BRASIL : Chegou a hora decisiva
Xavante trabalhou por cinco meses para alcançar momento de decidir acesso.
Desde o dia 5 de maio, o Brasil trabalhou para chegar a este momento: o de decidir acesso para a Série C do Campeonato Brasileiro. Cinco meses se passaram e foram disputados 10 jogos, mas a meta foi sempre a de alcançar as quartas de final da competição – fase que define as quatro equipes que sobem de divisão. E agora todo esse planejamento se resume em 180 minutos de futebol com Brasiliense.
O planejamento rubro-negro incluiu um longo período de preparação para o campeonato – inclusive, com uma pré-temporada de duas semanas em Salvador do Sul, na serra gaúcha. A estreia na Série D ocorreu no dia 19 de julho, com a vitória de 1 a 0 diante do Ituano, em Itu. O Xavante esteve sempre entre os dois primeiros times colocados em sua chave na primeira fase do campeonato. Depois, nas oitavas de final, confirmou sua força com goleada de 4 a 0 diante do Operário, após empate em Cuiabá.
A diretoria do clube está tomando todas as medidas para que o Bento Freitas esteja lotado neste domingo. O jogo – inicialmente marcado para as 16h – foi atrasado para às 20h. “Este é um domingo especial, o Dia das Crianças. Passamos o jogo para a noite para permitir que o pai possa passar o dia com seus filhos e depois ir para o Bento Freitas. Além disso, se tiver calor, não haverá desculpa para não ir ao jogo”, explica o presidente Ricardo Fonseca.
“O Bento Freitas ainda não lotou neste Brasileiro. Se não lotar domingo, não lota mais”, completa o dirigente. Os preços dos ingressos serão anunciados nesta terça-feira.
Disputa aberta
Com o retorno de Felipe Garcia, que cumpriu suspensão na partida de sábado, abre-se uma disputa interessante pela titularidade no meio-campo do Brasil. Zotti aproveitou bem as duas últimas oportunidades de substituir Garcia e demonstrou que merece continuar vestindo a camisa 10 do time xavante. Ele marcou sábado seu primeiro gol desde que chegou ao Bento Freitas, coroando mais uma boa atuação.
Quem também deve voltar ao time é o lateral esquerdo Rafael Forster, que foi substituído por Brock no jogo passado. Ricardo Schneider fica também à disposição do técnico Rogério Zimmermann. O desfalque é Leandro Leite, que está com três cartões amarelos. Nunes é o candidato principal a essa vaga. Léo Dias e Márcio Jonathan – recuperados de lesão – ficaram no banco de reservas diante do Operário.
ADVERSÁRIO: Time caro e experiente
Brasiliense tem renomados na equipe titular e “medalhões” na reserva
Há duas conclusões que se pode chegar inicialmente sobre o Brasiliense – adversário do Brasil nas quartas de final do Campeonato Brasileiro da Série D. Que é um grupo caro e experiente. No time candango estão jogadores renomados no futebol brasileiro, como Baiano, ex-Santos, Vitória e Boca Juniors; Fábio Braz, ex-Vasco e Corinthians; e Zé Roberto, ex-Botafogo, Flamengo Internacional e Bahia. Os veteranos André Luis – zagueiro que jogou no Santos e no Fluminense – e Luiz Carlos, o Imperador – atacante que passou pelo Brasil em 2011 – estão na reserva.
O Brasiliense conta ainda com os meias Rodrigo, ex-Botafogo e Portuguesa; e Gilmar Baiano, que jogou no Brasil em 2010. Tem também o zagueiro Neto e o goleiro Guto – os dois jogaram no Caxias. Outra atração é Romarinho, filho do agora senador eleito Romário.
Invicto na Série D, com cinco vitórias e cinco empates, o Brasiliense eliminou o Remo na fase anterior. No primeiro jogo do confronto pelas oitavas de final, a vitória por 1 a 0 em Belém do Pará; e na partida de volta, o empate por 1 a 1 no Estádio Boca do Jacaré, em Taguatinga.
