PACIENTES COM CÂNCER : ONG não tem apoio da Prefeitura
A Câmara Municipal realizou, na semana passada, audiência pública na sede da Associação de Apoio a Pessoas com Câncer, AAPeCan, para marcar o Outubro Rosa, mês em que se fazem mais ações para enfatizar a necessidade de prevenção à doença.
Proposta pelo vereador Rafael Amaral (PP), a audiência lotou a sala do prédio localizado à rua Barão de Santa Tecla, 821, em frente ao Pronto Socorro. Além das autoridades, pacientes e familiares estavam presentes e muitos deram depoimentos a respeito do câncer e da importância da ONG que os acolheu no período de tratamento.
“Desde o ano passado vimos trabalhando pelo combate ao câncer de mama”, disse Rafael Amaral, “mas tratar a doença é pouco. Precisamos ampliar o debate, trazer o Executivo para a discussão. A Prefeitura não tem convênio com a AAPeCan. Queremos levar uma proposta ao prefeito e à secretária de Saúde para firmar um convênio”. Amaral também vai ampliar o diálogo com as prefeituras da Zona Sul, uma vez que a entidade recebe pacientes dos municípios vizinhos. “Vou procurar a Associação dos Municípios da Zona Sul e marcar uma reunião com os prefeitos e buscar um entendimento a respeito”, salientou o vereador.
A confirmação de que não existe contrapartida financeira do Executivo pelotense para a associação, veio na fala da enfermeira Lilian Rubira Teles, do Núcleo de Atenção à Saúde da Mulher, da Secretaria Municipal da Saúde. Ela explicou que a parceria com a entidade existe por meio do programa Mãe Pelotense e na divulgação do trabalho nas unidades básicas de saúde e nas cidades da Zona Sul. E também na oferta de 800 mamografias por meio do SUS, para as quais a fila de espera, atualmente pode ser de até três meses. Mas a enfermeira não falou em recursos.
Ela pediu que a população procure “o Conselho Municipal de Saúde e a Câmara de vereadores que são atuantes quando detectam problemas, e também a Ouvidoria da Prefeitura, quando houver demora em qualquer exame, para que a Secretaria possa resolver”.
PROPOSTA – Depois de ouvir atentamente a enfermeira, o presidente da Câmara, Ademar Ornel (DEM), apresentou o que poderá representar uma contribuição ao final do ano para a AAPeCan. Assim como no início de 2014, a Câmara repassou R$ 400 mil dos recursos que foram economizados em 2013 e seriam devolvidos ao Executivo, este ano,segundo Ornel, o Legsilativo poderá fazer o mesmo em relação à Associação.
“Este é um momento de reflexão complicada de se fazer. Toda doença é tratada pelo governo por uma estatística. Mas pela ótica da família ela é muito dolorida. Aqui na AAPeCan a gente vê pelo lado do usuário, que tem que esperar a fila de exames para resolver sua situação. Então precisamos de uma proposta mais radical, mais efetiva, um mutirão para acelerar esse processo”, disse o presidente.
Ademar Ornel lembrou que, muitas vezes, “gastamos em coisas que não têm tanta prioridade, e esquecemos, por exemplo, das mulheres quilombolas que não têm acesso a exame de mamografia, ou as mulheres do campo, ou da periferia. Por isso, quero colocar a Câmara à disposição para ver o quanto vai nos sobrar no final do ano para investir nesse mutirão”.
RESPEITO – O vereador Marcos Ferreira (PT) lembrou o respeito que a AAPeCan merece, por ser uma das poucas instituições que acolhem pacientes com câncer. Ele se colocou à disposição para buscar a parceria junto ao Executivo.
Para o vereador Beto Z3, um dos grandes entraves ao tratamento dos pacientes é a burocracia. Ele relatou o caso de um familiar, que ficou hospedado sete meses em sua casa, na Colônia de Pescadores Z3, para tratar um câncer, e para o qual a Prefeitura não disponibilizou veículo para vir à cidade fazer quimioterapia.
Em nome da Associação, o coordenador, Fabiano Oliveira Gerbaudo, agradeceu o apoio e disse que a Casa não trabalha somente com doação de medicamentos, cesta básica, apoio psicológico e jurídico. “Quando o paciente chega para nós, ele está no fundo do poço. O cuidado é com ele e seus familiares”, contou.
Segundo Fabiano, a dificuldade para conseguir um exame é muito grande. “Três meses é muito tempo, pode custar uma vida, quanto antes o paciente consegue fazer, maior a chance de cura”. Ele lembrou que a ONG trabalha com todo tipo de câncer e pacientes de baixa renda.
“Apelo à comunidade e aos órgãos públicos para que nos ajudem com a mamografia e os demais exames para salvar mais vidas”, pediu.
Também se manifestaram a delega da Mulher, Liziane Matarredona, a psicóloga Vanessa Alam, da Casa Vida e pacientes.