Trigo começa a ser colhido e safra de verão avança sobre o Estado
Enquanto as culturas de inverno, como trigo, canola e cevada estão em fase final de enchimento de grãos e o trigo já inicia a colheita das primeiras lavouras, os grãos de verão, como arroz, milho e feijão 1ª safra apresentam avanços na semeadura, favorecida pelo clima característico de início de primavera, com temperaturas baixas durante as noites, manhãs frias e elevação das temperaturas ao longo do dia. De acordo com o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, essas condições, aliadas ao predomínio de tempo seco com alta insolação, favorecem também as culturas de inverno, que atravessam o período crítico de reprodução e formação de grãos.
No trigo, as consequências das geadas ocorridas em fins de setembro já são observadas em algumas espigas de lavouras atingidas, onde alguns grãos não se desenvolveram a contento. Como foram poucas as lavouras atingidas de forma severa pelo fenômeno, não é possível quantificar de forma precisa os prejuízos e a redução na produtividade geral. De maneira geral, a cultura encontra-se em fase final de enchimento de grãos, passando para maturação. As primeiras lavouras colhidas, situadas mais ao Norte do Estado, próximas ao Rio Uruguai, apresentaram bom rendimento e boa qualidade do grão, mantendo a perspectiva de uma produção acima das expectativas iniciais. A grande preocupação dos triticultores é com o clima, pois a alta umidade do solo e do ar, acompanhada de dias nublados, favorece a instalação de doenças fúngicas, principalmente Giberella e Septória, fazendo com que os agricultores continuem atentos e realizando tratamentos para essas moléstias de final de ciclo.
No arroz, a área semeada avançou sete pontos em relação à semana passada, recuperando o atraso inicial e ficando na média dos últimos anos. Sem enfrentar problemas de falta de umidade no solo, as sementes têm germinado sem dificuldades. As regiões mais adiantadas são Fronteira Oeste e planície costeira interna (entorno da Lagoa dos Patos).
A implantação da cultura do milho também avançou na semana que passou e hoje se desenvolve rapidamente, apresentando coloração mais intensa. Pequenas áreas atingidas pelas geadas de final de setembro precisam ser replantadas. Já nas lavouras implantadas em áreas de baixadas, propensas ao acúmulo de umidade, as sementes encontram certa dificuldade para germinar, e nas que já germinaram, as plantas estão com crescimento abaixo do esperado. Nesse cenário, a área plantada avançou para 52% do total previsto, com 48% germinado.
A fase é de estabelecimento das lavouras de feijão 1ª safra, apresentando pequeno atraso na semeadura, em decorrência do excesso de umidade. Com a melhora das condições meteorológicas, a evolução do plantio deverá ser intensificada. Em algumas áreas, a germinação e o desenvolvimento vegetativo também são lentos.
FRUTAS E HORTALIÇAS
O clima mais ameno e ensolarado tem beneficiado a produção de frutas no Estado, que se desenvolvem normalmente em todas as regiões. No Litoral Norte, no município de Terra de Areia, onde atualmente 610 hectares são cultivados com abacaxi, os agricultores preparam novas áreas para o plantio, que deve iniciar no final deste mês, quando a produção está pronta para ser comercializada nas chamadas lavouras velhas de abacaxi. A produtividade média hoje é de 25 t/há.
Avança a discussão sobre a normatização do peso e a classificação da banana produzida no Rio Grande do Sul. No início deste mês, o Grupo da Banana se reuniu com deputados estaduais da Comissão de Agricultura, para analisar alternativas para os produtores, já que, de cada três quilos de banana consumidos no Estado, um quilo é produzido aqui; os outros dois vêm de outros estados do país.
Na região do Vale do Caí, as últimas frutas cítricas estão sendo colhidas, nesta que é considerada a melhor safra dos últimos anos. Entre o final do mês de setembro e o início de outubro terminou a colheita da laranja Céu Tardia e de Umbigo Monte Parnaso. Agora, as únicas frutas cítricas que ainda estão em colheita são a bergamota Montenegrina, da qual faltam apenas 2% das frutas para serem colhidas, o tangor Murcott (cruzamento natural entre laranja e bergamota), a laranja Valência e a lima ácida Tahiti (veja percentuais no quadro abaixo). As frutas que entrarão no mercado a partir de agora são as que estão armazenadas em câmaras frias. Enquanto a colheita da atual safra de citros finaliza, as plantas estão em plena floração nas variedades tardias. Além da colheita, os citricultores realizam tratamentos fitossanitários para prevenir doenças e poda nas plantas onde a colheita já foi encerrada.
Na região da Campanha, a cultura de pêssego exige cuidados dos produtores para o controle da Grafolita ou Mariposa Oriental e da Mosca das Frutas, com uso de armadilhas com suco ou feromônio, e controle com pulverizações de inseticidas específicos. Na Serra, inicia a colheita das variedades superprecoces cultivadas em regiões mais quentes, tais como vales de rios. Os frutos estão bastante sadios, com coloração aceitável e sabor razoável, com acidez baixa, impingindo-lhe a tipicidade de “água açucarada”, um tanto característico das variedades mais precoces. Já na região do Alto Uruguai, os pomares estão em fase de frutificação, com os produtores monitorando a ocorrência de pragas através do uso de armadilhas. Em alguns pomares os frutos não desenvolveram devido ao excesso de chuvas.
O cultivo de hortaliças na região Noroeste Colonial (Ijuí), a semana foi favorável, com os produtores intensificando os tratos culturais nas áreas já implantadas e ampliando a implantação das espécies de verão. A oferta de folhosas ainda não atingiu os patamares anteriores ao advento da geada, mas dá sinais de recuperação. Nas áreas com cultivo protegido, o desenvolvimento das culturas foi considerado excelente, contribuindo para a regularização do mercado. As culturas de verão, como pepino, tomate e vagem, estão com desenvolvimento inicial lento.
Na Região Metropolitana de Porto Alegre houve um aumento significativo no preço de alguns produtos comercializados, principalmente brócolis e as folhosas (alface, radite, rúcula). Isso se deve à redução da oferta destes produtos e das condições climáticas das semanas anteriores, que prejudicaram o desenvolvimento principalmente das folhosas. Alguns produtores estão participando das chamadas públicas das escolas municipais e estaduais, e estão programando a produção de olerícolas para atender o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).