O time titular (deve ser repetido contra o Brasil) é Edson; Ângelo, Fábio Braz, Felipe e Kaká; Douglas e Baiano; Luquinhas, Rodrigo e Zé Roberto; Claudecir.
Lilles – O Brasiliense tem um pelotense na comissão técnica. É o preparador físico Manoel Lilles, o Canela (foto) que, depois de trabalhar no Pelotas no Campeonato Gaúcho, retornou para o futebol do Distrito Federal. A experiência de Lilles contrabalança com a juventude do treinador Marcos Soares, 39 anos, que fez carreira dirigindo equipes de Brasília. Seu aproveitamento no comando do Brasiliense é de 60% e está há 10 jogos sem perder na competição nacional.
Bate Pronto por Caldenei Gomes
Aproveitando o vento
Brasil e Operário possuíam campanha idêntica na Série D: cinco vitorias, dois empates e duas derrotas. No primeiro jogo do confronto pelas oitavas de final, a igualdade se manteve com o empate por zero a zero em Cuiabá. Mas essa paridade inexistiu na partida de sábado no Bento Freitas. A superioridade do time xavante foi gigantesca. Um massacre no primeiro tempo. A pressão não deixou o adversário respirar.
É verdade que o Brasil teve o vento forte soprando a seu favor. Mas é preciso ter competência e estratégia para tirar proveito de eventos climáticos. A marcação adiantada na saída de bola do Operário forçava o time mato-grossense a usar o chutão e, com o vento contra, a bola não ganhava distância. E lá estava de novo o Xavante pressionando a defesa adversária. Os 4 a 0 não foram exagerados, mas realistas.
No segundo tempo, com a ajuda do vento, o Operário deu trabalho para Eduardo Martini e colocou a bola por duas vezes na trave. O jogo já tinha, porém, se definido nos primeiros 45 minutos.
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Maduro
O Brasiliense está invicto no Brasileiro da Série C. Privilégio só repetido pelo Londrina. Isso é um sinal de potencial do adversário do Brasil na decisão da vaga na Série C. Não se tem ideia, porém, sobre a qualidade dos concorrentes enfrentados até aqui pelo time de Brasília. Mas os números são ilustrativos: cinco vitórias e cinco empates.
Agora é assim: quem chegou à fase de quartas de final é porque apresentou virtudes. E para subir é necessário ser mais competente entre os competentes. O Brasil é uma equipe madura para o desafio. Mas tudo se decide em 180 minutos. Se o acesso escapar desta vez é provável que tão cedo não haja outra chance como esta.
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Escolha
Foi difícil escolher o melhor em campo no sábado. Dessa vez pelo excesso de opções. Washington coroou sua 100ª partida com a camisa do Brasil, fazendo gol. Mas fez muito mais do que isso: incansável. Vem sempre evoluindo tecnicamente. Márcio Hahn, aos 37 anos, corre como um guri e marcou ainda um golaço. Nas duas últimas partidas, Zotti acabou de vez com a impaciência da torcida. Produziu o suficiente para se manter na equipe. Alex Amado deu duas assistências primorosas para os gols de Hahn e Zotti.
Esses foram os destaques num coletivo muito forte. Para a partida de domingo, Felipe Garcia, Ricardo Schneider e Rafael Forster voltam a ficar à disposição de Zimmermann. Só Forster tem retorno garantido.
– Eduardo Martini não tocou na bola no primeiro tempo do jogo de sábado. Só lembro-me de uma situação semelhante: Brasil e Internacional, em 2009, no Bento Freitas. O goleiro colorado Lauro sequer cobrou tiro de meta no primeiro tempo daquela partida.
– Cláudio Montanelli fica na vice-presidência do Brasil até o final do ano. Ele deixa o cargo independente do resultado nesta reta final de Brasileiro da Série D.