferreira, Carlos Alberto dos Santos Passos, Edmar Campos, e Ademar Ornel acompanharam a reunião.